O
190 funciona para comunicação de urgências e emergências, ou seja, fatos que
estejam em andamento ou tenham acabado de ocorrer, e é gerenciado pelo Centro
Integrado de Operações (Ciop), que agrega todos os órgãos de segurança pública
do Estado: Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Detran e a
Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe).
Ao
ligar para o 190, o cidadão diz seu nome, faz o relato do que está acontecendo
ou aconteceu e os atendentes fazem o registro. Após o primeiro contato, a
ocorrência é despachada para o órgão competente, que, em seguida, aciona a
guarnição mais próxima para atender o cidadão. Roubos, furtos, assaltos com
refém, acidentes de trânsito - com e sem vítima - , atitude suspeita, brigas,
problemas com animais, lesão corporal, dentre outros, devem ser registrados no
Ciop por meio do 190.
“Funcionamos
24 horas por dia, sete dias por semana, sem interrupções, atendendo as chamadas
de toda a Região Metropolitana de Belém. Além disso, temos 109 câmeras de monitoramento
espalhadas pelos municípios da região metropolitana, fazendo diligências e
verificando atos suspeitos antes mesmo de alguém avisar”, explicou a delegada
Danielle Souza, diretora do Ciop.
Mesmo
com um número alto de chamadas recebidas durante um ano inteiro, que chega
próximo a três milhões, a delegada afirma que mais de 90% são atendidas.
“Antigamente, a cada 10 ligações, conseguíamos atender entre quatro e cinco
chamadas, mas com o aumento dos investimentos na área de segurança, principalmente
de pessoal para o Ciop, posso afirmar que 97% das ligações são atendidas, com
tempo médio de espera na linha de apenas cinco segundos. Em horários de mais
chamadas, como o da noite (18h às 0h), por exemplo, esse tempo não ultrapassa
15 segundos”, complementou a delegada.
Durante
a ligação, tempo é um dos fatores mais importantes. Diferente das ligações para
o 181, que devem ter o maior número de detalhes possíveis, as chamadas para o
190 devem ser objetivas. “O cidadão liga, diz seu nome, o que está ocorrendo e
o endereço. As ligações duram em média de três a cinco minutos e não devem
passar disso. Quanto mais rápido o registro, mais rápido é o acionamento de
viaturas. Vale lembrar que o Ciop faz a mediação entre cidadão e o órgão de
segurança, não somos nós que vamos até o local fazer os atendimentos”,
complementou a diretora do Centro.
Disque
Denúncia
Já
o 181 é o telefone a ser discado para denúncias anônimas, que podem ser feitas
pelo cidadão que tenha informações mais detalhadas e completas de uma ocorrência,
seja tentando prevenir algo que ainda não ocorreu, ou alguma informação que ele
possua e que irá servir para auxiliar as polícias na elucidação de um crime já
ocorrido.
“No
Pará, o Disque Denúncia atende todos os municípios do Estado. A ligação é
gratuita e o sigilo dos dados repassados e o anonimato do denunciante são
garantidos. Ao final da ligação, o cidadão recebe um número de protocolo para
acompanhar as providências adotadas após a realização das diligências. É um
trabalho de inteligência, realizado minuciosamente por policiais capacitados
que avaliam as denúncias e trabalham em cima delas. Casos emblemáticos, como o
do ‘Maníaco da Ceasa’ (condenado pela morte de três crianças), foram elucidados
com a ajuda de informações de pessoas que ligaram para o 181”, explicou o
delegado Raimundo Benassuly, diretor do Disque Denúncia.
O
delegado reforça a diferença entre o 190 e o 181 e afirma que até hoje o
telefone recebe muitas demandas que não são de sua competência. “Infelizmente,
às vezes nossos atendentes ficam ocupados com essas outras demandas, o que
atrapalha o serviço, mas o apoio do cidadão é essencial. Quem tiver pistas
sobre o paradeiro de algum procurado, informações sobre um crime ou alguma
informação que nos auxilie a desvendar uma ocorrência deve ligar para o 181.
Situações de urgência e emergência somente com o 190”, complementou.
Números
Em
2016, o 181 recebeu 38.662 ligações. Dessas, 23.668 foram válidas e delas
encaminhados 23.496 dossiês, sendo as Polícias Civil e Militar as que mais
recebem essas denúncias, chegando a 98,5%. Já em 2017, foram 47.242 chamadas
recebidas. Dessas, 25.244 foram válidas e delas encaminhados 25.254 dossiês,
também sendo 98,5% direcionadas para a PM e PC.
Não
se pode negar a importância que os dois canais possuem, mas um problema grave
também prejudica o bom andamento dos atendimentos: os trotes. Das 38.662
chamadas para o 181 em 2016, 14.994 foram trote, número que saltou em 2017 para
21.998 em 47.242 ligações.
No
Ciop, em 2016, das quase três milhões de chamadas recebidas, 850 mil foram
falsas, e em 2017, de quase 2,2 milhões de chamadas, 365 mil foram trotes. Os
diretores dos dois órgãos compartilham da mesma ideia. “As pessoas precisam se
conscientizar de que uma ligação falsa atrapalha o atendimento, por exemplo, de
um fato real, e até mesmo vidas podem ser perdidas com isso”, ponderam.