A Companhia Independente de Polícia
Escolar (Cipoe) lançou a Campanha de Prevenção à Automutilação, desenvolvida em
parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc). A iniciativa foi
lançada na Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle, no bairro da Terra Firme, em
Belém, e vai se estender a todas as escolas estaduais da Região Metropolitana,
com o objetivo de levar a professores, pais, responsáveis e alunos da rede
estadual de ensino palestras sobre como prevenir ou buscar ajuda em casos de
automutilação praticada por crianças e adolescentes.
A campanha será realizada em quatro
etapas. A primeira começou logo após o lançamento, com instruções aos
professores de dez escolas do bairro da Terra Firme, e demais profissionais da
educação, sobre como lidar com casos de automutilação entre os alunos.
"Eles podem identificar possíveis sinais por meio do uso, pelos alunos, de
vestimentas de manga longa e capuz, ou mudança para um comportamento
introspectivo e antissocial", explicou o major José Carlos Brandão,
comandante da Cipoe. As demais etapas são compostas por palestras dirigidas aos
pais e aos adolescentes e crianças, com abordagem adequada a cada um desses
públicos.
A temática discutida na campanha ganhou
maior destaque com o aumento do número de casos no Estado. "A Seduc
realizou uma pesquisa na Região Metropolitana de Belém, em fevereiro de 2020,
querendo saber se a escola tinha conhecimento de algum estudante praticando a
automutilação. Para a nossa surpresa, recebemos um banco de dados com um total
de 337 estudantes que cometeram a automutilação em 2019, na faixa etária de 10
a 50 anos. Isso é preocupante. A escola tem papel fundamental na formação
deles, e um aluno que não está bem não tem como apresentar um alto índice de
aprendizagem", destacou a coordenadora das Ações Educacionais
Complementares da Seduc, Giovana Costa. A ideia da campanha, de acordo com ela,
é dar voz a esses jovens, que precisam de ajuda.
Pioneirismo - Para o diretor da Escola
Brigadeiro Fontenelle, Luiz Paulo Assunção, o debate é relevante e atual.
"Nós ficamos muito lisonjeados de ser a primeira escola a receber o
projeto contra a automutilação. Sabemos que é uma realidade, e que esse período
de pandemia elevou essa situação psicológica dos alunos que remete, também, à
automutilação. Ter a Polícia Militar bem próxima é fundamental para a gestão da
escola, para o corpo de professores e para os alunos", explicou. A Escola
Brigadeiro Fontenelle tem 1.713 alunos, e foi a primeira da capital a aderir ao
Projeto de Supervisão Militar Educacional (Sume), em novembro de 2020.
A cerimônia de lançamento da campanha
foi presidida pelo comandante de Policiamento Especializado, coronel Carlos
Dória, que ressaltou a seriedade do projeto. "Em conversa com o
comandante-geral da PM, coronel Dilson Júnior, e com o chefe do Departamento-Geral
de Operações (DGO), coronel Pedro Celso, decidimos montar essa campanha
preventiva. Junto aos educadores, vamos discutir estratégias em comum para
abordarmos esse tipo de problema. A preocupação com os jovens é muito
importante, e devemos dar atenção a esse fenômeno", destacou o coronel.
Também participaram do lançamento o
secretário de Estado de Articulação e Cidadania, Julio Quezada; o comandante do
20º Batalhão, tenente-coronel Anselmo Ed-Lin, e o gestor da Unidade Seduc na
Escola 5 (USE 5), Jones Nogueira Barros.