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Bené decidiu que vai doar um dos rins. Foto Ascom
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No dia 27 de setembro é comemorado
também o Dia Nacional de Doação de Órgãos, portanto o mês pretende sensibilizar
as famílias para a importância sobre o tema
As histórias de Benedito Martins é um
convite à reflexão neste mês, que faz alusão ao Setembro Verde, momento em que
são realizadas campanhas de conscientização sobre a doação de órgãos em todo
Brasil.
Bené, como é conhecido pelos colegas, é
oficial de manutenção no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência
(HMUE), em Ananindeua (PA), unidade sob gestão da Pró-Saúde.
A situação dele ficou difícil quando a
irmã, Diana Martins, descobriu a gravidez de risco. No dia 28 de fevereiro de
2016, após um procedimento delicado, ela acabou apresentando problema renal
grave, perdendo a funcionalidade dos rins.
“Foi a partir desse dia que a vida dela
parou”, declarou Benedito.
Como forma de ajudar a irmã, o oficial
de manutenção decidiu que iria doar um dos seus rins. “Eu descrevo isso como
amor. Isso vai ajudar ela a voltar a viver e fazer coisas que gostava de fazer,
como estudar, viajar, sair e dividir momentos com a família”, completou.
Doação entre pessoas vivas
A Lei Brasileira não permite que as
famílias escolham para quem vão os órgãos doados. As doações após a morte segue
para uma lista única, respeitando os critérios de ordem de inscrição, gravidade
do caso e compatibilidade genética.
No caso do Benedito é diferente, pois
ele passará por um procedimento conhecido como “Transplante Intervivos”, quando
um paciente vivo escolhe doar para outro paciente.
Por causa da falta de doador morto, por
exemplo, casos de doação intervivos crescem. Os mais comuns são: rins e fígado.
O intestino também está entrando nessa lista, mas ainda é raro.
“No ano passado, Hospital Metropolitano
acompanhou 33 pacientes considerados potenciais doadores de órgãos. Desse
número, apenas 11 famílias consentiram a doação, ou seja, 60% das autorizações
foram negadas.”, alertou o coordenador médico do Órgão de Procura de Órgãos
(OPO) do Metropolitano, Iury Burlamaqui.
Por ser uma unidade que atende demandas
de média e alta complexidades em traumas e queimados do estado do Pará, o
Hospital Metropolitano dispõe de um centro de captação de órgãos.
Dados sobre doação de órgãos no Brasil
A Associação Brasileira de Transplantes
(ABTO) aponta que houve uma redução de 6,5% no número de doadores de órgãos no
primeiro semestre de 2020. A região norte do Brasil liderou essa queda com
quase 47%.
Outro dado que chama atenção é da
Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa), que mostra uma redução de 71% no
número de doadores. “A pandemia prejudicou diversos processos. A captação e
doação de órgãos também foi atingida com a pandemia”, enfatizou Iury
Burlamaqui.
De acordo com o Ministério da Saúde,
quase 1.400 pessoas estão na fila dos transplantes no Pará. Desse número, 321
pacientes aguardam por transplante de rins e 920 de córnea.
No Brasil, mais de 40.700 pessoas
aguardam por algum tipo de transplante, segundo o Ministério da Saúde.
Como posso me tornar um doador de
órgãos?
A ABTO, baseado na Lei dos Transplantes,
diz que “nenhuma declaração em vida é válida ou necessária, não há
possibilidade de deixar em testamento, e nem são mais válidas as declarações
nos documentos de identidade e carteiras de habilitação”, que comprove que você
é um doador de órgãos.
Por isso é importante conversar com a
família e deixar claro o desejo de doar órgãos. “Conscientizar essa família
sobre a importância da doação é o caminho, para que no final eles possam
abraçar esse desejo”, concluiu o coordenador médico do OPO do Metropolitano.