Até o final desta semana a
Prefeitura de Belém vai publicar um decreto municipal que institui o projeto
“Calçadas Paraenses”. O anúncio da implementação desse projeto foi feito pelo
prefeito Zenaldo Coutinho na última quinta-feira, 21, durante a abertura do
evento Belém Design Zones (BDZ).
O projeto “Calçadas Paraenses”
visa a uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Belém e empresários locais
para que seja implantada, em ruas da capital paraense, a versão local dos
parklets, que são espaços públicos de convivência, dotados de cadeira,
poltronas, mesinhas e outros equipamentos, onde as pessoas podem se sentar para
conversar e se divertir com os amigos. A ideia é que esses espaços - uma
espécie de pracinha - fiquem localizados em frente a estabelecimentos
comerciais, que passariam a ser os padrinhos de cada local.
Os parklets, que já existem em
várias cidades do mundo, são áreas contíguas às calçadas, onde são construídas
estruturas a fim de criar espaços de lazer e convívio onde anteriormente havia
vagas de estacionamento de dois carros, e representam uma boa oportunidade para
que os empreendedores ocupem pontos da cidade com talento e criatividade.
O primeiro parklet foi instalado
em São Francisco, nos Estados Unidos, em 2005, mas só chegou ao Brasil oito
anos depois, precisamente em São Paulo (SP). Esses locais já estão
regulamentados ou estão em vias de serem regularizados em muitas cidades do
Brasil, como Campo Grande (MT), Recife (PE), Fortaleza (CE), Belo Horizonte
(MG), Curitiba (PR), Goiânia (GO), Rio Branco (AC), Sorocaba (SP) e Porto
Alegre (RS), e agora chegarão a Belém.
Viabilidade - A proposta do
projeto “Calçadas Paraenses” partiu da própria Prefeitura de Belém, buscando integrar
ainda mais os moradores com a promoção do sentimento de pertencimento por toda
cidade. “O decreto do projeto ‘Calçadas Paraenses’ já está assinado e será
publicado em breve, juntamente com um manual, no qual constarão as regras de
uso desses locais”, adiantou João Cláudio Klautau, presidente da Companhia de
Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (Codem).
As Secretarias Municipais de
Urbanismo (Seurb) e de Meio Ambiente (Semma), além da Superintendência
Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) e a Codem, são as instituições
por meio das quais a Prefeitura de Belém vai implementar o projeto.
“Após a publicação do projeto, já
poderemos receber as propostas dos empresários para a implementação dos
parklets. No manual vão constar regras sobre as dimensões dos locais, placas
indicativas a que se destina o parklet, quem pode usá-lo, tempo em que ficará
instalado, entre outros (dados). O custo da instalação é todo dos empresários,
e à Prefeitura caberá analisar o projeto, deliberar e aprovar sobre a
implantação, especialmente na questão do trânsito, visto que esses locais não
podem interferir, nem prejudicar o fluxo dos carros. A Prefeitura dará suporte
completo ao projeto de instalação desses locais, por meio de suas entidades”,
explica João Cláudio.
Instalação - O empresário Bernard
Cunha Rodrigues aproveitou a realização do BDZ em Belém, no último final de
semana, e junto com os sócios dele fizeram a experiência de instalar um
parklet, durante os quatro dias do evento, em frente à loja deles, na Avenida
Braz de Aguiar, cujo retorno foi o melhor possível. “O público respondeu muito
positivamente à instalação do parklet e nos pediram para que ele fosse mantido.
Não só o público apoiou, como também empresários que têm lojas próximas à
nossa. E três deles já manifestaram vontade de colaborar numa futura instalação
permanente do parklet”, informou o empresário.
Rodrigues adianta que, após a
futura implantação do parklet, ele e os sócios levarão adiante o projeto
“Laboratório da Cidade”, que consiste, entre outras iniciativas, na instalação
nesse local de 29 sensores que vão poder levantar e coletar dados sobre temperatura,
número de pessoas que passam pelo local, nível de poluição e outros. “De posse
desses dados, poderemos ajudar a Prefeitura de Belém a pensar melhor a forma
como as pessoas se relacionam com a cidade”, disse o empresário.
O parklet montado na Avenida Braz
de Aguiar utilizou o material conhecido como pallets, que são estrados de
madeira usados para movimentação de cargas, na montagem do espaço. Os pallets
foram doados aos empresários por uma rede de supermercados de Belém. “Eu gostei
muito de ver como eles usaram esse material, e explicaram que isso é uma forma
de não prejudicar o meio ambiente. Eu mesmo já vi esse tipo de madeira jogada
no lixo e formando entulho. Além disso, muita gente veio aqui para conhecer de
perto esse novo local, o que movimentou bastante a rua”, disse o guardador de
carros Carlos Adolfo Silva.