Categorizado como crime, o trote, ou seja, uma ligação de
falso comunicado, tem registrado altos índices no município de Belém. A
Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), realizou um
levantamento junto ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 192 (Samu) e
registrou, somente no mês de julho passado, cerca de 6 mil trotes,
contabilizados nas mais de 19 mil ocorrências recebidas pelo serviço. O
percentual aponta quase 32% de trotes, no universo ligações feitas ao Samu no
mês de julho deste ano.
De acordo com o coordenador do Samu 192, Leonardo Lobato, o
objetivo é diminuir, cada vez mais, as chamadas falsas. “A nossa meta é sempre
diminuir a quantidade dos trotes recebidos, então, precisamos do bom senso da
população, em especial, dos que realizam os trotes, para que se conscientizem
de que esse tipo de atitude pode comprometer uma vida”, alertou Leonardo.
Identificação - Em grande parte dos casos, a equipe do Samu
192 consegue identificar o trote antes do deslocamento da equipe.
“Inicialmente, o trote pode ser identificado pelos técnicos auxiliares de
regulação médica, quando as informações passadas pelo solicitante não são
coerentes, como um endereço inconsistente, por exemplo. E também, pelos
médicos, quando veem que há incoerência da queixa clínica ou faltam informações
sobre o solicitante”, conta a médica reguladora do Samu 192, Ângela Guimarães.
Entretanto, algumas vezes, esses filtros não são
suficientes. Logo, a viatura acaba se deslocando para uma ocorrência com vítima
inexistente, identificando o trote apenas na chegada ao local. Além de tirar a
vez de quem realmente precisa, ainda há o gasto desnecessário do recurso
público e o risco a vida de quem está dentro da ambulância tentando chegar o
mais rápido possível até à vítima.
Leonardo Lobato ressalta que o autor do trote pode ser
identificado via registro de chamada, podendo ser penalizado de acordo com o
Artigo 266 do Código Penal Brasileiro, por interromper, perturbar, impedir ou
dificultar o restabelecimento de serviço telefônico, sob a pena de detenção de
um a três anos, além de multa. “A pena pode ser dobrada, caso o trote seja
realizado em situação de calamidade pública”, destaca o coordenador.
Atendimento - Atualmente, o Samu funciona com 16 ambulâncias
próprias, como preconiza o Ministério da Saúde, sendo 12 unidades de suporte
básico (USBs) e quatro unidades de suporte avançado (USAs). O Samu também
possui uma lancha (ambulancha) e quatro motos (motolâncias).
O serviço funciona 24 horas com equipes compostas por
médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, condutores, telefonistas,
equipes administrativas, dentre outros profissionais.
Além da Base Central do Samu, localizada no bairro de
Fátima, existem as bases descentralizadas. Algumas podem ser encontradas nas
ilhas de Cotijuba, Outeiro e Mosqueiro, Distrito de Icoaraci, nos bairros do
Satélite, Tapanã, Cremação, Guamá, Curió e Marambaia, na Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) da Sacramenta, no Palácio Antônio Lemos (sede da Prefeitura),
na Universidade Federal do Pará (UFPA) e na Escola de Governo.
Em caso de emergência, ligar 192.