A Secretaria de Estado de Saúde Pública
(Sespa) anunciou na sexta-feira (11), durante entrevista coletiva, que
intensificará a investigação dos casos suspeitos de raiva humana em Melgaço, no
Arquipélago do Marajó. “A prioridade é a distribuição de vacina e soro
antirrábicos humanos e vacina antirrábica animal. Além disso, também estamos
entregando mosquiteiros para a população que reside no entorno da localidade de
Rio Laguna, cerca de 70 km de Melgaço. Coletas sorológicas foram realizadas em
pacientes internados, as quais o Estado já encaminhou para o Instituto Pasteur,
em São Paulo, referência no diagnóstico de raiva”, afirmou o secretário de
Estado de Saúde Pública, Vitor Mateus.
Desde o dia 4 de maio equipes da
Vigilância Epidemiológica e Vigilância em Saúde estão no local para investigar
as suspeitas, em parceria com a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do
Pará (Adepará) e Ministério da Saúde. Segundo o levantamento, são 10 casos
suspeitos envolvendo crianças, com idade entre 2 e 11 anos. Destes, um está
internado na Santa Casa de Misericórdia, em Belém, e quatro no Hospital
Regional de Breves, a maioria em estado considerado grave. Em outros cinco
casos os pacientes faleceram.
Todos apresentam quadro semelhante, com
sinais e sintomas como febre, dispneia, cefaleia, dor abdominal e sinais
neurológicos - paralisia flácida ascendente, convulsão, disfagia (dificuldade
de deglutir), desorientação, hidrofobia e hiperacusia (sensibilidade a sons,
principalmente agudos). Inicialmente, a hipótese diagnosticada foi meningite.
Porém, com as últimas atualizações e histórico dos casos, foi levantada a
suspeita de raiva humana. Ainda não há confirmação laboratorial referente ao
que teria ocorrido com os pacientes.
A equipe que iniciou a investigação é
composta de técnicos do Departamento Epidemiológico e do Centro de Informações
Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde da Sespa, além de profissionais
da Coordenação Estadual de Zoonoses do 8º Centro Regional de Saúde (CRS). Está
sendo realizada investigação epidemiológica dos casos suspeitos, com revisão de
prontuários dos pacientes, e entrevista de familiares nas localidades de
residência. A Secretaria de Saúde de Melgaço faz o registro de dados e
atualização dos sistemas de informação. “Também estamos trabalhando para o
controle seletivo de morcegos (quirópteros) e na investigação eco
epidemiológica. Estamos organizando um planejamento para fortalecer as ações”,
disse o diretor do Departamento Epidemiológico da Sespa, Amiraldo Pinheiro.
Foram estabelecidos fluxos e protocolos
para o manejo e referência dos pacientes, coleta e diagnóstico de investigação
de doenças, com envolvimento da Vigilância em Saúde da Sespa, Ministério da
Saúde, Santa Casa de Misericórdia do Pará, Hospital Municipal de Melgaço, Hospital
Municipal de Breves, Laboratório Central do Estado (Lacen), Instituto Evandro
Chagas, Hospital Barros Barreto e 8º CRS.
Histórico - A Sespa esclarece que casos
confirmados de raiva humana no Pará não ocorrem desde 2005, quando 15 foram
registrados no município de Augusto Corrêa e três em Viseu (no nordeste
paraense) – todos por transmissão de morcego hematófago.
No caso de Portel (município do Marajó),
os últimos casos de raiva humana ocorreram em 2004, atingindo 15 pessoas –
também todas transmitidas por morcego hematófagos, assim como os seis casos
confirmados em Viseu, no mesmo ano. No histórico epidemiológico de raiva humana
no Estado, 53 casos foram confirmados entre 1996 e 2005.