Carimbó Marginal promete sacudir corpo e mente neste sábado, 13



A quem diga que Icoaraci é um país e que entre suas várias expressões culturais destaca-se a cultura do Carimbó. Os tambores rufam desde a década de cinquenta na Vila Sorriso, e de suas rodas já saíram vários grupos queridos pelos apreciadores do ritmo em Belém. “Mundé Cultural”, “Curimbó de Bolso”, “Carimbó de Icoaraci” são alguns exemplos. Icoaraci fica à margem do rio Maguari, à margem da baía do Guajará, à margem de Belém, à margem de políticas públicas e de incentivos para valorização de sua cultura. Icoaraci é tão marginal que desenvolveu de forma independente as ferramentas necessárias para criação de una cena multicultural autêntica e marginal.

​O show "Carimbó Marginal" reúne dois grupos que nasceram nas rodas de carimbó do distrito, e encontraram nas ruas da Vila o palco ideal para sua arte. “Cobra venenosa Carimbó & Poesia” e “Tamaruteua Carimbó é Vida” são de uma nova geração e trazem mais uma vez para o palco do Apoena, neste sábado (13), músicas autorais com letras ácidas que dialogam com os tempos atuais e sua natureza, embriagando-se na fonte do "legítimo carimbó" pau e corda.

Rompendo estigmas, os grupos assumiram uma identidade: ser marginal! “Da margem viemos, somos e estamos! Fortalecendo no dia a dia a nossa cultura ancestral. Carregamos no lombo e sabemos o peso que tem o curimbó, assim como sua história. Carregamos as marcas de um povo e trazemos conosco nossos Mestres e Mestras que dedicaram a vida para construção desse cenário vivendo à margem do hegemônico e racista mercado fonográfico” afirma Hugo Caetano cantor, letrista e banjista do grupo Cobra Venenosa.

Atração principal da noite, o Cobra Venenosa revela vitalidade e poder de reinvenção do ritmo tradicional paraense. Um grupo jovem, que vem fortalecendo a cultura popular do carimbó, ecoando versos contundentes de resistência e emponderamento feminista, antirracista e contra homofóbicos, em um diálogo reflexivo com o público. “Música para balançar o corpo e envenenar a mente”, afirma a performance e vocalista do grupo, Priscila Duque, que rufa as maracas enquanto questiona olho no olho o conservadorismo machista a cada apresentação.

O nome surgiu a partir da música “O carimbo não morreu” - do disco “A volta do carimbó”, de 1994, do Mestre Verequete, no qual ele responde aos rumores de que seu carimbó havia “morrido” e se assume “cobra venenosa osso duro de roer”. O grupo renova essa ideia ao assumir um projeto jovem urbano, porém pau e corda como o tradicional, embebido de rimas críticas e de questionamento social. O nome também faz referência à característica selvagem da Amazônia, repleta de encantos, mas tão assolada por contradições da modernidade quanto qualquer outra região do país.

Atração que abrirá o Carimbó Marginal, o grupo de percussão experimental “Tamaruteua”, é marcado por uma identidade musical múltipla tendo como ponto de partida a pesquisa do universo vivencial da tradição musical familiar de Luizan Pinheiro, diretor da Faculdade de Artes Visuais da UFPA, conectadas em sonoridades e poesia carimbozeira advindas da Região do Salgado, reafirma a força e o reconhecimento do Carimbó como Patrimônio Cultural e Imaterial Brasileiro, o qual está ligado à ancestralidade e força negra e indígena dos seus bisavós e avós.

O evento será neste sábado (13), a partir das 22h, no Espaço Cultural Apoena, na esquina da Av. Duque de Caxias com Antônio Baena, 450 (altos). A contribuição na entrada do evento será de R$ 10,00 reais.