Detentos custodiados pela
Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), no Centro de
Recuperação do Coqueiro (CRC), estão trabalhando na construção de um deck de
madeira no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), uma das mais importantes instituições
científicas do Brasil. A iniciativa surgiu a partir de um projeto que prevê
vários investimentos no espaço, em comemoração aos 150 anos do Museu.
Três detentos do regime semiaberto, que
já trabalham na marcenaria do presídio, começam a trabalhar às 8 h. Eles cortam
a madeira doada ao MPEG pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos
Recursos Renováveis (Ibama), e depois fazem a montagem do espaço onde
funcionará um café, ao lado da loja de souvenir e artesanatos do Pará. Os
trabalhos são feitos diariamente, até as 15 h.
O detento Magno Ferreira Sarmento, 30
anos, disse que o trabalho é uma oportunidade para retomar o convívio em
sociedade. “A gente sempre quer buscar algo melhor depois que comete um erro.
Então, eu aceito qualquer trabalho. Primeiramente, penso no meu filho, no
exemplo que eu posso dar para ele”, contou Magno Sarmento.
Visibilidade - Para o diretor de
Reinserção Social da Susipe, Ivaldo Capeloni, a parceria com o Museu reforça o
trabalho de ressocialização feito com os detentos dentro do cárcere. “Essa
parceria com o Museu contribui significativamente para a reinserção social dos
detentos, pois dá visibilidade ao trabalho já desenvolvido dentro do sistema,
através do aproveitamento de mão de obra carcerária. Inclusive, nós já fizemos
várias parcerias com o Museu, e começamos com os detentos fazendo a pintura dos
muros. Com esse trabalho nós abrimos as portas para realizar a feira de
produtos orgânicos na Colônia Penal Agrícola”, destacou o diretor.
O parque zoobotânico do Museu Paraense
Emílio Goeldi recebe cerca de 400 mil visitantes por ano. O espaço é o segundo
instituto de pesquisa mais antigo vinculado ao Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação.
“Temos uma história bem longeva, e por
isso resolvemos estender as comemorações dos 150 anos do Museu por um pouco
mais de um ano. Nesse sentido, nós procuramos fazer parcerias estratégicas, até
por conta da crise econômica que o país vem passando. A parceria com a Susipe
foi muito boa não só do ponto de vista da economia, mas também pela
possibilidade de contribuir para a reintegração social dessas pessoas. Mais do
que celebrar, nós temos que participar, e essa participação vem pela inclusão”,
explicou o diretor do Museu, Nilson Gabas Júnior.
O detento Sávio de Paula, 61 anos, preso
há sete anos, afirmou que estar fora do presídio trabalhando já é motivo de
comemoração. “Eu estou feliz por estar aqui trabalhando, pois a Susipe nos dá a
oportunidade. Mas quem decide de que forma vai aproveitar isso somos nós. Nós é
que decidimos se esse vai ser o primeiro passo para construirmos um futuro
diferente, se vamos desconstruir a imagem que a sociedade tem, de que quando
entramos no cárcere não temos mais jeito. Temos, sim! Basta querer”, declarou
Sávio de Paula.