MPF cobra União por ação policial que lesionou e matou indígenas no Pará

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com ação na Justiça para cobrar da União R$ 10 milhões em indenização a indígenas vítimas de operação policial de 2012 que resultou na morte de um índio e em lesões permanentes a vários outros na aldeia Teles Pires, na Terra Indígena Kayabi, em Jacareacanga, no sudoeste do Pará. Para o MPF, o resultado desastroso da operação Eldorado, que tinha o objetivo de combater garimpos ilegais, foi provocado por despreparo e precipitação dos seus organizadores. A operação foi executada pela Polícia Federal com apoio da Força Nacional de Segurança Pública, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

De acordo com as investigações, apesar de ter sido realizada reunião entre policiais e indígenas para buscar entendimento sobre como seria feita a destruição de balsas com dragas de garimpo, antes da concordância dos indígenas um grupo de agentes foi à aldeia para a destruição de uma das balsas ancoradas no rio Teles Pires. Ao tomarem conhecimento que a operação policial iria ser feita, alguns indígenas tentaram retirar do interior da balsa a ser destruída bens que poderiam ser aproveitados pela comunidade, como geladeira, fogão e freezer.

Essa iniciativa ocasionou desentendimento entre os policiais e os indígenas, que acabaram sendo atacados a tiros, com bombas de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. Vários indígenas ficaram feridos – alguns com sequelas permanentes – e o índio Adenilson Kirixi Munduruku foi assassinado.

Violência também psicológica - Os indígenas relataram ao MPF que, após o ataque policial, os Munduruku que não foram conduzidos a delegacia, levados ao hospital ou que não fugiram para a mata, permaneceram na aldeia sob poder policial com restrição de acesso à comida e água por, pelo menos, sete horas seguidas. Depois das agressões físicas sofridas, a comunidade teve suas casas invadidas pela equipe da operação, e, segundo os relatos indígenas, das casas foram retirados utensílios próprios para agricultura, caça e pesca.