Os trabalhadores do comércio e serviços
do Pará já estão em campanha salarial visando a data-base de 1º de março. Eles
reivindicam a reposição das perdas com a inflação (INPC) mais 5% de aumento
real para recompor o poder aquisitivo do ano passado. A categoria representa
350 mil trabalhadores no comércio lojista, de supermercados, materiais de
construção e serviços, superando, inclusive, o funcionalismo do Estado e dos
municípios.
Segundo o presidente da Federação dos
Trabalhadores no Comércio de Bens e Serviços dos Estados do Pará e Amapá
(Fetracom) e da União Geral dos Trabalhadores (UGT), José Francisco Pereira,
até o próximo dia 30, terão sido realizadas cerca de 26 assembleias gerais em
todo o Pará. A primeira delas ocorreu em Rondon do Pará e a última será em
Ananindeua, envolvendo os mais variados sindicatos do setor de Comércio e
Serviços.
Zé Francisco explica que, apesar das
demissões ocorridas nos últimos dois anos, o setor se recuperou economicamente,
ativando a geração de emprego e renda, voltando a contratar, aumentando a
jornada de atividades dos empregados, aliado à chegada de novos empreendimentos
como redes supermercadistas, lojas e magazines, além de materiais de construção
e aberturas de postos de revenda de combustíveis. No entanto, o município onde
os trabalhadores ainda recebem um salário melhor é Castanhal, cujo piso gira em
torno de R$ 1.400,00 mais o ticket alimentação. Nos demais municípios,
incluindo Belém, os salários continuam “congelados”. “Belém, a nossa capital, a
nossa metrópole da Amazônia, em termos de salários dos trabalhadores
comerciários, está muito atrás de várias outras capitais, várias outras regiões
metropolitanas e até de outros municípios paraenses. Tem ambientes de trabalho
onde os comerciários não têm, sequer, água potável ou banheiro”, disse o
sindicalista, lembrando que o salário-base está em R$ 1.232,00, com apenas
algumas empresas pagando o ticket-alimentação de R$ 250,00.
Todavia, Zé Francisco afirma que já
ocorreram alguns avanços. No Comércio, os lojistas já fizeram um acordo
aumentando o ticket-alimentação para R$ 299,00. “Mas isso não basta! O
trabalhador comerciário já provou que é capaz, que é competente, que está
disposto a trabalhar, mas o salário não ajuda. O comércio cresceu seu
faturamento em cerca de 10%, apesar da grande carga tributária e vendeu tudo o
que colocou à exposição. Então, não tem desculpas para não reajustar o salário
de seus trabalhadores e é por isso que estamos chamando os sindicatos patronais
para a mesa de negociação”, acrescentou Francisco, que espera, neste ano, um
sinal positivo dos patrões, baseado na recuperação da economia que vem sendo
demonstrada pelo governo e que “é um fato indiscutível quando verificamos os
mais variados setores do comércio com a chegada de novas lojas, de novos
empreendimentos e da queda das demissões”.