Um microterremoto no início da manhã
desta quarta-feira, 18 de julho, assustou os moradores da cidade de Baião, que
fica a 650 km de Belém, na região conhecida como Baixo Tocantins. Segundo
moradores do município, a terra já tremeu outras duas vezes. O sismólogo,
Lourenildo Barbosa Leite, pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA),
explica que tremores de terra ocorrem em todas as regiões do planeta, portanto,
também podem e acontecem na Amazônia.
De acordo com a Rede Sismográfica
Brasileira (RSBR), o evento sísmico ocorreu as 6h56, horário de Brasília. O
tremor foi estimado com magnitude 2.7 na escala Richter, por estações
localizadas nas cidades de Macapá, no estado do Amapá; e de Tomé Açu, no Pará.
“Tremores pequenos não são incomuns no Brasil e são causadas por forças
tectônica agindo na crosta terrestre. No estado do Pará já foram registrados
nove eventos no ano 2018”, informa Marcos Ferreira, geofísico do Serviço
Geológico do Brasil.
Entre lendas e tremores na Amazônia -
Jéssica Tocantins, que vive em Baião, conta que não percebeu nenhuma alteração,
mas ouviu relatos de outros moradores, especialmente via redes sociais. “O
terremoto de hoje é uma preocupação para todos nós baionenses, não sabemos os
motivos que causam esse fenômeno e brincamos com suposições folclóricas de
‘cobra grande’”. A lenda da cobra grande é famosa na região Amazônica,
especialmente no Pará. E afirma que uma cobra de tamanho colossal vive no
subsolo de algumas regiões e é alimentada por clérigos ou moradores por poços ou
buracos, de tal modo que se ela se mover poderia causar um terremoto tão forte
que destruiria cidades.
Independente da lenda, “de foto,
precisamos entender melhor o porquê nossa cidade está tremendo. Me recordo de
pelo menos outras três vezes em que isso aconteceu”, descreve a relações
públicas que vive no Bairro Novo, em Baião. A reincidência dos tremores na
região relatados pelos moradores, pode indicar, justamente, a presença de
falhas ou fissuras geológicas. É o que explica o sismólogo da UFPA, Lourenildo
Barbosa Leite.
De acordo com o professor da Faculdade
de Geofísica da instituição, embora os terremotos estejam mais associados as
extremidades das placas tectônicas, eles de fato podem ocorrer em qualquer
lugar. Isso porque “a tensão sobre as placas se distribui por elas e existe
mesmo no centro. De modo que os tremores, em geral, podem ser aleatórios, mas
se ocorrem várias vezes numa mesma região é provável que haja nas proximidades
alguma fissura ou falha geológicaimportante, o que pode favorecer novos
tremores. Na Amazônia, em geral, tremores são raros e ‘leves’”, detalha.
O microterremoto e a UFPA - No Pólo da
UFPA no município de Baião, localizado no bairro Centro, também foi possível
perceber o abalo sísmico, embora o microterremoto não tenha passado de um
susto. “A coordenação do polo relatou o tremor, mas informou que nenhum
problema estrutural foi notado no nosso espaço. Temos atualmente 300 alunos
matriculados que estudam em Baião”, resume Doriedson Rodrigues, coordenador do
Campus da UFPA em Cametá, ao qual o Polo de Baião está ligado.
Em Belém, o aparelho de sismologia
pertencente ao Instituto de Geologia da UFPA, é usado para fins didáticos e,
por isso, não estava ligado no momento do abalo, por tanto, não registrou os
dados sobre esse fenômeno específico.
* Colaboração - Assessoria de
Comunicação da Universidade Federal do Pará