Prefeitura de Belém questiona valores cobrados para descartar lixo no aterro sanitário. Guamá Tratamento diz que não tem contrato formal.

Reunião foi discutir soluções de áreas para destinação dos resíduos gerados na RMB - Foto: Tássia Barros - Ag.Belém


A Prefeitura de Belém afirma que já gastou, desde julho de 2015, mais de R$ 66 milhões somente com a destinação do lixo coletado na capital. Os valores foram pagos para a empresa Guamá Tratamento de Resíduos que dispõe, atualmente, do único local ambientalmente adequado para receber e tratar resíduos domiciliares provenientes da Região Metropolitana de Belém (RMB). A informação foi apresentada pelo prefeito Zenaldo Coutinho, durante reunião na manhã desta segunda-feira, 03, com as promotoras Ana Maria Magalhães, titular da 5ª Promotoria de Justiça de Marituba, Marcela Ferreira de Melo, promotora auxiliar, especialistas ambientais, e representantes das prefeituras de Belém, Ananindeua e Marituba.

Segundo a promotora Ana Maria Magalhães, o objetivo da reunião foi discutir soluções de áreas para destinação dos resíduos gerados na RMB. “A vida útil deste empreendimento em Marituba não vai ultrapassar quatro anos de operação. Até lá, temos que discutir conjuntamente uma solução viável para os municípios envolvidos”, explicou.

A Guamá Tratamento de Resíduos informou que desde 2016 não possui contrato formal com as prefeituras atendidas pelo empreendimento e que a remuneração pelo serviço de tratamento dos resíduos é feita a título de indenização. A empresa reforça, conforme o documento distribuído às autoridades que, mesmo após o encerramento das atividades do aterro sanitário, previsto para maio de 2019, o empreendimento deixará de receber os resíduos sólidos, contudo, seguirá com os compromissos  determinados no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público do Pará, cumprindo com os custos e obrigações legais, que envolvem o monitoramento ambiental de gases e chorume por até 20 anos pós-encerramento das operações do aterro, garantindo a segurança ambiental.

Na semana passada, a empresa Guamá Tratamento de Resíduos protocolou oficio no Ministério Público informando encerramento antecipado das suas atividades, alegando inadimplência das prefeituras de Belém, Ananindeua e Marituba. Mas, segundo a promotora Marcela Ferreira de Melo, a continuidade da operação de recebimento e tratamento do lixo está garantida. “Existe uma decisão judicial que proíbe o encerramento das operações do aterro, determinando a manutenção das atividades do empreendimento”, disse.

“No inicio da operação do empreendimento, em 2015, o valor firmado entre a empresa e as prefeituras da Região Metropolitana foi de R$ 60, por tonelada de resíduo. Desde então, a empresa passou a pressionar por reajustes totalmente descabidos, quase dobrando o valor inicial, fora da realidade econômica da região e muito distante da capacidade financeira dos municípios contratantes”, explicou o prefeito Zenaldo Coutinho.

A Prefeitura de Belém afirma que apresentou proposta para que os municípios envolvidos contratem estudos metodológicos e de viabilidade técnica, econômicas, ambiental e social para propor nova área de destinação e tratamento de resíduos que atendam a RMB. A proposição técnica de projeto de controle da disposição dos resíduos sólidos será feita pela Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp). Segundo o especialista em Plano Estratégico para Resíduos, professor Mário Russo, em até uma semana serão apresentadas propostas de desenvolvimento de estudos.