Provas foram aplicadas nos dias 5 e 6 de novembro para 5,8 milhões de candidatosWilson Dias/Agência Brasil |
O Ministério Público Federal no
Ceará (MPF/CE) informou que recebeu relatório da Polícia Federal (PF)
constatando que as provas do primeiro e do segundo dia do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem), além da prova da redação, vazaram para pelo menos dois candidatos
antes do início do teste. O Enem foi aplicado nos dias 5 e 6 de novembro para
5,8 milhões de candidatos em todo o país. Em nota, o MPF diz que, em um trecho
do relatório, a PF destaca que, após a análise de celulares apreendidos durante
operações nos dias do exame, concluiu-se que os candidatos receberam
fotografias das provas e tiveram acesso aos gabaritos e ao tema da redação
antes do início dos testes.
Os estudantes tiveram acesso à
"frase-código" da prova rosa, o que permitia que candidatos que
deveriam fazer provas diferentes da rosa pudessem preencher o cartão de
respostas de acordo com o gabarito transmitido pela quadrilha de fraudadores,
não importando a cor da prova que o estudante tenha recebido no exame, já que a
frase-código é o que legitima a correção conforme a cor referente à frase.
Candidatos presos em Minas Gerais
e no Maranhão
Os dois candidatos foram presos,
um em Minas Gerais e outro no Maranhão. Ambos receberam exatamente as mesmas
fotografias com gabaritos das provas, porém, de intermediários diferentes,
"deixando claro que a origem do vazamento é a mesma".
Quanto à prova de redação, a
perícia da PF identificou que os candidatos presos iniciaram pesquisas no
Google sobre o tema da redação a partir das 9h38 do dia 6 de novembro,
indicando que tiveram acesso ao tema antes do início da aplicação das provas.
O procurador da República Oscar
Costa Filho, do MPF/CE, disse que a íntegra do relatório e peças do inquérito
serão anexadas ao recurso do MPF que tramita no Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, no Recife. Em novembro, o procurador ingressou com ação na Justiça
Federal pedindo que fosse anulada a prova de redação do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem).
O pedido foi negado pela Justiça,
e o MPF entrou com recurso. “Uma quadrilha organizada nacionalmente teve acesso
antecipado às provas. Isso compromete a lisura do exame e a própria
credibilidade da logística de segurança que vem sendo aplicada”, argumenta o
procurador.
A Agência Brasil entrou em
contato com a assessoria de imprensa da Polícia Federal, que não confirmou o
conteúdo do relatório.