No período de 26 de maio a 04 de
junho deste ano, Belém vai ser transformar na cidade da poesia durante a XXI
Feira Pan-Amazônica do Livro, que hoje está entre os três maiores salões
nacionais de literatura e deve atrair cerca de 400 mil visitantes, durante os
dez dias de programação. O escritor homenageado este ano é o poeta e jornalista
Mário Faustino, um intelectual que agitou a cena literária de Belém e do Rio de
Janeiro nos anos 40 e 50 e que inovou a cobertura cultural nos jornais da
época.
“Deixo a quem queira,
A quem possa, a quem
Goste, a tarefa de
Construir um mundo novo”
Esse fragmento de um poema de
Mário Faustino, usado no cartaz da Feira, traduz o sentimento do poeta a sonhar
com um mundo em transformação, deixado como herança aos que vieram depois.
Deixou, também, para todas as gerações um único livro que reúne sua obra: O
homem e sua hora. “Ele é um grande representante de uma linha do tempo poético
em que se destaca o pós-modernismo e a geração de 45, por onde transitam Carlos
Drummond de Andrade e Clarice Lispector - que morou em Belém e conviveu com
Faustino, nascido no Piauí, mas paraense de coração”, como enfatiza Paulo
Chaves, secretário de Estado de Cultura. “Aqui, Mário Faustino conviveu com uma
geração de intelectuais muito atuantes”, destaca Paulo Chaves.
“Há muito tempo o nome de
Faustino aparece entre os escritores homenageados na Feira Pan-Amazônica, como
já o foram Rui Barata, Benedito Nunes, Dulcinéia Paraense, Amarilis Tupiassu e
outros de grande importância para a literatura”. A ênfase maior no salão
literário é o escritor paraense e da Amazônia, o que não exclui os grandes
autores que passaram pela Feira, como Ariano Suassuna, Ziraldo, Ferreira
Gullar, Ignácio de Loyola Brandão, Milton Hatoum e escritores estrangeiros.
Este ano, os visitantes do salão
poderão conhecer a portuguesa Dulce Cardoso, nascida em Trás-os-Montes, que vem
pela primeira vez a Belém. A escritora coleciona prêmios importantes em sua
carreira, como o aclamado Prêmio da União Europeia, e que tem suas obras
traduzidas para outras línguas. No
Brasil, circulam obras como “Campos de sangue” - seu livro de estréia, no qual ela narra a
vida de quatro mulheres ligadas por um ponto comum: um homem acusado de
assassinato -, “Os meus sentimentos” e o “O retorno”.
Do cordel ao rock
Já está fechada também a
participação de Moraes Moreira, que participa do encontro literário falando
sobre cordel. Ex-integrante da banda Novos Baianos, que marcou uma época de
mudanças na música popular brasileira, Moraes Moreira vai falar do livro “Poeta
Não Tem Idade” - 200 páginas com mais de setenta cordéis -, alguns deles feitos
em homenagem a escritores como Machado de Assis e outros a amigos como Gilberto
Gil e Rita Lee. “É um livro de verdade, desses que ficam em pé na estante”,
costuma dizer o cantor, compositor e poeta que transformou até a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, da ONU, em poema.
A XXI Feira Pan-Amazônica, que
também traz muita música nessa temporada, terá a participação de grandes nomes
da cena local, como Dona Odete, e do roqueiro Ronald Antunes, ganhador do prêmio
Jabuti de poesia com o livro “Agora Aqui Ninguém Precisa de Si”. Mas não será
como poeta e, sim, como roqueiro, que ele fará o show de encerramento da Feira.
Na mistura de todas as tribos, de
músicos a escritores, os visitantes da feira poderão se deliciar com shows de
Félix Robato, Silvan Galvão, encontros literários com a participação de Lilia
Chaves, Amarílis Tupiassu, Vasco Cavalcante, Rita Melém, Paulo Nunes, Juraci
Siqueira, Antônio Moura, Alfredo Garcia e autores nacionais como Luís Rufatto,
Alexandre Guarnieri e Antônio Cícero.
Um dos pontos altos do salão, que
ainda conta com programas voltados para crianças e adolescentes, é a final da
Gincana Literária, que terá a participação de 60 alunos de escolas públicas,
que este ano receberam a missão de estudar a vida e obra dos imortais paraenses
Bruno de Menezes, Maria Lúcia Medeiros, Stella Pessôa e Lindanor Celina.
A XXI Feira Pan-Amazônica do
Livro, promovida pelo governo do Estado via Secretaria de Cultura (Secult),
espera receber em torno de 400 mil visitantes. E um dos focos é incentivar a
leitura entre os jovens, que representam mais de 60% do público que começa a
ter contato mais denso com o livro a partir de 10 anos. O salão literário
ficará aberto de 26 de maio a 4 de junho, no Hangar Convenções e Feiras da
Amazônia.
Incentivo
Ao longo de duas décadas, a Feira
Pan-Amazônica do Livro tem sido um grande atrativo para a juventude. A última
pesquisa, feita junto a 650 visitantes, mostrou que 45% do público que
freqüenta o salão são constituídos por jovens entre 15 e 29 anos. Outro dado
aponta que 90% dos adolescentes na faixa entre 15 e 18 anos gosta de ler
livros. A mostra foi realizada em 2015, ano em que o evento atraiu quase 400
mil pessoas ao Hangar.
Nesta edição, há uma preocupação
maior com as campanhas de incentivo à leitura e a formação de novos leitores
quem tem como público-alvo crianças e adolescentes, que representam exatamente
o futuro em transformação de que fala o poema de Faustino. Também estão
previstos na programação da feira Pan-Amazônica um Ciclo de Estudos
Preparatórios para o Exame nacional de Ensino Médio (Enem) e lançamentos de
autores paraenses, entre outros.