Cresce a participação de mulheres empreendedoras no mercado de trabalho local



Em 19 de novembro se celebra o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, data lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014 em vários países, incluindo o Brasil, com o objetivo de incentivar a entrada de mulheres no mundo dos negócios, estimulando-as a impulsionar o crescimento econômico, em um movimento visando aumentar a participação das mulheres no mercado de trabalho.

Em Belém, a tendência nacional de que o número de mulheres que começaram a empreender um novo negócio tem aumentado também é constatada, especialmente entre aquelas que buscam capacitação e os serviços de microcrédito que são oferecidos pelo Fundo Ver-o-Sol da Prefeitura Municipal de Belém.

O Brasil possui mais de 7,3 milhões de mulheres empreendedoras. Isso representa 31,1% do total de 23,5 milhões de empreendedores que empregam no País, segundo dados de um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), divulgado em 2015. Entre 2003 e 2013, a quantidade de donas de negócios subiu 16% no país.

Dados do ano passado do Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras das Micro e Pequenas Empresas, feito pelo Sebrae e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), informam que os setores em que as mulheres mais investem são os de comércio e serviços. A busca por qualificação técnica pelas mulheres segue o mesmo caminho. Por exemplo: em 2005 elas eram responsáveis por 20% das matrículas em cursos técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), dez anos depois já eram 33%.

Ver-o-Sol – No Fundo Ver-o-Sol, o percentual de mulheres que busca capacitação gira em torno de 60% em relação aos homens. Já no segmento de microcrédito, esse percentual sobe um pouco e chega a 70% da presença feminina, frente à masculina.

Para o coordenador do Fundo Ver-o-Sol, Kadmiel Costa, é fato concreto que o envolvimento das mulheres com o empreendedorismo está sendo maior. “Há uma participação maior delas na busca e na vontade de fazer e realizar e para isso elas vêm atrás de se capacitar nos cursos que ofertamos aqui. Elas são mais dedicadas e acabam também multiplicando a parentes e amigas o trabalho que oferecemos no Fundo”, afirmou o coordenador.

Atualmente, os cursos ofertados pelo Fundo Ver-o-Sol têm um viés mais voltado ao público feminino, como os de corte e costura, operador de caixa, higiene e limpeza, beleza e estética, confeitaria, comida paraense, customização e outros. “São cursos nos quais as mulheres são a maioria, mas quando ofertamos capacitação em mecânica de motos, refrigeração ou de eletricista, notamos que a procura feminina teve um aumento significativo, e isso nos dá uma grande satisfação”, avalia a gerente de Capacitação do Fundo Ver-o-Sol, Dilma Torres.           

Comércio - Carmelita dos Passos Rocha, de 68 anos, que trabalha há 47 anos na feira do Ver-o-Peso, se estabilizou na área de comércio com um negócio diferenciado, no qual ela vende frutas paraenses exóticas que não são encontradas facilmente em outras feiras de Belém. Muito do sucesso que ela obtém nas vendas se deve aos cerca de nove empréstimos que ela já fez junto ao Fundo Ver-o-Sol.

“Comecei vendendo bananas aqui no Ver-o-Peso. Com o passar no tempo, as pessoas me perguntavam sobre determinadas frutas, comecei a fazer contatos com vendedores do interior e eles passaram a me fornecer esses produtos diferentes”, conta.

Atualmente, dona Carmelita é proprietária de três barracas, mas já teve 12, há alguns anos. Ela estima que trabalhe com cerca de 350 qualidades de frutas e sementes, entre elas laranja da terra, jenipapo, cará-roxo, jupati, abricó, buruti, fruta-pão, ucuúba, bacaba, andiroba e castanha-do-pará. Para manter essa diversidade, ela recorre ao serviço de microcrédito.

Os empréstimos que a feirante faz são sempre de R$ 5 mil, e são pagos em 12 parcelas, durante um ano inteiro. “Os juros são baixos, então consigo pagar. Eu invisto esse dinheiro nas compras de produtos para a minha barraca, porque tem frutas como a castanha-do-pará que tem que comprar e pagar à vista, com dinheiro vivo, então é bom ter esse dinheiro à mão”, explica a feirante. Há três meses, dona Carmelita acabou de pagar o último empréstimo que fez junto ao Fundo Ver-o-Sol e já se prepara para fazer um novo.

Microcrédito - O Fundo Ver-o-Sol busca incentivar os pequenos empreendedores a expandir o próprio negócio a partir de microcréditos. Para pessoa jurídica, o valor máximo do empréstimo é de R$ 10 mil e para pessoa física o máximo é R$ 5 mil. O Fundo ainda disponibiliza uma linha de créditos para novos empreendedores, também com o valor máximo de R$ 5 mil.

São oferecidas taxas de juros a partir de 0,6% para permissionários públicos, beneficiários do Programa Bolsa Família e permissionários da Secretaria Municipal de Economia (Secon), sendo que este último é o segmento no qual a feirante Carmelita Rocha se encaixa. Para empreendedores formais, são oferecidas taxas a partir de 1,5%.

Ricardo Antunes, gerente de Crédito do Ver-o-Sol, também aponta que a presença feminina é maior em busca da obtenção de microcrédito. “O percentual de mulheres em busca dos benefícios do microcrédito gira em 70% em relação aos homens. E elas investem esse dinheiro em capital de giro para a compra de matérias-primas, mercadorias e para renovar o estoque de seus negócios”, informou o gerente.

Serviço:


Para se inscrever nos cursos de capacitação do Fundo Ver o Sol, as informações podem ser obtidas pelo número (91) 98420-1220 ou pelo e-mail capacitacaofvos@gmail.com. A sede do Fundo fica na avenida Cipriano Santos, 40, ao lado do Terminal Rodoviário, bairro de São Brás.

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