Caiu o número de casos de doença
meningocócica (meningite meningocócica e/ou meningococcemia) no Pará em 2017.
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan),
coletados até 26 de dezembro do ano passado, foram confirmados 36 casos, contra
42 em 2016, informa a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
Apesar da queda no número de casos, a
enfermeira epidemiologista Maria de Fátima Chaves Oliveira, chefe da Divisão de
Vigilância Epidemiológica da Sespa, alerta a população para que mantenha as medidas
preventivas contra a doença, principalmente nesse período de chuvas intensas,
quando as pessoas procuram locais fechados.
Neste ano, o Pará já registrou, até 29
de janeiro, cinco casos de doença meningocócica - infecção bacteriana aguda
causada pela bactéria Neisseria meningitidis. Quando se apresenta na forma de
doença invasiva, caracteriza-se por uma ou mais síndromes clínicas, sendo a
meningite meningocócica a mais freqüente, e a meningococcemia (infecção
generalizada) a forma mais grave. “É uma doença grave que pode levar à morte
rapidamente”, afirmou Fátima Oliveira.
A meningite acomete as membranas do
sistema nervoso central, as meninges, e pode ser causada por diversos agentes
infecciosos, como bactérias, vírus e fungos, e não infecciosos, como
traumatismos. Devido à gravidade, merecem maior preocupação as meningites
bacterianas meningocócica, meningococcemia e a causada pelo Haemophilus
influenza. Incluindo todas as formas da doença (infecciosas e não infecciosas),
o Pará teve 435 casos de meningite confirmados em 2016, e 455 em 2017.
Contágio - Pode-se contrair a meningite
por contato direto com secreções respiratórias de pessoas infectadas,
assintomáticas ou doentes. Em crianças e adultos, os principais sintomas são
febre, dor de cabeça forte, náuseas, vômitos, dor e enrijecimento da nuca, e
manchas pelo corpo.
Entre os sintomas da doença
meningocócica, além de febre e dor de cabeça, tanto em criança como em adulto,
estão pintas arroxeadas, que com o passar do tempo se tornam manchas, bem diferentes
das pintas vermelhas apresentadas em casos de dengue, que também causa febre,
dor de cabeça, dor nos olhos, músculos e articulações.
Em bebês com até nove meses deve-se
suspeitar da doença quando há febre, irritação ou agitação, vômitos e recusa
alimentar, convulsões e parte superior da cabeça (popularmente chamada de
"moleira") inchada.
Conforme Fátima Chaves, uma das medidas
preventivas mais importantes é cumprir o calendário básico de vacinação
estabelecido para crianças e adolescentes, que dispõe de cinco tipos de vacina:
meningocócica C conjugada para crianças de três meses a 4 anos, 11 meses e 29
dias de idade, e adolescentes de 11 a 14 anos; vacina pentavalente para
crianças de dois meses a 06 anos, 11
meses e 29 dias de idade, que protege contra meningite e outras infecções
causadas pelo Haemophilus influenzae b, além de difteria, tétano, coqueluche e
hepatite B; vacina BCG, para crianças ao nascer até quatro anos, 11 meses e 29
dias de idade, que protege contra formas graves de tuberculose (miliar e
meníngea); vacina pneumocócica 10-valente (conjugada) para crianças de dois
meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade, contra doenças invasivas e otite
média aguda causada por Streptococcus pneumoniase de 10 sorotipos, e a vacina
polissacarídica contra o S. paneumoniase 23-valente, disponibilizada para a
população indígena acima de 2 anos de idade e também para quem já completou 60
anos, pois protege contra infecções pneumocócicas (meningite pneumocócica) de
23 sorotipos.
Cuidados - Além da vacinação, Fátima
Chaves destacou outras formas de proteção, como lavar as mãos com água e sabão
ou higienizar com álcool para evitar disseminação de vírus e bactérias; evitar
o compartilhamento de alimentos, bebidas, pratos, copos e talheres; não mandar
crianças com febre para a escola, e não ficar em ambientes fechados e sem
circulação de ar.
A enfermeira disse ainda que, em caso de
dúvidas sobre os sintomas da doença, é importante procurar logo um médico,
principalmente se for criança. “A meningite bacteriana, em particular, deve ser
tratada o mais cedo possível”, reiterou a epidemiologista.
Serviço: Para o primeiro atendimento,
usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) devem procurar as Unidades Básicas de
Saúde ou as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Se houver suspeita da
doença, a pessoa será encaminhada para a Unidade de Diagnóstico de Meningite,
no Hospital Universitário João de Barros Barreto, em Belém. Os casos suspeitos
envolvendo pacientes atendidos pelo serviço médico privado deverão seguir o
fluxo de atendimento de sua rede conveniada ou procurar uma unidade do SUS.