Vítima de escalpelamento ganha festa de 15 anos no Espaço Acolher


 
A jovem dançou a tradicional valsa com um cadete da Marinha Foto: JOSÉ PANTOJA / ASCOM SESPA

Além da campanha de prevenção e combate aos acidentes de motor com escalpelamento, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a prevenção a este tipo de acidente, o Estado faz diversas programações, durante o ano, voltadas às vítimas. Uma delas foi a celebração de 15 anos da Carliane Moraes da Silva, de Portel, atendida pelo Espaço Acolher, da Santa Casa de Misericórdia, na última quinta-feira (27). A adolescente sofreu escalpelamento quando tinha apenas 10 anos de idade. Desde então, ela é atendida pelo Espaço Acolher, cujos profissionais ela considera uma “segunda família”.

O Espaço Acolher é mantido pela Santa Casa com o objetivo de hospedar pacientes vítimas de escalpelamento oriundos de municípios distantes da capital paraense e que necessitam dar continuidade ao tratamento. No momento são atendidas doze pessoas, mas em média são 50 pacientes atendidas por mês. No Pará o número de vítimas de escalpelamento se aproxima de 500.

O evento teve o apoio das secretarias de Estado de Saúde Pública (Sespa) e de Educação (Seduc), Secretaria Extraordinária de Integrações de Políticas Sociais, Fundação Pro Paz, Marinha do Brasil e Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes de Escalpelamento. Na ocasião também foi comemorado o aniversário de Sara Macedo, que completou 8 anos de idade.

“Logo após o acidente eu chorava muito, não conseguia falar do acontecido, mas depois conheci o Espaço Acolher, fiz novos amigos, vi que não estava sozinha nessa situação e ganhei uma segunda família, que me acolheu e me deu muito carinho. Hoje estou feliz por receber essa homenagem e poder compartilhar com todas as minhas amigas”, disse Carliane. Um cadete da Marinha do Brasil foi convidado para dançar a valsa com a jovem.

“A Carliane é uma das meninas que cresceram aqui no Espaço, e vê-la fazer 15 anos é um momento muito importante, pois isso demonstra o vínculo criado institucionalmente com essas pessoas pelo apoio, acolhimento e cuidados. Essa celebração também mostra nosso trabalho humanizado. Aqui não tratamos só o corpo físico, mas também o interior dessas meninas, o lado sentimental delas”, explicou a coordenadora estadual de Mobilização Social da Sespa, Socorro Silva.

Incidência – A Coordenação Estadual de Mobilização Social, vinculada ao Departamento de Políticas de Atenção Integral à Saúde, tem intensificado as ações de prevenção em todo o Estado, principalmente nas localidades ribeirinhas. Segundo levantamento referente ao período de 1997 a 2012, 85% dos acidentados são com pessoas do sexo feminino, e destas, 65% são crianças.

“Essa ação faz parte da concepção de humanização que a Santa Casa preconiza. Um momento como este é muito valorizado por nós, pois é uma data importante para uma jovem de que cuidamos. O Espaço Acolher é um local de acolhimento dos pacientes da Santa Casa, principalmente as crianças vítimas de escalpelamento, que precisam de um acompanhamento próximo do hospital”, disse a presidente da Santa Casa, Rosangela Monteiro.

Em 2015 foram registrados onze casos de escalpelamento no Pará. Neste ano, até o momento, há cinco registros. Normalmente, há maior ocorrência no mês de julho, mas não houve nenhum caso registrado neste ano. Para reduzir o índice dos acidentes nos períodos de maior incidência e evitar a ocorrência de novos casos, no decorrer do ano as ações continuam com a conscientização e sensibilização de passageiros e donos de embarcações dos mais distintos municípios e ilhas do entorno de Belém.

O acidente com escalpelamento é um tipo de agravo muito recorrente no Pará, cujas características geográficas contribuem para que a população use as embarcações como meio de transporte principal, sobretudo às proximidades de festas religiosas e períodos de férias escolares. Grande parte das vítimas é oriunda dos municípios do Arquipélago do Marajó e do oeste paraense.