O titular da Segup, Jeannot Jansen |
Representantes da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa
Social (Segup) e do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves apresentaram
nesta quarta-feira (12), durante entrevista coletiva na Segup, o resultado do
laudo de balística feito nas armas de fogo usadas durante a operação policial
que resultou, no último dia 24 de maio, na morte de dez posseiros, na fazenda
Santa Lúcia, em Pau D’Arco, sudeste do Pará. O laudo será incluído no inquérito
que investiga as mortes.
Ao todo foram periciadas 53 armas, onze encontradas no local das mortes.
Foram necessários três tipos de exames, entre eles o mais importante, de
microcomparação balística, feito 2.945 vezes, que possibilitaram a
identificação de parte das armas usadas nas mortes. De uma delas, de patrimônio
da Polícia Civil, partiram projéteis que vitimaram duas pessoas. Projéteis de
uma arma de poder da Polícia Militar foram encontrados em outra vítima.
Ainda segundo o laudo, cinco pessoas foram mortas por apenas uma arma –
uma pistola ponto 40 – que não está entre as 53 encaminhadas para a perícia.
“Também não foi possível identificar de onde partiu o tiro que vitimou a única
mulher do grupo, por se tratar de uma arma de cano longo, o que não possibilita
a averiguação por microcomparação, nem do décimo envolvido, já que os projéteis
não tiveram condições de conferência, pois estavam bastante deformados”,
explicou o diretor do CPC, Orlando Salgado.
“Cumprimos a missão com responsabilidade e transparência, buscando a
verdade, e procuramos fazer isso dentro do prazo. O exame de balística é mais
um elemento da investigação, que tem outras provas materiais e, com ele,
contribuímos com o trabalho de investigação que está sendo feito”, acrescentou
Orlando Salgado.
Verdade - O titular da Segup, Jeannot Jansen disse que a instituição vem
trabalhando com isenção, rigor de procedimentos e transparência. “A população é
testemunha da nossa determinação e da busca incansável de celeridade. Evitamos
precipitações desnecessárias, buscando sempre prudência a fim de que a verdade
seja definitivamente esclarecida. Temos tido isenção total na busca incessante
das provas e laudos, com o rigor necessário para a apuração completa e
transparência”, afirmou.
Sobre a participação do Estado na apuração dos fatos, o secretário
ressaltou que “o Pará é absolutamente capaz de buscar a verdade, mesmo que ela
seja dolorosa e seja necessário, caso isso se confirme nos laudos e no
inquérito, reconhecer que alguns dos agentes traíram o Estado e agiram de forma
diferente do padrão e orientação estabelecido. Estamos trabalhando
incansavelmente para que os fatos sejam esclarecidos e que uns não paguem por
outros”, acrescentou.
Para o delegado geral Rilmar Firmino, a isenção da investigação
demonstra a preocupação em esclarecer os fatos. “Do ponto de vista operacional,
foi uma operação legal, mas ela teve um desfecho trágico. Os laudos falam. E,
pelo que foi apurado, tudo indica que não houve confronto e, sim, um desfecho
inaceitável”, pontuou.
Firmino também reforçou que todos serão responsabilizados pelos crimes,
caso se confirmem. “Se juntarmos todos os laudos, não tenho dúvida de que não
houve confronto. Com as provas materiais, que são os exames balísticos, a
reprodução simulada e outros componentes do inquérito, vamos ter condições de
confrontar as versões e individualizar a conduta de cada participante para
responsabilizarmos criminalmente quem cometeu os delitos”, declarou.
A Segup já encaminhou os laudos para o Ministério Público e para a
Polícia Federal. A Polícia Civil deverá concluir em breve o inquérito sobre o
caso, com o devido encaminhamento para a justiça.
Prisões – A Segup apresentou na segunda-feira (10) mais detalhes sobre o
cumprimento dos mandados de prisão temporária de 13 policiais que compunham a
missão. A prisão temporária foi solicitada pelo promotor de justiça Alfredo
Amorim, um dos quatro promotores que conduzem a investigação especial sobre o
caso pelo Ministério Público. O documento foi recebido pela Polícia Federal na
noite de sexta-feira (7) e cumprido integralmente na manhã de segunda. Os
envolvidos se apresentaram espontaneamente.
Ao todo, foram presos onze policiais militares e dois policiais civis.
Por se tratar de prisão temporária, conforme decisão judicial, os policiais
militares ficarão custodiados nos quartéis da Polícia Militar e os policiais
civis, no quartel do Corpo de Bombeiros. Do grupo de militares, oito se
apresentaram em Redenção e foram encaminhados na tarde de segunda para Belém. O
outro policial militar deve ser encaminhado para a capital na terça-feira (11).
Todos ficarão à disposição da justiça para prestar esclarecimentos.
O representante da Polícia Federal destacou a importância da operação em
conjunto com o Estado. "No momento em que recebemos a decisão, uma das
medidas tomadas foi justamente procurar a Secretaria de Segurança, pois
entendemos que esse apoio é fundamental, inclusive na questão logística, com as
aeronaves usadas", disse o superintendente da Polícia Federal no Pará,
Uálame Machado.