No Fevereiro Roxo, campanha criada em
2014 em Minas Gerais, ganham destaque informações sobre várias doenças,
incluindo a fibromialgia, que é crônica e incurável, e afeta 2,5% da população
mundial. A campanha ainda não faz parte do calendário oficial do Ministério da
Saúde, mas é realizada no Brasil para conscientizar a população sobre a
importância do diagnóstico na fase inicial para controlar os sintomas, e até
mesmo retardar, melhorando a qualidade de vida.
No Pará, há atendimento para
fibromialgia na rede pública de saúde, que inclui o Hospital Jean Bittar, e na
Universidade do Estado do Pará (Uepa), tanto para consulta como para
tratamento. O acesso ao serviço é realizado pelo atendimento com médico clínico
em Unidade Básica de Saúde (UBS), que encaminhará aos serviços de reumatologia
de referência, caso seja necessário.
A fibromialgia é uma síndrome por apresentar
vários sintomas, sendo a dor difusa generalizada (em músculos e articulações) o
mais evidente, que geralmente está associada a outros, como alterações do sono
(sono não reparador), fadiga, dificuldades de concentração e na memória, além
de distúrbios do humor, como depressão e ansiedade.
É considerada uma doença crônica por ter
duração superior a três meses. Vários fatores podem desencadear a fibromialgia,
de histórico de traumas a estresse emocional, levando a alterações neurológicas
que aumentam a percepção e sensação de dor pelo corpo.
A doença é relativamente comum e
independe de gênero e faixa etária. Porém, é mais frequente em mulheres entre
os 30 e 50 anos de idade.
Entendimento - A reumatologista Marília
Campos, do Hospital Jean Bittar, alerta para o fato de que a fibromialgia pode
ser confundida com várias doenças que provocam dores musculares e articulares,
fazendo o paciente buscar ajuda em outras especialidades, atrasando o
diagnóstico. Mas ela ressalta que o médico clínico é capaz de suspeitar da
doença e iniciar a investigação pela história do paciente, buscando outros
sintomas além da dor, realizando exame físico e solicitando exames
laboratoriais e de imagem (quando necessário) para descartar outras doenças que
causem sintomas semelhantes. Até o momento, não há exame que confirme a
fibromialgia.
"Na grande maioria dos casos,
quando a doença é isolada, os exames são normais. Por isso dizemos que o
diagnóstico é clínico, ou seja, requer a avaliação de um médico. A maior
dificuldade no diagnóstico é justamente não haver um exame específico para a
doença, fazendo o paciente e as pessoas do convívio dele duvidarem da
existência da condição", explica a médica.
Essa característica torna ainda mais
importante a avaliação do reumatologista para essa confirmação e também para
conversar com o paciente e familiares, a fim de tentar ajudar a entender a
fibromialgia e a importância do tratamento.
Como tratar - A principal medida de
tratamento é a atividade física. De preferência, exercícios aeróbicos, que
movimentam todo o corpo. A atividade física é capaz de estimular a produção de
substâncias que conseguem reduzir a dor. Em conjunto com os exercícios, podem
ser utilizados medicamentos antidepressivos, anticonvulsivantes e analgésicos,
que diminuem a intensidade da dor e melhoram outros sintomas, como alterações
do sono e distúrbios do humor. A medicação é sempre individualizada, porque o
que funciona para um, não necessariamente funciona para todo paciente com
fibromialgia.
"Outra medida que também fará parte
do tratamento é apoio psicológico para que o paciente aprenda a lidar com uma
condição crônica e a manter as medidas de mudança do estilo de vida
(exercícios, redução de estresse) de forma contínua, para seu próprio
benefício. Dentro dos cuidados de saúde é importante estar com a vacinação em
dia, não havendo contra indicação à vacina contra a Covid-19 em casos de
fibromialgia. Vacinas reduzem o risco de infecções graves, que podem piorar os
sintomas da fibromialgia", alerta Marília Campos.
Qualidade de vida - Por ser uma
disfunção cerebral, o Sistema Nervoso Central (SNC) passa a atuar de forma
desorganizada na percepção da dor, como se houvesse uma ausência de filtro para
os estímulos, levando a pessoa a sentir mais dor (generalizada), afetando a
movimentação. A fibromialgia está sempre associada à dor e fadiga muscular,
sono não repousante e intolerância ao exercício, levando à sensação de
incapacidade e limitação das tarefas do dia a dia, e gerando sofrimento físico
e emocional.
O fisioterapeuta Lauro Lincoln da Silva
Pessoa, da Uepa, ressalta a necessidade da avaliação clínica para a busca do
diagnóstico. "É preciso que profissionais solicitem exames para descartar
doenças reumáticas e doenças autoimunes, que têm sintomas confundíveis com os
da fibromialgia", explica.
Auxílio - A Fisioterapia pode ser grande
aliada para quem enfrenta os sintomas da doença, podendo reverter o quadro de
dor e fadiga, trazendo mais qualidade de vida ao paciente. São utilizadas
técnicas de analgesia; acupuntura (não só com agulhas, mas usando moxabustão);
massagem TUI-NA; exercícios, como tai chi chuan, QIgong, yoga, meditação e
fitoterápicos; relaxamento muscular; alongamentos; exercício coordenados e
progressivos, e outros métodos que melhoram o quadro de dor, paralelamente ao
ganho de flexibilidade das articulações e de força muscular, sempre de forma
específica, respeitando as características clínicas de cada paciente, em
especial a facilidade de gerar fadiga.
A Unidade de Ensino e Assistência em
Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Ueafto) da Uepa atende a uma grande
diversidade de patologias musculoesqueléticas, neurológicas,
cardiorrespiratórias e pediátricas, e também fibromialgia, via Sistema Único de
Saúde (SUS), com pacientes encaminhados e avaliados por profissionais da rede,
e pelo Sistema de Regulação (SisReg), para tratamento em Fisioterapia, Terapia
Ocupacional, Acupuntura, Psicologia, Fonoaudiologia, clínica médica e
especializada.
Dias sem dor - Lauro Pessoa conta que,
no campo da pesquisa, há estudos e trabalhos acadêmicos abordando
especificamente essa condição. Professora do curso de Fisioterapia, Léa
Oliveira coordena o Projeto "FisioFibro", um ensaio clínico
controlado e randomizado.
O paciente interessado em participar
precisa ter laudo com diagnóstico confirmado de fibromialgia, mais de 18 anos,
ser do sexo feminino e ter disponibilidade para atendimento à tarde. Novas
triagens serão realizadas na segunda quinzena de fevereiro de 2022. O paciente,
após essa triagem, será inserido no grupo de fisioterapia aquática ou no grupo
de caminhada.
É possível obter mais informação e
marcar atendimento com a docente responsável pelo projeto, por mensagem de
WhatsApp pelo número(91) 98861-4287.