Polícia Civil desarticula esquema de extração ilegal de madeira em mata de preservação ambiental em Acará



A Polícia Civil investiga um esquema de extração ilegal de madeira em mata de preservação ambiental em Acará, nordeste do Estado. As investigações são presididas pela Divisão Especializada em Meio-Ambiente (DEMA), cuja equipe de policiais civis esteve no final do mês passado na zona rural do município, onde foi deflagrada a "Operação Eikaua". A ação policial vai prosseguir para combater o desmatamento irregular em outras áreas na região. Segundo o diretor da DEMA, delegado Luís Xavier, a operação ocorreu entre os dias 26 e 28 de setembro. Com o apoio de peritos criminais do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, a equipe de policiais civis apreendeu, na ocasião, 494 estacas da Acapu, 40 toras de madeiras, dois caminhões, quatro tratores e 18 mourões - estacas de concreto usadas para cercar áreas.

Com essa, já são duas operações policiais realizadas pela DEMA na região para combater o desmatamento ilegal. Em 22 de setembro, foi deflagrada na área a operação denominada "Relâmpago" pela DEMA. Na ocasião, os policiais civis encontraram um avançado estágio de desmatamento, inclusive com trilhas e significativa devastação. Durante as investigações, detalha o delegado, foram apreendidas 52 toras grandes de madeira de espécies diversas; 82 estacas de Acapu; dois tratores; um caminhão e uma motosserra.

As operações são realizadas para apurar denúncias que apontavam a fazenda da empresa Biopalma da Amazônia S/A Reflorestamento, Indústria e Comércio, como alvo de extração ilegal de madeira em mata de reserva de preservação. No último dia 26 de setembro, ao chegarem ao local,  os policiais civis da DEMA encontraram, na entrada da fazenda, um trator com 82 estacas de madeira do tipo Acapu. Na ocasião, o tratorista, identificado como Adriano Portilho, abandonou o veículo e fugiu em direção à mata. A área foi vasculhada pelos policiais que encontraram 18 mourões e 412 estacas de Acapu.

A equipe policial contou com a ajuda de um mateiro - homem que conhece bem a mata - para abrir um caminho pela lateral de uma derrubada de árvores feita para impedir a passagem de policiais. Após cerca de 700 metros de caminhada, os policiais encontraram outro bloqueio que impossibilitou a passagem da equipe naquele momento. "Os agentes se deslocaram até outro ponto de extração, onde localizaram um trator abandonado", explica o delegado. Em outra área da fazenda, foi encontrado um caminhão conduzido por uma pessoa conhecida pelo apelido de "Rato". Outro trator, dirigido por Willian Santos Silva, também foi apreendido no local. "O veículo era utilizado para arrastar madeira do interior da mata. O dono do trator foi identificado como José Emilton Bezerra de Lira, responsável por aquela área de desmatamento", detalha.

No dia seguinte, 27 de setembro, os policiais civis da DEMA deram continuidade à operação na área. Os policiais localizaram mais seis derrubadas de árvores. Na área principal de extração de madeira, foi descoberto outro trator com a chave ainda no contato. O proprietário do veículo foi identificado como Guilhermando José da Silva. Foi encontrado ainda na área de extração um caminhão usado para transportar três toras de madeiras mistas. O veículo era conduzido por Marcione Silva dos Santos, que estava em companhia de Gerson Pereira Santos, proprietário do veículo.

Durante as investigações, em um dos ramais do local, a equipe policial encontrou mais 37 toras de madeiras de espécies diversas. No dia 28, os agentes policiais localizaram Adriano Portilho, que tinha abandonado um trator, no dia 26, e fugido em direção à mata ao perceber a presença dos policiais. Em todas as situações, os policiais civis lavraram o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), de acordo com o artigo 46, da Lei de Crimes Ambientais, que descreve como crime receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento. A pena para esse crime é de detenção, de seis meses a um ano, e multa. Para o delegado Xavier, as apreensões foram relevantes. "Outras operações ainda irão ocorrer, já que continua a exploração irregular de madeira irregular na área", ressalta.