A água e as mangueiras são dois
elementos do cotidiano de Belém, cidade que abriu as portas para os navegadores
portugueses pela baía do Guajará, e que a partir desta quinta-feira (16) abre
as galerias da Casa das Onze Janelas, na Cidade Velha, para dois artistas da
imagem, que trouxeram de São Paulo duas exposições - Ernesto Bonato com a
instalação gráfica multimídia “Maré.02” e Ulisses Boscolo, com “A sombra das
mangueiras”. As exposições serão abertas à visitação, nas salas Valdir Sarubi e
Gratuliano Bibas. Bonato e Boscolo, na sexta-feira (17), participam de uma mesa
redonda com a participação do artista plástico paraense Armando Sobral.
A instalação gráfica de Ernesto
Bonato propõe a interação entre xilogravuras de grandes dimensões, fotografia,
vídeo e música em torno da imagem da água. A exposição já foi exibida no Museu
de Arte Contemporânea de Campinas com o apoio do Programa de incentivo à
Cultura do Estado de São Paulo em 2016. A versão trazida para o Espaço Cultural
Casa das Onze Janelas visa criar uma relação direta entre o rio que domina a
paisagem circundante e a construção de pedra que encerra a obra.
Além do claro viés ambiental e
existencial, a instalação “Maré.02” busca ampliar a apreciação e reflexão sobre
a gravura contemporânea, estabelecendo um diálogo entre tecnologias modernas e
tradicionais e linguagens artísticas. A criação sonora do Âmago Trio, formado
pelos músicos Raul Rodrigues, Vinícius Bastos Gomes e Pedro Destro, foi
concebida especialmente para a instalação, que também abriga o vídeo Hymnos, de
Ernesto Bonato em parceria com Vinícius Cruz. O projeto Maré vem sendo
desenvolvido desde 2011 a partir de uma residência artística que Ernesto Bonato
realizou na Universidade de Campinas, envolvendo estudantes e artistas
parceiros.
Ernesto Bonato, graduado e mestre
pela ECA–USP, é pintor, desenhista, gravurista, fotógrafo e trabalha com
instalação e intervenção urbana. Ele já se apresentou em mais de 190 exposições
individuais e coletivas no Brasil e em 28 países e já foi agraciado com o
Prêmio Unesco, no 14º Salão Nacional. Ele participou da criação de projetos coletivos
como o “Projeto Lambe-Lambe”, “Trilingue ABC: Gráfica atual”, “L´Art Roman vu
du Brésil, entre outros. Em Campinas, cidade na qual reside, participou do
Programa de artista residente na Universidade Estadual de Campinas.
À sombras das mangueiras
Ulisses Romero estudou Artes
Plásticas na FAAP e trabalha com gravura em metal, xilogravuras, pinturas,
objetos e ilustrações. As obras que serão expostas na Casa das Onze Janelas
resultaram da pesquisa desenvolvida durante 40 dias de residência artística, em
Belém, através do Coletivo Aparelho (Projeto Margem: encontros e devires sobre
o rio) realizado pelo Programa Rede Nacional Funarte de Artes Visuais em 2016.
Neste processo de imersão, o artista recorreu a xilogravura para captar a luz
da paisagem de Belém e a partir disso, criar imagens - signos da cidade
gravados na madeira como árvores, cães, barcos e retratos. O resultado é um
livro de páginas soltas impresso em tecido.
Originalmente mostradas no Porto
do Sal (local em que ficou trabalhando durante o período da residência) as
obras por vezes eram colocadas sobre o rosto das pessoas formando uma espécie
de máscara.
Em São Paulo, Ulisses Romero
realiza uma ampla rede de imagens utilizando a impressão de matrizes de
madeira, associadas à paisagem da Serra do Mar e da Serra da Cantareira, ao
transformar o espaço de expositivo em instalações e cobrir parte das paredes de
estampas em diversos papéis de uso comum. Além disso, construiu uma série de
suportes alternativos para amparar os álbuns e outros objetos, provenientes de
casas de demolição ou encontrados em caçambas espalhadas na rua.
Serviço
Local: Casa das Onze Janelas
Data: 16.02 (quinta-feira)
Abertura: 20 horas
Agendamento de visitas: 32233923
(Ademar Queiroz)