Governo do Pará apresenta o Plano Estadual de Políticas para Mulheres




Nesta terça-feira, 7, o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos e Humanos (Sejudh), apresenta o Plano Estadual de Políticas para as Mulheres atualizado, que foi coordenado e sistematizado pela Coordenadoria de Integração de Políticas Para as Mulheres da Sejudh, de acordo com os princípios norteadores da Política Nacional e as diretrizes da Política Estadual.

No mesmo dia, já colocando em prática o Plano, será lançada campanha estadual de combate à violência contra mulher, ação que envolve diversos órgãos de governo e está sendo capitaneada pelas Secretarias de Estado de Justiça e Direitos e Humanos e de Comunicação (Secom); e pelo Pro Paz. O evento de lançamento será na terça-feira, dia 7, às 8h, no Teatro Margarida Schivasappa (Centur).

Intitulada "Respeito às mulheres em suas diversidades", a campanha de ação integrada é coordenada pela Sejudh, Pro Paz, Segup e Secom e pretende incitar a reflexão sobre as diversas formas de violência cometidas contra as mulheres. Para isto, durante o mês de março, todos os órgãos de governo irão trabalhar as ações da campanha, promovendo ações educativas e utilizando banners, cartazes e vídeos que serão exibidos nos ambientes físicos e virtuais, além de spots de rádio e vídeos para TV e internet.

Durante o lançamento da campanha, no Teatro Margarida Schivasappa, a Coordenadoria de Integração de Políticas para as Mulheres vai apresentar o Plano Estadual de Combate à Violência Contra Mulher que vem sendo implementado no Pará. Ele foi atualizado e ajustado a partir das propostas da V Conferência Estadual, realizada em dezembro de 2015, as quais foram analisadas e inseridas no texto atual, mas dentro dos mesmos eixos estratégicos de políticas. Além do plano, também serão mostrados ao público dados de atendimento à mulher recolhidos pela Polícia Civil e Fundação Pro Paz.

Atualmente, o Governo do Estado, por meio do Pro Paz Mulher e da Coordenadoria da Mulher (Sejudh), vem trabalhando no enfrentamento à violência contra a mulher com campanhas educativas e preventivas (como "8 de Março"; "16 dias de Ativismo"; “Quem ama Abraça - Fazendo Escola"), com palestras, ações com as unidades móveis itinerantes, capacitações para os profissionais da rede de serviços, encontros regionais, reuniões setoriais com a rede de serviços dando ênfase à intersetorialidade e integralidade da política, onde são envolvidas as Secretarias Estaduais de Saúde (Sespa); Educação (Seduc); Cultura (Secult); Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), Extraordinária de Integração de Políticas Sociais (Seeips); Polícias Civil e Militar, Tribunal de Justiça, Defensoria Pública e Ministério Público.

Para Michell Durans, secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado, as parcerias entre entidades são essenciais para combater os crimes cometidos contra as mulheres. “O governo do Estado do Pará tem tido uma grande preocupação com relação à violência contra a mulher e, por conta disso, tem aumentado o número de delegacias especializadas. A Sejudh tem buscado, em parceria com o Pro Paz Mulher e com a Polícia Civil, criar um espaço de políticas públicas para as mulheres dentro das áreas de prevenção e da repreensão. A campanha deste ano irá tentar atingir não somente às mulheres, mas também aos homens, para que eles se conscientizem. Também queremos ajudar no empoderamento da mulher, mostrar que há uma rede integrada de serviços para que ela possa se sentir protegida e, principalmente, fortalecida no sentindo de denunciar tais violências".

