Histórias de amor e dedicação aos filhos do coração

Professora Tereza Cristina - Foto de Uchoa Silva

Há 29 semanas acontecia uma das maiores mudanças na minha vida,uma jornalista que sempre sonhou em ser mãe. Hoje, em meio às inseguranças,dúvidas e muita ansiedade pela chegada do meu Pedro. Pra mim os dias são cheio de novidades, de buscar a melhor posição de dormir, escolher bem os alimentos,decorar o quarto e rever os planos que tínhamos quando éramos apenas um casal. Hoje o único plano é esperar a chegada do primogênito,mas como traduzir esse turbilhão de sentimentos? Como explicar o tamanho do amor que cresce mesmo com os constantes enjoos, dores e câimbras?

Eu ainda não consigo explicar,mas através das estórias outras servidoras públicas, assim como eu, mas que já são mães e mesmo no trabalho,longe dos filhos,fazem questão de deixar aflorar esse instinto maternal, vou tentando entender.

“Só conseguimos saber o real significado do amor quando nos tornamos mães”.A afirmação vem de quem é mãe de 28 filhos. A que foi gerada no ventre é Maria Fernanda, três aninhos, os outros 27 são os alunos da Unidade de Ensino Infantil (UEI) São Gaspar,no Parque Verde, onde Tereza Queiroz é professora. “Educar é uma relação de cuidado, e, muitas vezes os pais das crianças transferem esse dever para nós professores e por isso a nossa relação fica tão fortalecida”, conta a professora,que exerce o papel de mãe dentro e fora de casa.

Semana passada,"tia" Tereza faltou ao trabalho porque a filha adoeceu e quando voltou encontrou uma turminha preocupada,ansiosa que a recebeu cheia de abraços."Tia, porque a senhora não veio ontem? Sentimos muito sua falta", foi o que ela ouviu dos pequenos. "Como não criar um vínculo de amor com essas crianças? Me sinto um pouco mãe de cada uma”,afirmou a professora.


Alana Sophia, de 04 anos, contou que não gosta de faltar às aulas já que adora ficar com a “tia” Tereza. “Gosto muito dela.Sim, ela é igual minha mãe”, completou a pequena com um imenso sorriso no rosto.

A Dayse Monteiro não vê logo de primeira os sorrisos das crianças que atende. Mas é ela quem silencia o choro dos bebês que vão tomar as primeiras vacinas ou fazer o teste do pezinho na sala de imunização da Unidade Municipal de Saúde da Providência.  Eu ainda nem consigo imaginar como vai ser o dia que precisar levar o Pedro para ser vacinado,mas se eu ficar nervosa tenho certeza que a técnica de enfermagem vai me ajudar, assim como já ajudou centenas de outras mães. “Venho para o trabalho depois de deixar minha filha na escola e, aqui, passo a me tornar um pouco mãe de cada recém-nascido que chega para fazer os testes ou tomar vacinas”, diz Dayse. “O mesmo amor que tenho pela minha filha em casa, procuro transmitir para meus pequenos pacientes. Então, como não me dedicar?”, completa.

Mãe de Ingrid Monteiro, de 14 anos, Dayse trabalha há 11 anos na Sesma e a responsabilidade em conseguir garantir o resultado eficaz do teste a sensibiliza mesmo nos dias em que precisa estar longe da filha,como nos plantões. Os “outros filhos” que ela ganha todos os dias completam sua vida. “Eu desejo que todas as mães tenham o seu momento de felicidade, assim como tenho dentro e fora de casa, aqui no meu trabalho”, anseia Dayse.


Foto: Tatiane Pinheiro - Foto Agência Belém
No trânsito de Belém, também tem amor de mãe compartilhado e a Tatiane Pinheiro, chefe de Divisão de Educação para o Trânsito da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob), explica como é esse sentimento. “Assim como ensino meu filho, dentro de casa, sobre os valores essenciais para a construção de uma vida mais consciente e humana, também tenho a oportunidade através do meu trabalho na educação de trânsito, de contribuir nessa formação de valores junto às outras crianças, como o respeito ao próximo e a valorização da vida, que é nosso bem maior”, falou Tatiane, mãe de Marco Antônio Junior, de 15 anos.

São atividades e convivências diferentes, mas o sentimento que elas passam não deixa dúvidas. Junto com a profissional tem uma mãe cuidadosa, observadora, disposta a dar aos filhos de outras mulheres o mesmo carinho e atenção que dá aos seu próprios.Então,fico pensando aqui, que ser mãe na verdade é um pouco de tudo, é a missão de maior responsabilidade, é dar o melhor de si sem esperar nada em troca, é viver compartilhando o amor e a bondade.

Faltam aproximadamente 70 dias para o Pedro chegar. Diferente da Tatiane, da Dayse e da Tereza, nesse domingo, 14, comemoro o primeiro Dia das Mães, ainda sem meu filho no colo, sem ver o seu rostinho e mesmo assim já consigo sentir o mesmo amor explicado pelas três mães servidoras, batalhadoras e incansáveis. O carinho que elas compartilham entre os filhos,alunos, pacientes e pequenos cidadãos, é possível graças ao significado da palavra mãe.