Indústria renova convênio com a Susipe e garante trabalho remunerado para detentos

A Susipe mantém 29 convênios de trabalho, sendo 15 com a iniciativa privada, garantindo a vários detentos a oportunidade de trabalhar com remuneração - Foto Ascom/Susipe

A renovação do contrato de trabalho e um aditivo destinado à geração de emprego e renda para a população carcerária foram assinados na manhã desta sexta-feira (10) pelo coronel PM André Cunha, superintendente do Sistema Penitenciário do Estado do Pará, e o empresário Júnior Zamperlini, dono de uma das maiores produtoras de laranja do Brasil.

Desde o ano passado, 11 presos do regime semiaberto, custodiados no Centro de Recuperação Regional de Bragança (CRRB), na região nordeste, trabalham na Fazenda Citropar, no município de Capitão Poço, no plantio e colheita de laranjas. Uma experiência inédita de parceria entre a iniciativa privada e o governo do Estado, que vem obtendo êxito.

“Todos me diziam que eu estava maluco de empregar presos. A produtividade está excelente, e eles têm feito um ótimo trabalho. Depois de um ano estamos aqui renovando o contrato com a Susipe e ampliando o número de vagas”, afirmou Júnior Zamperlini.

Ampliação - Na fazenda, os presos trabalham na limpeza dos pomares e no adubo do solo, e ainda aprendem técnicas de agricultura familiar. Com autorização da Justiça, eles dormem em um alojamento na propriedade e retornam somente nos finais de semana para a unidade prisional. A expectativa, agora, é gerar mais 30 postos de trabalho para a população carcerária custodiada pela Susipe em Bragança.

“Estamos investindo em qualificação e capacitação profissional para esses detentos. O trabalho é uma importante e necessária ferramenta de reinserção social. Hoje, a Susipe já tem 29 convênios de trabalho, sendo 15 com a iniciativa privada. Além de uma nova chance, os detentos têm a oportunidade de trabalhar de forma remunerada e produtiva. É fundamental que cada vez mais empresários se sensibilizem com essa causa”, ressaltou Ivaldo Capeloni, diretor de Reinserção Social da Susipe.

Benefícios - Cada preso recebe a remuneração de ¾ do salário mínimo (R$ 702,75). Desse total, um terço é depositado em conta-poupança, e os outros dois terços ficam à disposição do preso para gastos pessoais e ajuda à família. Além da remuneração, a cada três dias de trabalho o detento tem um dia da pena reduzida, um benefício garantido pela Lei de Execução Penal.

“A juíza da Comarca de Bragança já estuda a possibilidade de conciliar a progressão do regime fechado para o semiaberto com o trabalho dos detentos nas lavouras de laranja. Precisamos tirar o preso do presídio para trabalhar e se tornar produtivo”, disse o diretor do CRRB, Celso Melo.

O titular da Susipe já planeja a criação de um distrito industrial, com subsídios para incentivar a iniciativa privada a ampliar a oferta de vagas de trabalho aos detentos. “A nossa ideia é investir na dinamização de um polo industrial no Pará com o uso da mão de obra carcerária, através de incentivos fiscais aos empresários. Já existe um modelo bem sucedido em Santa Catarina. Tigre, Sadia e Perdigão, por exemplo, são empresas que empregam detentos. É um projeto que estamos estudando”, reiterou André Cunha.

“Não podemos deixar só pro Governo resolver e achar que o problema nunca é nosso. O problema é de todos. Se cada um contribuir, nós, com certeza, vamos mudar esse País”, enfatizou o empresário Júnior Zamperlini.