A Coordenadora de Integração de Políticas para Mulheres da Sejudh, Maria Trindade Tavares, explica ainda que  as ações de enfrentamento à violência contra a mulher no Pará vêm obtendo resultados positivos. “O êxito dessas ações vem distanciado o estado no ranking dessa violência. Na última estatística sobre feminicídio, realizada em 2015 com todas as federações do país, saímos da quinta para a décima colocação. Na última compilação de dados do Disque 180, realizada também em 2015, o Pará saltou da segunda para a vigésima colocação. Isso mostra uma resposta positiva a ações de enfrentamento a esse tipo de violência aqui no Pará, um trabalho realizado em rede transversal e intersetorial”, ressalta.

Patrulha Maria da Penha


Em dezembro de 2015, a Patrulha Maria da Penha foi implantada no prédio do Pro Paz Mulher, na Divisão Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). A patrulha funciona com revezamento de 20 militares treinados para dar apoio e fiscalizar o cumprimento das medidas protetivas e segurança às mulheres vítimas de violência doméstica.

A patrulha faz visitas semanais para conferir de perto se as medidas estão sendo cumpridas. Entre as medidas protetivas urgentes estabelecidas pela Lei Maria da Penha estão: o afastamento do agressor do lar ou local de convivência com a vítima; proibição do agressor de se aproximar da vítima; proibição do agressor de contactar com a vítima, seus familiares e testemunhas por qualquer meio; obrigação do agressor de dar pensão alimentícia provisional ou alimentos provisórios; proteção do patrimônio, em medidas como bloqueio de contas, indisposição de bens, restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor, prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica, entre outras.

O títular da Fundação Pro Paz, Jorge Bittencourt, explica que o órgão vem participando da construção de políticas públicas integradoras para as mulheres no estado, desde sua criação, citando como exemplo o Pro Paz Mulher e as descentralizações do serviço nas cidades do interior do estado. "Além de articuladora, a Fundação Pro Paz é executora de políticas direcionadas às mulheres em todos os seus programas, incluindo monitoramento junto aos seus parceiros", informa Bittencourt.

Ações

Após o lançamento da campanha "Respeito às mulheres em suas diversidades" ser realizado no dia 7 de março, diversas ações serão realizadas ao longo do mês. A primeira, promovida pela Secom, é o Workshop "Jornalismo Humanizado: Combatendo a violência contra a mulher por meio da imprensa", com a publicitária Luíse Bello, da ONG Think Olga, responsável pela cartilha lançada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo de combate ao assédio. Ela vai falar sobre a abordagem de casos de violência contra a mulher debatendo casos em que a imprensa agiu com machismo e apresentando soluções práticas para evitá-lo.

Voltado principalmente aos profissionais de imprensa, estudantes de comunicação e publicitários, o workshop é o primeiro de uma série de eventos sobre direitos humanos organizado pela Secom, via Publicom - o encontro de comunicação realizado anualmente pela secretaria e que este ano contará com mini-eventos ao longo do ano em diversos municípios paraenses.

No sábado, dia 11, será realizada a Ação Cidadania, na Praça dos Estivadores, aberto para todo o público. No evento, haverá a emissão de carteira de identidade (400), testes rápidos de HIV e hepatite, atendimento jurídico, cursos de capacitação e apresentações culturais no palco armado na Praça.

Ainda dentro da programação da Secom, entre os dias 13 e 24 de março, a jornalista Márcia Carvalho ministrará duas oficinas de Jornalismo Humanizado pelo Projeto Biizu. As oficinas serão ministradas nas Escolas Estaduais Magalhães Barata e Anísio Teixeira e são destinadas à comunidade.

A Polícia Civil também irá realizar debate entre os titulares das delegacias, seccionais e Unidades Integradas do Pro Paz sobre o primeiro atendimento e o acolhimento de mulheres vítimas de violência. A Secretaria de Saúde (Sespa) também prepara ações educativas e campanhas de conscientização de combate a doenças, como o câncer de colo do útero, entre outras. “Dentro do mote das violências sofridas pela mulher, precisamos destacar também o cuidado que a mulher precisa ter com sua saúde e isso inclui a conscientização para familiares e colegas de trabalho, por exemplo”, destaca a secretária adjunta da Sespa, Heloísa Guimarães. Internamente, todos os órgãos do Governo do Estado vão trabalhar o tema com oficinas, palestras e workshops em todo o território paraense.

