Nesta semana, a lei federal nº 11.705,
mais conhecida como Lei Seca, completou dez anos. De lá para cá, mesmo com o
aumento no rigor da fiscalização em relação aos motoristas que dirigem
embriagados, o problema continua sendo uma das principais causas de morte no
trânsito no País, de acordo com a Associação Brasileira de Medicina do Trabalho
(Abramet).
Para quem sobrevive à experiência, na
maioria das vezes, a recuperação não é fácil. É o que tem vivido o carpinteiro
Francisco de Sousa da Silva, de 35 anos, que está internado há mais de uma
semana no Hospital Regional do Sudeste do Pará - Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em
Marabá (PA). 'Só lembro de ter parado para beber com uns amigos e acordar dois
dias depois no hospital. Agora que vi que poderia ter morrido, entendo que
álcool não combina com direção. Hoje estou internado e minha esposa teve que
parar de trabalhar para cuidar de mim e dos nossos filhos. Tivemos que ajustar
tudo em casa em função desse acidente. Então decidi: bebida, agora, só água!',
afirmou o paciente.
Ao lado de Francisco, seu Geraldo
Pinheiro, de 60 anos, também se recupera de um acidente de trânsito. Embora a
causa do trauma não tenha sido a
ingestão de bebida alcoólica, ele conta que há 15 anos viveu experiência
semelhante a do colega de enfermaria. 'Levei três pontos na testa e um mês para
me recuperar. Depois, diminui a bebida e, quando sei que vou dirigir, não
coloco nenhuma gota na boca. Aprendi a lição', contou seu Geraldo.
Atendimentos
Referência em atendimento de trauma de
média e alta complexidades, o Hospital Regional de Marabá recebe a maioria das
vítimas de acidentes em estado grave ocorridos no sudeste paraense. Nos cinco
primeiros meses de 2018, dos 2.438 pacientes que deram entrada na unidade, 19%
se envolveram em acidentes de trânsito.
Somando com os atendimentos realizados
por outras três unidades públicas do Pará, gerenciadas pela Pró-Saúde
Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato com a
Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), já passam de 2,2 mil vítimas de
acidentes atendidas somente de janeiro a maio deste ano.
Desse total, 1.596 foram admitidos no
Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua; 472 pelo
Hospital Regional de Marabá; outros 148 deram entrada no Hospital Regional
Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira; e 81 receberam atendimento no
Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém.
Prevenção
Como 80% dos acidentes podem ser
evitados, segundo especialistas da área, desde 2016, a Pró-Saúde realiza o
programa 'Direção Viva: Você Consciente, Trânsito mais Seguro!' nas unidades
públicas do Pará, com o apoio da Sespa, Departamento de Trânsito do Pará
(Detran-PA), Polícia Rodoviária Federal, universidades e escolas técnicas,
dentre outras instituições.
A iniciativa é um projeto contínuo de
promoção de ações de educação em saúde, voltadas à conscientização sobre as
sequelas oriundas de traumas por acidentes de trânsito. As orientações são
repassadas por meio de rodas de
conversa, exposição, memorial, palestras e blitze educativas.
De acordo com o diretor-geral do HRSP,
Valdemir Girato, o esforço conjunto das instituições para reduzir o número de
acidentes ajuda a promover a qualidade de vida na região. 'Sempre contamos com
o apoio de outras instituições em nossas ações. Sem dúvida, isso tem
contribuído para o fortalecimento das estratégias de enfrentamento à
insegurança no trânsito', comentou o gestor.
Em Marabá, a próxima edição do programa
'Direção Viva' ocorrerá nos dias 25 e 26/6, durante o 2º Fórum de
Municipalização de Trânsito, no Carajás Centro de Convenções. O evento será
promovido pelo Departamento de Trânsito do Estado e Ministério Público do
Estado, com o objetivo de discutir ações de educação para o trânsito,
fiscalização e engenharia.