Hospital Ophir Loyola faz cirurgia pioneira no Estado do Pará




Uma equipe de diversas especialidades do Hospital Ophir Loyola (HOL), referência no tratamento do câncer no Pará, realizou no dia 2 de maio, um procedimento cirúrgico, pioneiro no Estado do Pará, denominado de Hemicorporocetomia. O paciente que passou pela cirurgia estava acometido de neoplasia localmente avançada da região pélvica. A cirurgia removeu 40% do corpo do paciente, isto é, toda a porção inferior (pelve e membros inferiores), utilizando retalho vascularizado do músculo anterior da coxa para servir de apoio aos órgãos internos abdominais e coluna lombar remanescente, durante o fechamento do tronco.

A intervenção radical era a única proposta curativa já que o tumor evoluiu com invasão óssea; contudo garantiu a vida de Saulo Melo, 31 anos, residente no município de Vigia, que nasceu como portador de espina bífida, malformação congênita resultante da interrupção precoce do tubo neural, tendo ao longo de seus trinta anos desenvolvido diversas úlceras de pressão que, posteriormente, evoluíram para o câncer. Após o esgotamento de todas as abordagens clínicas possíveis, o procedimento foi sugerido como último recurso para preservar sua existência e tentar oferecer uma qualidade de vida mais satisfatória.

O caso em questão foi exaustivamente discutido em diversas reuniões da equipe multidisciplinar, pois o paciente apresentava sangramento frequente, anemia, além de ser portador de tipo sanguíneo raro, O (-). Essa condição elevou o risco de óbito cirúrgico para cerca de 90%. O paciente e a família passaram por avaliações psicológica e psiquiátrica, sendo o caso submetido a parecer especializado da Comissão de Ética Médica do HOL, para então o procedimento poder ser realizado. “Eu estava com uma ferida enorme e muito infeccionada. Não tinha opção, a não ser confiar em Deus e nos médicos", disse o paciente a respeito de sua condição clínica.

O especialista em cirurgia oncológica, Dr. Rafael Maia, explica que a Hemicorporectomia é considerada uma cirurgia de alta complexidade associada à colostomia, e que é empregada como procedimento de exceção. "O Saulo tinha pernas, mas elas eram atrofiadas pela sequela neurológica. A qualidade de vida dele era péssima com problemas urinários e fecais, além de feridas e intercorrências respiratórias. A cirurgia lhe ofereceu uma nova perspectiva, o que o obrigará adaptar-se a nova realidade, entretanto, com melhor qualidade de vida”, enfatizou.

Cada passo realizado teve planejamento prévio, cuidados específicos foram tomados no pré e pós-operatório, envolvendo uma equipe multidisciplinar com mais de vinte médicos de diversas especialidades, como cirurgia oncológica, cirurgia plástica, cirurgia vascular, nefrologia, hematologia, urologia, terapia intensiva, além de enfermagem, fisioterapia e outros profissionais. Os especialistas tinham ciência de que enfrentariam situações limites. “Devido à grande perda sanguínea, foram utilizadas dez bolsas de concentrado de hemácias, dez de crioprecipitado, dez de plaquetas, oito unidades de plasma, além de cinco frascos de albumina humana”, destacou a anestesiologista Roberta Moreira.

A equipe contornou todas as dificuldades hemodinâmicas transitórias ocorridas durante a cirurgia, que culminaram com o sucesso da mesma. O procedimento realizado teve duração aproximada de 12 horas, com o paciente sendo encaminhado ao CTI, onde recebeu todos os cuidados da equipe multidisciplinar da Unidade, necessários a sua rápida e contínua recuperação. O paciente esteve por quatro dias nessa Unidade e, no momento, encontra-se na enfermaria em seu nono dia de internação hospitalar.

A próxima etapa em direção a recuperação do paciente, será a reabilitação especializada a que terá de ser submetido dentro do Sistema de Saúde do Estado do Pará, com a finalidade de alcançar a melhora da qualidade de vida.