Sábado de Aleluia é marcado pela tradicional malhação de Judas

Judas - Foto Adriano Magalhães - Comus


A Semana Santa carrega em sua cultura, vários costumes, hábitos e tradições. Uma delas é a malhação de judas, ato de “castigar” o Judas Iscariotes, conhecido e popularizado na história como o traidor de Jesus Cristo. A tradição foi herdada de portugueses e espanhóis que trouxeram o ritual para a América Latina e permanece viva até hoje na região Amazônica.

O ato de malhar o Judas tem a ver com a religiosidade cultural popular. Antigamente eram feitos bonecos de palha, hoje substituídos por gesso, goma de tapioca, jornais e isopor para ser de fácil destruição. Atualmente, a malhação dá vida a bonecos que representam negatividades sociais que vão desde o Chikungunya até a corrupção praticada por determinados políticos.

Por que pisoteado? Malhar o Judas significa pisar, chutar e destruir os bonecos e tudo o que carrega peso negativo na vida das pessoas, como explica o antropólogo e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFPA, Romero Ximenes. “As pessoas criam a ligação pessoal de combater o que é negativo, empregam valores ao boneco. “Tenho raiva de ti, você é o mal, vou te destruir” interpreta o professor. Judas se torna um bode expiatorio, aquilo que reúne todas as culpas, as maldades, é algo que tem que ser exorcisado da população. “Quando você destrói o mal, segundo a consciência religiosa, você mostra que está do lado de Jesus, o lado do bem, do justo e combate o mal, o Judas, aquele que traiu e eliminou o filho de Deus” afirma Ximenes.

Segundo o professor Romero, “Judas é a versão predominante do que simboliza a traição. Seria o discípulo mais inteligente e o único que não compreendia a ideia de Deus como o criador do Céu e da Terra. Ele não seria o traidor e sim alguem que fez cumprir a profecia”.

Quaresma – O carnaval é conhecido como o tempo profano, de libertação, libertinagem e liberdade, o qual as pessoas se manifestam de forma mais livre, aberta e liberta. Na quarta-feira de cinzas, inicia-se o período de Quaresma, quarenta dias de recolhimento, reflexão e contenção de coisas mundanas. No sábado de Aleluia, o dia que precede a ressureição de Cristo, ocorre a Malhação de Judas que ritualiza e teatraliza o ato de exterminar o mal.

Em Belém, um dos bairros que mantém a tradição é o bairro da Cremação. Neste ano será organizada a 67ª edição da Malhação de Judas. Hoje, a “brincadeira” passou a simbolizar problemas sociais e personalidades do mundo político, social e artístico. A malhação de Judas ou o Queima Judas ocorre geralmente ao meio dia.


* Colaboração Assessoria de Comunicação da UFPA.