Nascido em 2010, o Programa de
Monitoramento de Primatas, iniciativa da Mineração Rio do Norte (MRN), já foi
tema de três dissertações de mestrados e uma tese de doutorado que está em
andamento. Foram publicados sete artigos científicos, um livro (e-book), dez
resumos em congressos e eventos nacionais e dois resumos em eventos
internacionais. E mais um artigo acadêmico acaba de ser publicado sobre o
programa pioneiro na Amazônia, desta vez no periódico internacional Primates
Conservation, do grupo de especialistas em primatas (sigla em inglês: PSG –
Primate Specialist Group) da União Internacional para a Conservação da Natureza
e dos Recursos Naturais (IUCN). O artigo também está disponível no Research
Gate, rede social voltada para profissionais da área de ciência e
pesquisadores, sendo uma das maiores neste campo.
Nesse trabalho, eles descrevem questões básicas sobre a ecologia de Saguinus martinsi martinsi (sauim), primata nativo da Amazônia brasileira. Dados de um grupo de sauins habituados foram coletados entre maio de 2013 e abril de 2014 e mostraram que grande parte da dieta do grupo era composta principalmente por frutas (84,5%). A árvore murici (Byrsonima crispa) foi o recurso mais explorado em termos de tempo de alimentação (20%).
Em média, foram visitadas 10 árvores
frutíferas por dia na estação chuvosa e oito por dia na estação seca. Mais
espécies de plantas foram incluídas na dieta na estação chuvosa, totalizando 41
espécies, do que na estação seca, em que foram consumidas apenas 24 espécies. A
escassez de frutos na estação seca afetou a diversidade dietética do grupo e,
assim, eles exploraram menos espécies de frutas (comendo, principalmente,
Byrsonima crispa e Cecropia sp. – embaúbas), também recorrendo à goma de Parkia
sp. (visgueiro) como alternativa de suplementação alimentar. “Programas de
monitoramento contribuem para apontar os padrões biológicos de espécies e
auxiliam em estratégias e metodologias de manejo e conservação de espécies. A
seriedade, o compromisso e a qualidade do programa foram fundamentais para
torná-lo reconhecido internacionalmente. Trata-se de um marco importantíssimo
para a conservação da biodiversidade na floresta amazônica”, relata o biólogo e
pesquisador Fabiano de Melo.
Para Raony Alencar, analista ambiental
da MRN, um dos pontos positivos do programa é a construção de uma base de dados
científicos que vão subsidiar tomadas de decisão com relação à conservação
desses e outros primatas na Amazônia. “Ter feito parte deste programa como
pesquisador e hoje como apoiador técnico é muito gratificante. Espero continuar
colaborando para o entendimento dos impactos da mineração sobre as populações
de primatas e do processo de recolonização dessas espécies nas áreas
recuperadas pela MRN”, destaca.
A expectativa é que, em breve, iniciem o uso de tecnologias e métodos inovadores no campo da primatologia como uso de drones e armadilhamento fotográfico em dossel. Mais de 30 biólogos e veterinários já participaram das pesquisas ao longo desses 11 anos do programa e a expectativa é que cada vez mais profissionais possam compartilhar seu aprendizado no projeto com o mundo.