Segundo a Organização Mundial de
Saúde (OMS), 40 milhões de pessoas no mundo necessitam de cuidados paliativos,
nem todos necessariamente em fase final de vida, mas já com doenças
consideradas incuráveis. E apenas uma em cada 10 pessoas recebe este tipo de
cuidado. Referência na assistência de média e alta complexidade em Geriatria, o
Centro Hospitalar Jean Bitar (CHJB) elaborou programação alusiva ao Dia Mundial
de Cuidados Paliativos, nesta sexta-feira, 7, antecedendo a data comemorativa,
no dia 8.
De acordo com a geriatra do CHJB,
Laiane Dias, com atuação em Medicina Paliativa e membro da Comissão Permanente
de Cuidados Paliativos da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia/Pará
(SBGG/Pa), hoje, aproximadamente 80% dos idosos apresenta pelo menos uma dessas
doenças crônicas, para as quais não existe tratamento curativo, e muitas vezes
de evolução longa, associadas a incapacidades e perda da qualidade de vida.
A professora Rosirene de Souza
Espíndola, 36, vivencia essa situação há um ano, com sua mãe Maria Célia, 66,
que foi referenciada para atendimento especializado no Jean Bitar, apresentando
sérias complicações decorrentes de Acidente Vascular Cerebral (AVC), mais
conhecido como derrame. Com suas funções totalmente paralisadas, a paciente
completará um ano de atendimento dia 13. ela recebe assistência
multidisciplinar, visando controle de sintomas e conforto.
Bem esclarecidos sobre o estado
de saúde da paciente idosa, seus familiares encontram apoio na equipe médica.
“Ela é muito bem cuidada aqui. Temos muita confiança em todos eles. Não
perdemos a fé em Deus e nos médicos”, disse a filha resignada.
Do atendimento oferecido pelo
CHJB às pessoas com mais de 60 anos, de maio a agosto deste ano, foram
efetivadas um total de 205 consultas ambulatoriais em geriatria, dentro de um
total de 5.156 consultas gerais; 507 internações, 427 altas médicas.
Segundo a especialista em
cuidados paliativos, com o envelhecimento populacional, e o consequente aumento
da prevalência de doenças crônico degenerativas, que muitas vezes ameaçam a continuidade
da vida e trazem longos períodos de sofrimento ao paciente, surge a necessidade
cada vez maior de um cuidado complexo que vai além do tratamento específico para a doença.
“Quando não há possibilidade de
cura, se estabelece a necessidade dos cuidados paliativos, com abordagem
multiprofissional que vai aliviar o sofrimento e agregar qualidade à vida e ao
processo de morrer, independente do tempo de vida que ainda tenha”, explicou.
A obtenção de resultados
positivos no tratamento de cuidados paliativos revelam-se no alivio dos
problemas existentes, previne ocorrência de novos sintomas e incapacidades. O
atendimento envolve também familiares e cuidadores. “Auxiliamos familiares a lidar com questões físicas, psicológicas,
sociais, espirituais, abordando suas expectativas, medos e necessidades”,
pontuou Laiane Dias, lembrando que a assistência deve ajudar a lidar com as
perdas durante a doença e o período de luto, e visa manter autonomia e
independência do paciente até o momento final da sua vida, apesar das
adversidades. “É um trabalho integrado, competente e habilidoso”.
Laiane Dias admite que atualmente
a Medicina Paliativa já é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM)
como área de atuação de algumas especialidades médicas, como a geriatria,
clínica médica, oncologia, entre outras.
No entanto, ela ressalta que para
a maioria da demanda da população, que poderia ser beneficiada por esta
abordagem, ainda há poucos serviços estruturados em todo o país. “O acesso a
este tipo de assistência ainda está longe do ideal. Precisamos avançar na boa prática dos
cuidados paliativos, principalmente com educação nesta área, para garantir mais
acessibilidade ao grande número de pacientes que enfrentam doenças sem
possibilidade de cura”, observou a médica.
Simpósio
Nesta sexta-feira, 7, o Grupo de
Trabalho de Humanização (GTH) do CHJB promoverá I Simpósio de Cuidados
Paliativos, de 9h às 12h, no auditório do hospital, em comemoração alusiva ao
Dia Mundial de Cuidados Paliativos, festejado dia 8/10.
O evento será voltado para
profissionais da área da saúde com a finalidade de sensibilização e
capacitação, através de aulas sobre “Conceitos e princípios cuidados
paliativos”, “Manejo da dor”, “Cuidados paliativos e UTI” e “Hipodermóclise”,
coordenado por Laiane Dias, com a participação das médicas Genilma Costa e
Camila Guimarães.
Serviço:
O Centro Hospitalar Jean Bitar
fica na Rua Cônego Jerônimo Pimentel, Umarizal, em Belém. Mais informações:
(91) 3239-3800.