Foto: Ascom |
Há três anos, a professora Sônia Maria
Passos tem uma rotina diferente de todas as experiências profissionais que já
vivenciou na carreira. Diariamente, ela não ministra aula em uma escola, e,
sim, no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém (PA), para
atender os alunos que estão em tratamento de longa permanência e que não podem
frequentar uma sala de aula. Para que não tenham prejuízo educacional, a
Unidade de Saúde criou o programa “Escolarização Hospitalar”, em 2014. Por meio
dessa iniciativa, as crianças que “moram” no Hospital são matriculadas em uma
escola municipal e acompanham o processo educacional nos próprios leitos.
“Nunca imaginei que eu iria percorrer
esse caminho para a educação especial, mas, hoje eu me sinto muito feliz e
grata a Deus por me dar essa oportunidade, porque trabalhar com alunos
especiais é um desafio dobrado. Cada passo que eles dão, por menor que seja,
para mim é uma grande vitória. É uma alegria ver o quanto essa aprendizagem é
significativa na vida diária deles”, diz a professora.
E.K.S., de 10 anos, e L.G.S., de oito
anos, estão matriculados na Escola Brigadeiro Eduardo Gomes. Ambos sofrem de
uma doença neurológica congênita, que acarreta problemas no funcionamento dos
nervos, mas que não impede o aprendizado. As duas crianças “moram” no Hospital
desde o primeiro ano de vida. “É ótimo para o desenvolvimento dele. Não é
porque sou mãe dele, mas ele é muito inteligente. O trabalho que a professora
faz é muito bom, perfeito. Nas férias, ele sente muita falta dela, porque ele
quer conversar, brincar e eu não tenho a paciência que a professora tem”, conta
a mãe do menino de oito anos, Eliana da Silva.
Outro projeto voltado para a
escolarização hospitalar é o “ABC Brincando no HRBA”, que proporciona um
processo educacional como forma de incluir e permitir que as crianças em
tratamento possam ter atividades condizentes com suas necessidades. O projeto -
implantado em 2013, em parceria com o Instituto Esperança de Ensino Superior
(Iespes) - atende em média até seis crianças por dia. Todos os dias têm
atividades práticas.
Classe Hospitalar no Oncológico e no
Metropolitano
Outra Unidade gerenciada pela Pró-Saúde
Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, o Hospital
Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém (PA), também realiza atividades
educacionais. As crianças e adolescentes atendidos pela instituição participam
da “Classe Hospitalar”, que garante aos pacientes a continuidade no ensino, de
forma que eles não percam o ano escolar em virtude do tratamento médico. As
aulas ocorrem todos os dias, de segunda a sexta-feira.
A acadêmica do curso de Letras, Marcela
Solange, é uma das professoras do programa. Para ela, a experiência é única.
“Quando passei para o estágio, jamais imaginei que pudesse vir para um
hospital. É o início de um trabalho que tem sido rico, porque é muito
interessante perceber como a rotina escolar, de sala de aula e estudos, está
inserida no tratamento, proporcionando que essas crianças continuem a vida,
independente da doença”, afirma.
No Hospital Metropolitano de Urgência e
Emergência (HMUE), em Ananindeua (PA), os pacientes também são atendidos pela
“Classe Hospitalar”. Para comemorar o Dia do Professor (15/10), professores do
programa participaram de comemoração especial em homenagem à data. “Avalio que
é uma oportunidade de continuidade do aprendizado da criança que interrompe involuntariamente
o aprendizado por motivos de saúde. Os professores transmitem os ensinamentos
em leito ou em sala. De maneira lúdica e pedagógica, para que quando eles
voltarem para a sociedade não serem prejudicados”, explica a coordenadora de
Humanização da HMUE, Arlene Pessoa.