Hospital Ophir Loyola conscientiza sobre prevenção ao câncer de cabeça e pescoço

  

A cada ano são registrados 43 mil casos novos e 10 mil mortes em decorrência de câncer de cabeça e pescoço no País. Por isso, a campanha nacional "Julho Verde" alerta para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce desse tipo de tumor, que pode acometer regiões como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe, esôfago, tireoide e seios paranasais.

 A edição 2021 da campanha traz o lema "O câncer tá na cara, mas às vezes você não vê", para estimular a população a ter autocuidado e atenção com o corpo, além de destacar a necessidade do rastreamento precoce para reduzir sequelas e aumentar as chances de cura. 

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que mais de 76% dos tumores de cabeça e pescoço, com exceção da tireoide, são descobertos em estágios avançados. Uma situação que dificulta o tratamento, afeta a estética do indivíduo e aumenta a mortalidade. Em Belém, o Hospital Ophir Loyola tem 1.338 pacientes em tratamento contra a neoplasia maligna - 651 mulheres e 687 homens.

 De acordo com a chefe do Departamento de Cabeça e Pescoço do HOL, Deise Nunes, os tumores são divididos por gêneros, principalmente por causa dos hábitos. "Nos homens, os tipos mais comuns são carcinomas relacionados ao álcool, tabaco, má higiene oral e alimentação não saudável, ou seja, mais relacionados à boca. Já as mulheres têm mais tumores relacionados ao câncer de pele, pela exposição solar, e o tumor de tireoide, que tem a ver com o gênero. Há uma incidência de três mulheres para cada homem. Acredita-se que a doença esteja associada a uma alteração genética e ao fenótipo", explicou a especialista.

 Relato - Há dois anos, Jesiane Laise, 27 anos, descobriu o sarcoma na cavidade nasal, um tipo de câncer que, na maioria dos casos, tem origem nas células que formam as chamadas partes moles do corpo, como músculos, gordura, tendões, ligamentos, vasos sanguíneos e nervos periféricos. Ela sofreu durante anos com sinusite, alergias e espirros constantes. No entanto, não procurava ajuda médica; apenas se automedicava.

 "Ir ao médico sempre foi uma das minhas últimas opções, e após um longo período nessa situação comecei a expelir coágulos de sangue pela boca e nariz. Foi quando eu decidi procurar o hospital. Durante os exames, os médicos viram que estava crescendo uma carne no meu nariz", relatou Jesiane Laise.

 Ela foi encaminhada ao Hospital Ophir Loyola, já realizou duas cirurgias nasais e uma traqueostomia, devido à dificuldades em respirar. "Em dezembro eu tirei a traqueostomia. No entanto, fiquei novamente com lesão no local, fazendo com que eu tivesse dificuldades de respirar e engolir. Hoje eu uso por segurança. Espero tirar um dia, novamente", disse a paciente.

 Sinais - Os sintomas mais comuns do câncer de cabeça e pescoço são a presença de feridas que não cicatrizam, manchas vermelhas ou esbranquiçadas na boca, nódulos no pescoço, rouquidão e outras alterações na voz por mais de duas semanas, dificuldade de engolir e emagrecimento sem motivo.

 A doméstica Irani Amaral, 40 anos, descobriu há três anos o câncer de tireoide. "Eu estava conversando com uma amiga, e ela percebeu um nódulo grande no meu pescoço. Quando fui diagnosticada, entrei em depressão e perdi alguns quilos. Fiz tratamento com psicólogo do HOL, pois não aceitava a doença", contou a paciente, que passou por cirurgia para a retirada de um tumor no dia 19 de junho.

 A prevenção aos tumores requer alimentação saudável, não fumar, não ingerir bebidas alcoólicas, ter boa higienização bucal, evitar exposição solar excessiva e, caso ocorra, usar protetor solar. Também é preciso usar preservativos e vacinar meninas entre 9 e 14 anos, e meninos entre 11 e 14 anos, contra o HPV (papilomavírus humano), que tem contribuído com o aumento da incidência desse tipo de tumor nos últimos anos, tornando-se um importante fator de risco, especialmente na região da faringe, que engloba a base da língua e as amígdalas.

 Autoexame - A especialista Deise Nunes também chama atenção para o autoexame. "Consiste em algo simples, olhar-se no espelho e analisar boca, nariz e olhos. Caso observe que há algo diferente, pode ser uma lesão que está diminuindo ou aumentando, se ela persiste, vai e volta, procure a unidade básica de saúde ou um dentista, profissional que pode identificar lesões em estágios iniciais na cavidade oral", orientou. 

O tratamento envolve diversos profissionais de Saúde. As opções dependem da localização do tumor primário, idade do paciente e presença de comorbidades (outras doenças), e incluem intervenções cirúrgicas, sessões de radio e quimioterapia, além da utilização de medicamentos imunoterápicos, em alguns casos. Na maioria das situações, a doença gera sequelas físicas, estéticas, psicológicas e funcionais irreversíveis, que prejudicam a qualidade de vida do paciente.

 Serviço: Para dar início ao tratamento no Hospital Ophir Loyola o paciente deve ser encaminhado pela Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Secretaria de Saúde do município de origem, via sistema de regulação.