A palavra atravessa e também é
ponto de partida nos processos criativos. O desafio de construir em meio às
letras compõe a exposição Alfabeto de Ficções, que abre nesta quinta-feira, dia
1, às 19h, como um compartilhamento de diálogos e experimentações internas de
artistas participantes do Laboratório de Projetos – grupo de estudos, pesquisas
e práticas artísticas da Fotoativa, gestionado pela pesquisadora Camila Fialho. “O uso da palavra na arte contemporânea hoje
entra nos processos e se formaliza na obra de arte, em diversas linguagens”,
afirma Camila. A mostra integra o projeto A Palavra é o Limite, contemplado
pelo Prêmio Experimentação, Pesquisa e Difusão Artística, 2016, através do
Programa de Incentivo à Arte e à Cultura – SEIVA, Fundação Cultural do Estado
do Pará.
A exposição traz estórias
diversas que tomam como ponto de partida uma letra do alfabeto e reverberam de
um ponto a outro da casa, que se tocam, se distanciam, se contaminam, se
nutrem. Mundos paralelos convergentes por entre ficções tecem narrativas.
Camila explica que os integrantes do
laboratório receberam letras sorteadas aleatoriamente, e que permearam de
alguma forma as obras que estarão em visitação ao público. “Nesse percurso
criamos um livro coletivo, em que cada um passou a intervir, de forma
compartilhada esse espaço em branco”, diz a pesquisadora em artes.
Assim, Alfabeto de ficções nasce
do encontro desse grupo flutuante de pessoas e linguagens e toma forma em um
momento de retorno de atividades no Casarão da Fotoativa, propondo pensá-lo
enquanto um grande livro aberto onde cada um se lança na escrita de uma página
a partir de seu próprio trabalho. “Foi desafiador formar o processo a partir de
uma letra. Percebi que tenho um processo mais visual, solitário, em que
visualizo a palavra em si”, afirma a artista visual Débora Flor, que
participará da exposição com a letra H com trabalhos em cianotipia.
E as letras se deslancham em
palavras, e envolvem o público, como na obra do poeta e artista visual Marcílio
Monteiro. Em carimbos de diversas formas, o visitante poderá compor seu próprio
livros em papeis que trazem o traço do artista, em que o público é convidado a
levar seu própria suporte para construir seu livro com carimbos de poemas e
imagens. A troca será uma das performances que tomarão conta do casarão durante
a abertura da exposição. Além da ação performática para confecção de
livro-expandido com Marcilio Costa, haverá performances de Marise Maués, de
Anne Dias - com direção de Anibal Pacha -
e performance com caixa de lambe-lambe com Roberta Brandão e Jeff
Moraes.
Participam da coletiva Adriele
Silva da Silva, Anne Dias + Anibal Pacha, Antônia Muniz, Cinthya Marques,
Cynthia Cárdenas, Débora Flor, Evna Moura, Irene Almeida, José Viana, Lorena
Costa, Malu Teodoro, Marcílio Costa, Marise Maués, Martín Pérez, Mayara
La-Rocque, Marcílio Monteiro, Paula Giordano, Roberta Brandão + Jeff Moraes,
Rodrigo José e Véronique Isabelle, com curadoria de Camila Fialho.
Fotoativa Portas Abertas
Neste ano, em que Belém comemora
seus 400 anos, a Fotoativa volta a reocupar o casarão-sede, na praça das
Mercês, um casarão do século XIX, fechado durante os quatro últimos anos para
reformas estruturais, localizado no centro histórico da cidade. A partir de uma
rede de amigos fotoativistas que contribuem cotidianamente, o espaço tem sido
ocupado com atividades do projeto Fotoativa Portas Abertas. “A retomada da
Fotoativa é de modo concreto a retomada da cidade. Em todos os lugares que
passou, a associação deixou um legado de coletivismo e participação social”,
afirma Michel Pinho, atual presidente da Associação. “Foi assim na praça ferro
de engomar, foi assim na sede da Frutuoso Guimarães, e é mais intensamente na
praça das Mercês. Se pensarmos em ação cidadã em Belém nesses 400 anos, com
certeza a Fotoativa tem uma participação decisiva“, completa.
Camila Fialho (Porto Alegre/RS,
1980)
Vive e trabalha em Belém/PA como
pesquisa independente em artes. Produtora Executiva do Projeto Circular -
Campina/Cidade Velha, é colaboradora da Associação Fotoativa, nas áreas de
gestão, produção e desenvolvimento de Projetos Culturais, atualmente coordena o
Núcleo de Pesquisa e Documentação da entidade. Formada em Letras (2005) e
Mestre em Literatura Francesa (2009) pela UFRGS, tem especialização em Práticas
Curatoriais e Gestão Cultural pela Faculdade Santa Marcelina (2012). Em 2015,
fez a curadoria, com Véronique Isabelle, da exposições Alastramento, no Ateliê
397, com artistas de Belém, curadoria de Registo do Presente: a doação das
pedras ao Museu, individual de José Viana apresentada na Casa das Onzes Janelas
e coordenou o projeto Fotoativa em Residência: dois de cá, dois de lá,
contemplado pela Funarte.
SERVIÇO
Abertura da exposição ‘Alfabeto
de Ficções’
com artistas em processo no
‘Laboratório de projetos Fotoativa’
quinta-feira, 1 setembro, às 19h
no casarão sede da Fotoativa
Praça das Mercês, 19 – Centro
Histórico de Belém
Entrada franca.
Mais informações em
www.fotoativa.org.br