A partir de março, será criada uma área voltada para o atendimento da mulher no Pará. No endereço www.pa.gov.br/mulher, estarão disponíveis o Plano Estadual de Políticas para Mulheres, a Lei Maria da Penha, telefones úteis e locais de atendimento às mulheres em situação de violência, além de todas as peças da campanha.

A Campanha

Com o mote “Respeito às mulheres em suas diversidades”, o Governo do Estado preparou uma grande campanha, que tem como principal objetivo esclarecer os diversos tipos de violência às quais as mulheres estão expostas em seu dia a dia, já que, para muitas, só é considerada violência contra a mulher a física.

A campanha será trabalhada internamente em todos os órgãos do Governo, mas também externamente, com veiculação de vídeos na TV e internet, spots em rádios, além de cartazes, folders e grande campanha educativa virtual que será apresentada nas redes oficiais do Governo. A ideia é conseguir o maior número de adeptos, uma vez que o tema diz respeito à toda a sociedade.

“Partimos da ideia de que é preciso mostrar à sociedade os diversos tipos de violência que a mulher sofre ao longo do dia, porque, por incrível que pareça, a maioria dos homens e as próprias mulheres não reconhecem violência contra elas se não for a física. Desta forma, pensamos em peças que mostram o mundo pelos olhos de uma mulher, as violências, as dificuldades, sempre convidando a sociedade a se colocar no lugar dela”, conta o secretário de Comunicação do Estado, Daniel Nardin, ressaltando que levantar o debate sobre a violência contra a mulher é uma urgência não apenas das secretarias e órgãos que atuam diretamente com a segurança e apoio às vítimas, mas de todo o governo.

A campanha será lançada no dia 7, mas será trabalhada ao longo de todo o mês de março. Quem quiser aderir, replicando o material, pode compartilhar as peças que serão divulgadas pelas redes oficiais do Governo ou baixar o material no link www.pa.gov.br/mulher.

A Lei Maria da Penha



A Lei nº 11.340, também conhecida como Lei Maria da Penha, é de 7 de agosto de 2006 e cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal. Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

Alguns números sobre violência contra a mulher no Pará

Em 2016, 6.270 mulheres em situação de violência  foram atendidas nas nove unidades Pro Paz Integrado em todo o estado. Em 2015, foram 4.948, o que significa que, em 2016, a procura aumentou em 26,7%, não só pelo aumento das violências ocorridas, mas por mais mulheres buscarem ajuda.

A maioria dos atendimentos nas unidades do PPI no Pará é de violência psicológica (36,1%), seguido de violência física no ambiente doméstico e violência moral. Ainda segundo as estatísticas, 34,6% dos agressores de mulheres que foram buscar ajuda nas unidades Pro Paz são homens de 18 a 39 anos de idade. O marido é o principal agressor, 21,3%, seguido de ex-companheiro, 19,9% e ex-marido, 19,5%.

A maioria das mulheres que busca atendimento no Pro Paz Integrado tem entre 30 e 41 anos, correspondendo a 39,2%. A maioria dos casos de violência acontece dentro de casa (71,4% dos casos).

O Pro Paz Mulher agrega, em um mesmo espaço, delegacia, Polícia Militar, assistência social, psicológica, atendimento médico, perícia, Ministério Público e Tribunal de Justiça. Com este formato de atendimento, o Pará é o único estado da federação a ofertar tratamento integrado à mulher da capital e do interior, pois está, por meio do Pro Paz Integrado, nas regiões do Xingu (Núcleo de Altamira), Guajarina (Núcleo de Paragominas), do Lago (Núcleo de Tucuruí), Baixo Amazonas (Núcleo de Santarém), Bragantina (Núcleo de Bragança) e Marajó (Núcleo de Breves).