A Polícia Civil prendeu quatro
acusados de envolvimento no assalto à Unidade Regional do Centro de Perícias
Científicas “Renato Chaves”, no município de Castanhal, nordeste paraense, que
resultou no roubo de armas recolhidas para perícia. As prisões ocorreram nas
cidades de Castanhal e Terra Alta, na mesma região. Os policiais recuperaram 85
armas e munição.
Os presos foram identificados
como Cleber da Silva Teixeira, 27 anos; Nivaldo dos Santos Negrão, 32; Carlos
Ramon Alves da Silva, 27, e Bruno Patrick Ferreira Lopes, 27. Este último é
funcionário temporário, contratado pelo IML de Castanhal na função de
motorista. Ele é apontado como a pessoa que repassou as informações para os
assaltantes. Os presos e o produto das apreensões foram apresentados nesta segunda-feira
(3), na Delegacia-Geral de Polícia Civil, em Belém, em entrevista coletiva
concedida pelo delegado-geral Rilmar Firmino, e pelos delegados Silvio Maués,
diretor de Polícia Especializada, e João Bosco Rodrigues, diretor de Polícia do
Interior.
Também estavam presentes os
delegados Ricardo do Rosário, diretor da Divisão de Repressão a Furtos e Roubos
(DRFR), e Temmer Khayat, superintendente regional da Polícia Civil de
Castanhal, que coordenaram a operação que resultou nas prisões e recuperação
das armas roubadas, e ainda o diretor-geral do Centro de Perícias Científicas
“Renato Chaves”, perito criminal Orlando Salgado.
O delegado Ricardo do Rosário
explicou que, após ser acionado pelo delegado Temmer Khayat, deslocou-se com
duas equipes policiais para Castanhal, no último domingo (2), para iniciar as
investigações. De início, o delegado ouviu o depoimento dos funcionários que
estavam em serviço, e outros que estavam de folga. Um deles levantou suspeitas,
caindo em contradição durante o depoimento. Bruno Patrick é motorista há um ano
e meio no CPC de Castanhal. Ele confessou que, no meio da semana passada, um
amigo seu, conhecido como Ramon, lhe procurou pedindo informações sobre a
segurança na Unidade Regional do CPC em Castanhal, para articular um assalto ao
local.
A partir da informação, as
equipes policiais foram até a residência de Carlos Ramon, em Castanhal, onde o
acusado foi detido e conduzido à sede da Polícia Civil no município. Segundo
ele, as informações privilegiadas teriam sido repassadas a um amigo seu de
infância, conhecido por Joe, que, por sua vez, ficou responsável em planejar a
ação criminosa.
Ainda em interrogatório, Carlos
Ramon indicou aos policiais civis o local onde as armas estavam enterradas,
dentro de malas e sacos plásticos. O local ficava em um sítio, na comunidade de
Mocajubinha, na zona rural da cidade de Terra Alta, a 30 quilômetros do centro
de Castanhal. Após percorrer uma estrada que liga Terra Alta à cidade de
Curuçá, os policiais civis entraram em um ramal, por onde tiveram de seguir a
pé até o sítio, por volta de 1 hora da madrugada desta segunda-feira (3). O
delegado detalhou que, no local, os policiais ficaram escondidos em um barraco,
aguardando o retorno ao local dos assaltantes. Algum tempo depois, dois suspeitos,
Nivaldo e Cleber, chegaram e foram surpreendidos pelos policiais.
Com os dois presos, os policiais
aguardaram no barraco até amanhecer, quando fizeram buscas na mata fechada e
plantações. "Tínhamos a informação de que as armas haviam sido enterradas
no terreno. Então, passamos a escavar até achar inicialmente uma mala com
revólveres", informou o delegado. No momento em que os policiais faziam
buscas no terreno surgiram três suspeitos dentro da mata e passaram a atirar em
direção aos policiais.
Armas e munições - Houve troca de
tiros, mas os suspeitos conseguiram fugir. Nenhum policial ficou ferido.
Durante a fuga, os suspeitos abandonaram na mata duas mochilas, uma delas com
munição e outra com telefones celulares. Ainda no terreno, os policiais
localizaram outras armas e munições que haviam sido enterradas em sacos
plásticos e, por fim, encontraram outra mala, encerrando as buscas. Os presos
foram conduzidos para Belém, onde foram autuados em flagrante por associação
criminosa e roubo.
Segundo o delegado Rilmar
Firmino, as armas roubadas são todas atreladas a ações penais no Judiciário e
inquéritos policiais referentes a crimes diversos, como roubos e homicídios. O
roubo do armamento poderia acarretar prejuízos para a apuração dos casos, e as
armas poderiam cair nas mãos de criminosos. Dentre os presos, só Bruno não
tinha passagem pela polícia. O delegado Ricardo do Rosário explicou que as
investigações serão aprofundadas para apurar se houve envolvimento de Bruno e
Ramon no apoio ao assalto.
Conforme Orlando Salgado, todas
as armas que estavam no órgão em Castanhal foram recuperadas. Ele explicou que
não foram roubadas drogas do local. "Estavam atrás de 20 quilos de
maconha, mas a droga não ficou em Castanhal. Foi levada para Belém",
disse. Ele salientou que, na ocasião do assalto, havia sete funcionários na
Unidade Regional - três peritos, um motorista, dois auxiliares e um agente de
portaria.
Ao todo, 15 homens teriam
participado da ação criminosa, segundo os relatos já reunidos pela polícia. Com
relação ao órgão em Castanhal, Orlando Salgado informou que por causa do
assalto ocorrido ano passado no local, o muro foi elevado, mas com a nova
ocorrência outras providências serão adotadas para melhorar a segurança no
prédio.