Além da campanha de prevenção e combate aos acidentes de motor com escalpelamento, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a prevenção a este tipo de acidente, o Estado faz diversas programações, durante o ano, voltadas às vítimas. Uma delas foi a celebração de 15 anos da Carliane Moraes da Silva, de Portel, atendida pelo Espaço Acolher, da Santa Casa de Misericórdia, na última quinta-feira (27). A adolescente sofreu escalpelamento quando tinha apenas 10 anos de idade. Desde então, ela é atendida pelo Espaço Acolher, cujos profissionais ela considera uma “segunda família”.
O Espaço Acolher é mantido pela
Santa Casa com o objetivo de hospedar pacientes vítimas de escalpelamento
oriundos de municípios distantes da capital paraense e que necessitam dar
continuidade ao tratamento. No momento são atendidas doze pessoas, mas em média
são 50 pacientes atendidas por mês. No Pará o número de vítimas de
escalpelamento se aproxima de 500.
O evento teve o apoio das
secretarias de Estado de Saúde Pública (Sespa) e de Educação (Seduc),
Secretaria Extraordinária de Integrações de Políticas Sociais, Fundação Pro
Paz, Marinha do Brasil e Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes de
Escalpelamento. Na ocasião também foi comemorado o aniversário de Sara Macedo,
que completou 8 anos de idade.
“Logo após o acidente eu chorava
muito, não conseguia falar do acontecido, mas depois conheci o Espaço Acolher,
fiz novos amigos, vi que não estava sozinha nessa situação e ganhei uma segunda
família, que me acolheu e me deu muito carinho. Hoje estou feliz por receber
essa homenagem e poder compartilhar com todas as minhas amigas”, disse
Carliane. Um cadete da Marinha do Brasil foi convidado para dançar a valsa com
a jovem.
“A Carliane é uma das meninas que
cresceram aqui no Espaço, e vê-la fazer 15 anos é um momento muito importante,
pois isso demonstra o vínculo criado institucionalmente com essas pessoas pelo
apoio, acolhimento e cuidados. Essa celebração também mostra nosso trabalho
humanizado. Aqui não tratamos só o corpo físico, mas também o interior dessas
meninas, o lado sentimental delas”, explicou a coordenadora estadual de
Mobilização Social da Sespa, Socorro Silva.
Incidência – A Coordenação
Estadual de Mobilização Social, vinculada ao Departamento de Políticas de
Atenção Integral à Saúde, tem intensificado as ações de prevenção em todo o
Estado, principalmente nas localidades ribeirinhas. Segundo levantamento
referente ao período de 1997 a 2012, 85% dos acidentados são com pessoas do
sexo feminino, e destas, 65% são crianças.
“Essa ação faz parte da concepção
de humanização que a Santa Casa preconiza. Um momento como este é muito
valorizado por nós, pois é uma data importante para uma jovem de que cuidamos.
O Espaço Acolher é um local de acolhimento dos pacientes da Santa Casa,
principalmente as crianças vítimas de escalpelamento, que precisam de um
acompanhamento próximo do hospital”, disse a presidente da Santa Casa,
Rosangela Monteiro.
Em 2015 foram registrados onze
casos de escalpelamento no Pará. Neste ano, até o momento, há cinco registros.
Normalmente, há maior ocorrência no mês de julho, mas não houve nenhum caso
registrado neste ano. Para reduzir o índice dos acidentes nos períodos de maior
incidência e evitar a ocorrência de novos casos, no decorrer do ano as ações
continuam com a conscientização e sensibilização de passageiros e donos de
embarcações dos mais distintos municípios e ilhas do entorno de Belém.
O acidente com escalpelamento é
um tipo de agravo muito recorrente no Pará, cujas características geográficas
contribuem para que a população use as embarcações como meio de transporte
principal, sobretudo às proximidades de festas religiosas e períodos de férias
escolares. Grande parte das vítimas é oriunda dos municípios do Arquipélago do
Marajó e do oeste paraense.