Trabalhadores informais foram os que mais sofreram com a perda de ocupação




O Pará registrou, no segundo trimestre de 2020, a menor taxa de desocupação da região Norte, marcando 9,1%. Comparativamente ao mesmo período em 2019, a taxa apresentou queda de 2,1pontos percentuais. Pará e Amapá foram os únicos estados brasileiros que apresentaram queda nessa taxa. Os dados são da Pesquisa Nacional de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
  
A taxa de desocupação (percentual de pessoas desocupadas em relação às pessoas na força de trabalho) recuou em virtude de uma queda expressiva no denominador desse indicador, ou seja, da população desocupada. Enquanto a força de trabalho teve uma variação negativa de 8%, a população desocupada recuou 21,5%. Esse fato está relacionado à crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus, que impediu muitas pessoas de buscarem por uma posição no mercado.

Verificou-se, também, uma queda no nível de ocupação (percentual de pessoas ocupadas na semana de referência em relação às pessoas em idade de trabalhar) no período, com esse indicador apresentando recuo em todos os estados brasileiros. No Pará, o nível foi de 48,1%, com variação negativa de 3,9 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre de 2019.

Ocorreu uma queda na taxa de informalidade, tanto frente ao primeiro trimestre de 2020 (de 61,4% para 56,4%), quanto em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (de 62,2% para 56,4%). Esse recuo é explicado pela diminuição expressiva de trabalhadores informais, que passaram de 2,1 milhões no primeiro trimestre de 2020 para 1,8 milhão. A pesquisa mostra que isso reflete um impacto maior na perda de trabalho para aqueles que não tinham uma ocupação formalizada, como é o caso dos empregados sem carteira assinada e dos trabalhadores por conta própria. Apesar da queda, a região Norte ainda apresenta a maior taxa de informalidade do país.

As atividades com mais pessoas ocupadas no Pará são administração pública (663 mil), comércio (635 mil) e agropecuária (556 mil). E as que tiveram maior retração em termos de pessoas ocupadas foram comércio (perda de 93 mil ocupações), alojamento e alimentação (perda de 47 mil ocupações) e construção civil (perda de 44 mil ocupações).

As atividades de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura mostraram-se estáveis, com mais de 556 mil pessoas atuando, número próximo do que foi registrado no mesmo período de 2019 (571 mil).

O rendimento médio dos trabalhos no Pará cresceu: no segundo trimestre de 2019 era de R$ 1.567,00 e, no mesmo período de 2020, passou a ser de R$ 1.835,00. Houve uma variação positiva (13,5%) também em relação ao primeiro trimestre do ano. O estado teve o terceiro aumento mais efetivo do Brasil, ficando abaixo apenas do Amazonas (R$ 2.059,00) e do Rio Grande do Norte (R$ 2.049,00).
  
Esse aumento é explicado por mudanças na composição da população ocupada, verificando-se a diminuição de representatividade dos trabalhadores informais, pela perda de trabalho, e o aumento da representatividade dos trabalhadores formais, que conseguiram enfrentar melhor a crise e manter sua ocupação. Como os trabalhadores formais têm rendimento médio historicamente superior aos informais, sua maior representatividade explica esse aumento.

O percentual de pessoas desalentadas (aquelas que desistiram de procurar trabalho por razões de mercado) na força potencial de trabalho atingiu 44,4% no segundo trimestre de 2020, com aproximadamente 266 mil pessoas nessa condição.