Polícias definem esquema para manter atendimento à população na área de Redenção





A Polícia Militar do Pará definirá, esta semana, como vai substituir, temporariamente, os policiais afastados de suas atividades, em decorrência da operação que culminou com a morte de dez pessoas na Fazenda Santa Lúcia, em Pau D’Arco, sudeste do Estado. Ao todo, 21 policiais militares e oito policiais civis compunham a operação, cujos procedimentos são objeto de investigação em inquéritos da Polícia Civil, PM e Ministério Público. Segundo o coronel Leão Braga, subcomandante da Polícia Militar do Pará, que voltou a Redenção nesta terça-feira (30) para acompanhar de perto as apurações e tratar dos encaminhamentos administrativos, o afastamento é um procedimento de praxe.

“Tão logo soube desse trágico episódio, o Sistema de Segurança do Pará adotou todos os protocolos recomendados nesses casos. O afastamento dos policiais é um deles. Não apenas para que a investigação seja feita com a isenção necessária, como também para prestar atendimento psicológico a quem precise”, esclareceu o coronel Leão Braga, subcomandante da Polícia Militar.

Para a substituição, ainda que temporária, a PM buscará reforço de efetivo em outras unidades. O período de exceção dos servidores militares é definido por vários fatores, entre os quais a avaliação psicológica dos policiais e os desdobramentos dos inquéritos. A princípio, os homens que integraram a operação ficam suspensos por 15 dias, prazo que poderá ou não ser prorrogado.

A Polícia Civil já começou a fazer as substituições temporárias. Cinco homens estão em Redenção, incluindo investigadores, delegado e escrivão, para não deixar o efetivo desfalcado. O delegado Valdivino Miranda, também afastado, não será substituído por ora. Mas os inquéritos que estavam sob a responsabilidade dele, três dos quais relativos a homicídio e tentativas de homicídio na Fazenda Santa Lúcia, foram avocados pela Corregedoria.

Investigação - Prosseguem, tanto na esfera da Polícia Civil como da Militar, a tomada de depoimentos de policiais, parentes de vítimas e sobreviventes do episódio. O Ministério Público marcou para esta quarta-feira (31) a oitiva dos oito policiais civis investigados.

Em seus depoimentos, os policiais evocam a tese da legítima defesa para explicar o trágico resultado da operação, que culminou com a morte de nove homens e uma mulher, todos pertencentes a um grupo de invasores de terras com o qual foram encontradas onze armas, inclusive uma pistola e um fuzil de uso restrito do Exército. Parentes das vítimas e relatos de dois sobreviventes contestam a versão dos policiais, afirmando que houve execução.

A discrepância entre as duas teses reforça a importância das investigações e das perícias técnicas, que já estão em curso, com prazo de conclusão previsto para 15 a 20 dias. “Tanto quanto a sociedade, tanto quanto os familiares das vítimas e dos policiais, assim como as entidades de defesa dos direitos humanos e nós, da área de segurança do governo do Estado, também queremos respostas e tomaremos as devidas atitudes”, afirmou o secretário de Segurança do Pará, Jeanot Jansen. “Mas não se pode fazer isso de forma açodada. Existe um rito processual legal que deve ser obedecido, e é isto que estamos fazendo”.


O delegado Silvio Maués, diretor de Polícia Especializada, garante que a PM e a Polícia Civil estão totalmente empenhadas no esclarecimento dos fatos. “O que não podemos é agir com irresponsabilidade, fazendo prejulgamentos. Se houve excessos, os laudos, testemunhos e investigações vão dizer e então será feito o procedimento adequado, conforme determina a lei”, afirmou.