Após décadas como um dos
principais produtores de ouro do planeta (o auge foi nos anos 1980, com o
garimpo de Serra Pelada), o Pará ganha uma refinaria de ouro e vai gerar uma
cadeia econômica a partir da verticalização da produção. O Protocolo de
Intenções foi assinado nesta segunda-feira, 5, pelo governador Simão Jatene e
pelos representantes da Tony Goetz, empresa belga, e das mineradoras Serabi
Gold e Brazauro, que vão fornecer a matéria-prima - ouro, extraído no município
de Novo Progresso.
Por questões estratégicas, como a
segurança, a refinaria será implantada em terreno cedido pelo Infraero dentro
da área do aeroporto de Belém. A Tony Goetz terá capacidade instalada para
refinar até 20 toneladas de ouro por ano, gerando 50 empregos diretos na
operação e centenas de indiretos, na cadeia gerada (artesãos, Polo Joalheiro,
fábricas de jóias e acessórios, ourives, joalherias). O investimento é de R$ 35
milhões, podendo chegar a R$ 40 milhões. A previsão é começar a operar em
dezoito meses.
Verticalização - O processo de
instalação da refinaria é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), com apoio da Companhia de
Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec).
O titular da Sedeme, Adnan
Demachki, destacou que a implantação de uma refinaria de ouro no Pará é
especialmente emblemática por ser na cadeia da mineração, uma das mais fortes
do Estado, entre as 14 desenvolvidas no âmbito do Pará 2030. “A refinaria se junta
a outras importantes conquistas nessa área, como a ampliação da produção da
Alubar, em quase 50%, e a implantação da Alloys, que vai produzir, entre
outros, tarugos, esquadrilhas e rodas, também a partir do alumínio”, detalhou.
Conrad Issa, representante da
Tony Goetz, garantiu que a refinaria “será uma das indústrias mais modernas do
mundo no setor, trazendo para cá a tecnologia belga desenvolvida em vários
continentes, inclusive na África”.
Roselito Soares, representante da
Omex, sócia da Tony Goetz no projeto, elogiou os eixos e a estratégia do
programa Pará 2030 e disse que a nova indústria vai refinar, em Belém, não
apenas ouro proveniente do Pará, mas também de todo o Centro Oeste. Com isso,
em vez de enviar ouro para refinar em São Paulo, como acontece, o Pará
inverterá o processo. “Vamos competir em pé de igualdade com qualquer empresa
nacional”, afirmou.
Roberto Guimarães, da Brazauro,
gigante canadense que implanta uma mineradora de ouro em Itaituba (investimento
de 500 milhões de dólares, para produzir 5 toneladas anuais de ouro, gerando na
operação 650 empregos diretos, a partir de 2020) disse que está no radar da
empresa produzir também outros metais preciosos e ligas de prata, além de
matérias-primas para joalherias.
Fábio Costa, presidente da Codec,
disse que a implantação da refinaria abre um leque de grandes oportunidades,
pois vai gerar uma cadeia em torno do ouro refinado, desenvolvendo o Polo
Joalheiro e atraindo grandes fabricantes de joias e acessórios. “Já estamos
prospectando estes parceiros, com o fim de consolidar um projeto
mínero-metalúrgico com a cadeia completa”, informou.
Ulisses Melo, da Sarubi Gold,
destacou que a qualificação de mão-de-obra é fundamental no processo de
empregos qualificados no Pará, especialmente no interior, e foi informado pelo
secretário Adnan Demachki que o governo do Estado criou o Pará Profissional,
que desenvolve mão-de-obra qualificada para as 14 cadeias enfeixadas no Pará
2030.
Mercado bilionário - O ouro é um
dos ativos financeiros mais sólidos do mercado, sempre utilizado como reservas
por causa da alta liquidez e da segurança. O Brasil hoje é o 12° maior produtor
mundial e o Pará, o 2° maior produtor nacional (em 2016, foram 19,7 toneladas,
de acordo com o Anuário Mineral Brasileiro).
O Pará abriga hoje várias
plantas, grandes e pequenas, de produção de ouro e a demanda nacional é maior
que a oferta. Com a refinaria, o Estado se insere num mercado que movimenta 2,3
bilhões de reais no Brasil, e também se tornará, em 2019, o maior produtor mineral
do país, superando Minas Gerais.
A refinaria vai produzir barras
de ouro certificadas internacionalmente, pela Associação do Mercado de Metais
Preciosos de Londres (LBMA - London). “Isso possibilita a atração de
empreendimentos joalheiros de todos os portes e insere o Pará de forma
consistente no mercado internacional”, finalizou o secretário Adnan Demachki.