A
Semana Santa carrega em sua cultura, vários costumes, hábitos e tradições. Uma
delas é a malhação de judas, ato de “castigar” o Judas Iscariotes, conhecido e
popularizado na história como o traidor de Jesus Cristo. A tradição foi herdada
de portugueses e espanhóis que trouxeram o ritual para a América Latina e
permanece viva até hoje na região Amazônica.
O ato de malhar o Judas tem a ver com a religiosidade cultural popular.
Antigamente eram feitos bonecos de palha, hoje substituídos por gesso, goma de
tapioca, jornais e isopor para ser de fácil destruição. Atualmente, a malhação
dá vida a bonecos que representam negatividades sociais que vão desde o
Chikungunya até a corrupção praticada por determinados políticos.
Por
que pisoteado? Malhar o Judas significa pisar, chutar e destruir os bonecos e
tudo o que carrega peso negativo na vida das pessoas, como explica o
antropólogo e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da
UFPA, Romero Ximenes. “As pessoas criam a ligação pessoal de combater o que é
negativo, empregam valores ao boneco. “Tenho raiva de ti, você é o mal, vou te
destruir” interpreta o professor. Judas se torna um bode expiatorio, aquilo que
reúne todas as culpas, as maldades, é algo que tem que ser exorcisado da
população. “Quando você destrói o mal, segundo a consciência religiosa, você
mostra que está do lado de Jesus, o lado do bem, do justo e combate o mal, o
Judas, aquele que traiu e eliminou o filho de Deus” afirma Ximenes.
Segundo
o professor Romero, “Judas é a versão predominante do que simboliza a traição.
Seria o discípulo mais inteligente e o único que não compreendia a ideia de
Deus como o criador do Céu e da Terra. Ele não seria o traidor e sim alguem que
fez cumprir a profecia”.
Quaresma
– O carnaval é conhecido como o tempo profano, de libertação, libertinagem e
liberdade, o qual as pessoas se manifestam de forma mais livre, aberta e
liberta. Na quarta-feira de cinzas, inicia-se o período de Quaresma, quarenta
dias de recolhimento, reflexão e contenção de coisas mundanas. No sábado de
Aleluia, o dia que precede a ressureição de Cristo, ocorre a Malhação de Judas
que ritualiza e teatraliza o ato de exterminar o mal.
Em
Belém, um dos bairros que mantém a tradição é o bairro da Cremação. Neste ano
será organizada a 67ª edição da Malhação de Judas. Hoje, a “brincadeira” passou
a simbolizar problemas sociais e personalidades do mundo político, social e
artístico. A malhação de Judas ou o Queima Judas ocorre geralmente ao meio dia.
* Colaboração Assessoria de
Comunicação da UFPA.