Ribeirinhos das Ilhas de Belém recebem serviços de odontologia





A ABO/PA realiza na sexta-feira (28/04) mais uma ação do projeto “Sorrisos Ribeirinhos”, com atendimento odontológico para moradores das ilhas próximas a Belém. Os voluntários (dentistas e acadêmicos) do projeto “Sorrisos Ribeirinhos”, da Associação Brasileira de Odontologia, normalmente prestam atendimento na sede da ABO, no bairro da Pedreira, em Belém. Os voluntários vão até as ilhas, marcam as datas e os ribeirinhos vêm a Belém. Mas neste mês, a Associação buscou parcerias e viabilizou transporte para levar a equipe até a ilha do Combú, onde serão feitas palestras sobre saúde bucal e o próprio tratamento odontológico básico para os ribeirinhos. O esforço é para garantir atendimento a um número maior de pessoas.

Nas ilhas do Combú e do Murucutum vivem aproximadamente 650 habitantes sem acesso aos serviços de assistência odontológica.

Os profissionais e acadêmicos de odontologia farão o atendimento clínico dos pacientes do Combú. “O problema mais comum entre os ribeirinhos é a grande incidência de cáries, o que acarreta a perda precoce de dentes, tanto os decíduos (de leite) nas crianças, quanto os dentes permanentes”, destaca a cirurgiã-dentista Tamea Lacerda, que coordena o atendimento no projeto. “Além dos problemas causados pela perda dos dentes, que prejudica a funcionalidade, desde a mastigação até a fala, também há um problema social. O paciente sofre com a falha estética, tendo mais dificuldades em se relacionar, seja na escola ou no mercado de trabalho”, avalia Tamea.

O presidente da ABO/PA, Marcelo Folha, avalia que “isso é reflexo da exclusão social, onde falta atendimento, orientação e prevenção em saúde bucal”. Em comunidades mais carentes não há acesso a serviços odontológicos ou abastecimento com água fluoretada.

Ribeirinhos recebem atendimento - Foto: Agência Belém
 Sorrisos Ribeirinhos - Em 15 edições do Sorrisos Ribeirinhos, entre agosto de 2015 e fevereiroo de 2017, foram atendidos 326 pacientes, com a realização de quase 678 procedimentos.  Entre os serviços prestados estão o levantamento epidemiológico, orientação sobre saúde bucal e atendimento odontológico emergencial básico/curativo. “Nos casos em que é necessária a intervenção de um especialista, o paciente é encaminhado para as aulas práticas dos cursos da ABO/PA ou para instituições parceiras, como o Hospital Universitário Barros Barreto”, explica o presidente da ABO/PA, Marcelo Folha, que acompanha de perto o projeto.

O atendimento é continuado. Assim, os moradores das ilhas voltam à ABO quantas vezes necessário para concluir o tratamento. O projeto Sorrisos Ribeirinhos, no Pará, faz parte do programa Um Sorriso do Tamanho do Brasil, em que a ABO Nacional reúne as ações sociais mantidas pelas regionais de todo o país.

Estatísticas - No Brasil, 11 milhões de pessoas já perderam todos os dentes e quase a metade (47%) dos brasileiros não utiliza o trio indispensável para a saúde bucal: escova, pasta de dente e fio dental. Os dados alarmantes fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo IBGE em 2016.

Em 2014, o Conselho Federal de Odontologia realizou um levantamento em parceria com o Datafolha com 2.085 entrevistados em 133 municípios, e constatou que cerca de 10% da população nunca foram ao dentista. 68% dos entrevistados disseram que vão ao dentista uma vez por ano, mas 20% afirmaram não ter condições financeiras para procurar um consultório odontológico e 46% consideram difícil o acesso ao atendimento público. A pesquisa mostrou ainda que 68% da população não sabe que tem direito ao atendimento em saúde bucal na rede pública.

Segundo a Associação Brasileira de Cirurgiões-Dentistas (ABCD), a cárie é uma doença bucal que, se não tratada, pode trazer inúmeros outros problemas graves para a saúde ao longo de toda a vida. No Brasil, bebês com idades entre um ano e meio e três anos já têm em média um dente cariado. Entre as crianças brasileiras em idade escolar, de 60% a 90% já têm cáries. No grupo de adolescentes com idades entre 15 e 19 anos, a média de dentes afetados é de 4,2, exatamente o dobro do número médio encontrado no grupo de 12 anos, que é de 2,1. A incidência média mundial aos 12 anos, por exemplo, é de apenas 1,6.

Esta idade de 12 anos é a faixa etária utilizada mundialmente para avaliar a situação em crianças em relação à incidência de cáries.

Embora o Brasil tenha avançado bastante com relação à melhora da saúde bucal da população, saindo de uma condição de média prevalência de cárie (2,7 a 4,4) em 2003 para a de baixa prevalência (1,2 a 2,6) em 2010, esses dados do Ministério da Saúde mostram uma situação muito preocupante. E a cárie é uma doença que pode ser prevenida, ou seja, evitável.

A Associação Brasileira de Odontologia

 A Associação Brasileira de Odontologia é uma entidade sem fins lucrativos, voltada para a formação e qualificação profissional e com atuação em todo o País. Reúne mais de cem mil dentistas, com representação nas 27 unidades da Federação, em cerca de 300 municípios. Em suas 80 Escolas de Aperfeiçoamento Profissional, a ABO desenvolve 70% de todos os cursos de especialização registrados no Conselho Federal de Odontologia.

Em 2017, a ABO comemora cem anos de atividades no Brasil. No Pará, onde está presente há 74 anos, a ABO é referência na realização de cursos de atualização, aperfeiçoamento e especialização. A alta qualificação do corpo docente, formado por mestres e doutores, e a excelente estrutura física são diferenciais da ABO/PA.

Parceria com a comunidade - Ações de responsabilidade social fazem parte da missão da ABO, considerada a maior rede de capacitação e divulgação científica em odontologia do Brasil.

A ABO/PA possui o Departamento de Projetos Odontológicos Sociais, que reúne dentistas, acadêmicos e técnicos em saúde bucal. O Departamento desenvolve os projetos “Sorrisos Ribeirinhos”, que viabiliza o atendimento odontológico de moradores das ilhas próximas a Belém, e “Sorrisos Felizes”, voltado para a educação em saúde bucal de crianças de escolas públicas e moradores da área no entorno da sede da ABO.