A regulamentação da profissão de radialista é positiva. Ao menos é o que analisa Guliver Leão. Ele é presidente da Federação Nacional de Empresas de Rádio e Televisão (Fenaert) |
Apesar da intensa evolução tecnológica
pela qual o setor da radiodifusão passou nas últimas décadas, a legislação que
regulamenta a profissão de radialista permanecia a mesma desde 1979. Foi quando
entrou em vigor. O decreto que atualiza essa legislação foi publicado no Diário
Oficial. Ela vigora desde 5 de abril. A ação se deu após ampla discussão sobre
a necessidade de adequação aos tempos atuais. A ação colabora com a preservação
da atividade dos radialistas e traz segurança jurídica para as empresas do
setor.
A (Federação Nacional de Empresas de
Rádio e Televisão) Fenaert entende que é muito positiva a iniciativa do
Legislativo, apoiada pelo governo federal. O órgão identificou a defasagem da
regulamentação que era aplicada até então, com mais de 30 anos de vigência;
visto que não se pode amparar a regulação de uma atividade com base em
equipamentos. Isso muda com frequência cada vez maior. Além disso, manter
outras funções sob a mesma regra é descabido. Vale lembrar ainda que a Lei
13.424 de 28 de março de 2017 determinou a atualização do quadro de funções dos
radialistas com a reanálise e readequação do decreto-lei, dando prazo para que
o Ministério do Trabalho se manifestasse sobre a questão.
“Várias das funções listadas no antigo
decreto já nem existem mais e outras estão defasadas”
Em razão da desatualização, várias das
funções listadas no antigo decreto já nem existem mais. Outras estão defasadas
em decorrência da multifuncionalidade trazida pelo avanço da tecnologia. A
legislação da década de 70 regulamentou as funções com base em equipamentos que
já estão obsoletos. Existia, até então, uma dificuldade por parte das emissoras
de radio e TV em enquadrar profissionais nas funções que hoje exercem. Vale
dizer que já saímos da era analógica e vivemos na era digital.
Outro ponto importante a destacar é que,
sem sentido, a regulamentação recaía também sobre profissionais de outros
setores que não são próprios ou exclusivos da radiodifusão. A profissão
englobava quase 100 funções entre atividades técnicas e de produção. Sério!
Vejam os exemplos: cabeleireiro, técnico de ar condicionado, eletricista e
mecânico. Todos, até então, quando funcionários de uma emissora de rádio ou TV,
cumpriam jornada de trabalho reduzidas, diferente do aplicado no mercado, com
contratos diferenciados.
“Haverá menos burocracia”
A Fenaert comemora o fato de que, a
partir de agora, haverá menos burocracia para a contratação de profissionais
pelas empresas do setor. Até então, as funções regulamentadas só podiam ser
exercidas por profissionais com registro prévio na delegacia regional do
trabalho para cada função. Agora, espera-se uma situação bem mais favorável
para as empresas e os colaboradores.
Enfrentávamos, até o momento, forte
assimetria regulatória entre o setor de radiodifusão e canais estrangeiros,
portais de internet e demais distribuidores e produtores de conteúdo. Esses,
mesmo que utilizando profissionais com as mesmas habilidades técnicas, não
precisavam se sujeitar à ultrapassada Lei do Radialista. Essa situação gerava
uma concorrência desnivelada: empresas de conteúdo que concorrem no mesmo
mercado, mas que não estavam sujeitas às mesmas regras.
Um ponto importantíssimo a ressaltar é
que a atualização das funções não vai gerar demissões. Pelo contrário, vai
permitir o desenvolvimento e capacitação dos profissionais para trabalhar com
novas tecnologias e plataformas de comunicação. A atualização é importante
tanto para as empresas, que terão segurança jurídica para atuar, como para os
funcionários. Esses se adaptarão a uma nova realidade de mercado. Ao defender a
atualização da lei, o setor promove a subsistência da própria atividade da
radiodifusão: as empresas poderiam terceirizar a mão-de-obra contratando
produtoras de conteúdo, o que seria uma via legal, mas está lutando para
preservar a atividade, porém regulamentada de acordo com a realidade atual.
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Por Guliver Leão, presidente da Fenaert.