O conselho gestor do Fundo de
Desenvolvimento da Cacauicultura no Pará (Funcacau) aprovou nesta quarta-feira,
13, projetos que vão garantir assistência técnica, pesquisa e aumento das áreas
agricultáveis para o cacau no Pará. A reunião, na Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), foi presidida pelo secretário
Giovanni Queiroz, que considera a cultura do cacau uma alternativa para reduzir
a pobreza no Pará.
"Segundo informações do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 30% da população do Pará estão
abaixo da linha de pobreza e a agricultura pode reduzir esse índice, sendo a
cacauicultura uma boa alternativa de investimento aproveitando os recursos do
Funcacau", explicou o secretário. As ações que incentivam a organização
socioprodutiva serão prioridades para facilitar o aumento da renda dos produtores.
A maior deficiência do setor
agrícola está na assistência aos produtores, pela falta de pessoal qualificado,
por isso, o projeto da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
(Emater), que envolve recursos de R$ 11,83 milhões, com repasses até 2021, foi
aprovado por unanimidade.
Em janeiro do próximo ano serão
contratados 270 novos técnicos que ingressarão no Estado por meio de concurso,
a ser realizado até dezembro. Destes, pelo menos 30 atuarão na área da
cacauicultura e serão capacitados pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura
Cacaueira (Ceplac).
A ampliação do cultivo de cacau
em áreas de várzea foi o projeto apresentado pela Ceplac e aprovado com
recursos de R$ 16 milhões, que serão aplicados até 2024. A ideia é testar
modelos de sistemas agroflorestais que misturam cacau e açaí nas várzeas altas
(não inundáveis) e baixas (inundáveis), para validar experiências bem sucedidas
de comunidades ribeirinhas de sete municípios do Baixo Tocantins.
"O plantio nessas áreas tem
baixo nível tecnológico e é pouco competitivo, mas possui vantagens que, se bem
trabalhadas, poderão duplicar a produção de quatro mil para oito mil toneladas
de cacau de várzea", informou o especialista em sistemas agroflorestais
Paulo Silva Neto, da Ceplac.
A instalação do primeiro
Laboratório de Análise Sensorial do Pará foi outro projeto aprovado pelo
conselho do Funcacau. O laboratório será montado pelo Centro de Valorização de
Compostos Bioativos da Universidade Federal do Pará, com recursos de R$ 300
mil, sendo 10% garantidos pelo presidente da Federação Agropecuária do Pará
(Faepa), Carlos Xavier, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
(Senar). A análise sensorial determina a aceitabilidade e a qualidade das
amêndoas de cacau, hoje feita no laboratório da Bahia, o que aumenta o custo
dos produtores.
Será implantada no campus da
Ufpa, em Altamira, no sudoeste paraense, uma incubadora de empresas para dar
suporte aos empreendedores das cadeias do cacau e agricultura familiar. O total
de recursos do projeto da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e
Educacação Técnica e Tecnológica (Sectet) é de R$ 584,5 mil, sendo R$ 377 mil
do Funcacau. "A incubadora de empresa incentiva o desenvolvimento regional
e agrega valor aos produtores", justificou a secretária adjunta, Amélia
Enriquez.
Novas informações sobre áreas com
aptidão ao cultivo de cacau no Pará serão fornecidas pelo projeto de mapeamento
e monitoramento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O
estudo será feito por meio das imagens de sensores remotos de alta resolução
que apontarão com segurança novas áreas agricultáveis e antropizadas para o
cultivo de cacau no Estado. O projeto de R$ 1,85 milhão contará com R$ 267 mil
do Funcacau.
O conselho gestor do Funcacau,
que reúne representantes de 16 instituições, aprovou ainda recursos de R$ 243
mil para garantir a participação de oito produtores e técnicos paraenses no
Salão do Chocolate de Paris, na França, em novembro. Além do Pará, o estande
brasileiro também terá representantes do Espírito Santo e da Bahia, que terão
contato com chocolatiers europeus em rodadas de negócios.