Situação dos ribeirinhos do Xingu vai ser discutida em São Paulo


Rio Xingu - Foto MPF/PA


O Ministério Público Federal (MPF) emitiu um comunicado dirigido à comunidade acadêmica brasileira, convidando para uma reunião ampliada nesta quinta-feira, em São Paulo, para discutir o drama das famílias de ribeirinhos do rio Xingu afetados pela usina hidrelétrica de Belo Monte. O MPF investiga e acompanha a situação de dezenas de famílias que perderam tudo e, obrigadas a morar na cidade. Sem acesso ao rio e ao modo de vida tradicional, não conseguem mais se sustentar, assim como daquelas que, mesmo continuando no rio, viram o peixe desaparecer e as condições de vida deteriorarem.

Para o MPF, se não houver interferência imediata e qualificada no processo, o país vai assistir “uma diáspora irreversível dos ribeirinhos do Xingu” e “Belo Monte ficará marcada pela eliminação definitiva de um modo de vida tradicional”. “Estamos diante de uma situação de sofrimento humano extremo, em que os próprios ribeirinhos se definiram como vítimas de guerra”, diz a procuradora da República Thais Santi no convite do MPF, que lembra que o caso é de difícil solução, porque não foram construídos parâmetros com a participação dos atingidos e que levassem em conta as peculiaridades da região e as transformações ambientais do rio Xingu.

“Nenhuma intervenção na Amazônia pode ser aceitável sem que se reconheça que essa floresta se faz e se preserva com a presença humana. Modos de vida tradicionais sustentáveis, que guardam e transmitem conhecimento de um universo que a ciência oficial ainda não acessou e que ora assistimos se perder”, afirma o MPF, que acredita que ainda é possível encontrar, no caso de Belo Monte, caminhos para a preservação desses modos de vida.