O encontro anual da Sociedade Americana
de Oncologia Clínica, mais conhecido como ASCO, é considerado o maior encontro
de oncologistas do mundo e um dos maiores congressos médicos entre todas as
especialidades. Todos os anos, no mês de junho, a cidade de Chicago, nos
Estados Unidos, é invadida por oncologistas do mundo inteiro. mais de 38 mil
profissionais participaram do congresso esse ano. Durante cinco dias, foram
apresentados os estudos mais avançados na área do câncer. É o evento mais
importante do ano para quem lida com a doença.
“Se um dia descobrirem a cura do câncer,
vai ser apresentada primeiro na Asco”, afirma o oncologista clínico Sandro
Cavallero, do Centro de Tratamento Oncológico. Além dele, Paula Sampaio,
diretora clínica do CTO, também
participou do encontro. “Hoje é
imprescindível para um oncologista participar da Asco. Quem não pode ir,
acompanha à distância, lê as publicações, conversa com os colegas para se
atualizar no que há de mais moderno em tratamentos, novas drogas, protocolos
diferentes, cuidados paliativos e cuidados com o paciente”, afirma Sandro
Cavallero.
Segundo uma estimativa do Instituto
Nacional do Câncer, no biênio 2016/2017, devem ser diagnosticados, por ano,
mais de 600 mil novos casos da doença no Brasil.
O congresso trouxe muitas novidades,
principalmente no tratamento de alguns tipos de câncer, como o de pulmão, de
mama, próstata e melanoma. Mas nem sempre os tratamentos chegam em terras
brasileiras a toque de caixa: novos protocolos para remédios já aprovados pela
Anvisa costumam ser incorporados mais rápido, mas drogas inéditas podem demorar
anos para se tornarem tratamento padrão.
Imunoterapia e tratamento personalizado
- O tema mais discutido foi a imunoterapia. Esse tipo de tratamento, que se
baseia em medicamentos que estimulam o organismo do paciente a agir contra o
câncer, não é exatamente uma novidade e já é realidade em Belém, mas os avanços
são notáveis.
Mais do que na melhor combinação de
medicamentos, o debate se deteve na identificação do perfil do paciente que tem
a maior probabilidade de responder a determinado tratamento.
“Para você ter uma ideia do quanto
cresceram as pesquisas nesse campo, no momento, existem em andamento 765
estudos de combinação de imunoterapia. Isso é simplesmente o triplo do que
tínhamos 18 meses atrás”, destaca o oncologista Sandro Cavallero.
Segundo ele, já passou o tempo em que
todos os pacientes com determinado tipo de câncer eram tratados da mesma forma.
“Foram apresentados agora dados que especificam melhor os pacientes que podem
se beneficiar com determinado tratamento. Inclusive drogas que teriam um grande
benefício, não contra um determinado tipo de câncer, mas sim contra um
determinado tipo de mutação. Ou seja, o paciente com qualquer tipo câncer que
possua a mesma mutação pode ter o benefício do medicamento, o que torna o
tratamento muito mais específico, eficiente e menos tóxico”, avalia Sandro
Cavallero.
“Não podemos nunca esquecer que um dos
maiores objetivos do tratamento do câncer é que nossos pacientes vivam mais e
melhor. Por isso, um estudo chamado LATITUDE foi o mais comentado no congresso.
Esse estudo avaliou a utilização de uma droga chamada Abiraterona (já
disponível em nosso meio) em câncer de próstata metastático numa fase mais
precoce do que aquela em que costumava-se utilizar e o resultado foi animador:
redução de aproximadamente 40% no risco de o paciente morrer”, explica o
oncologista clínico.