Hospital Regional de Santarém realiza procedimento oncológico raro no país




Ao retornar ao Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) para uma consulta, Márcia Érica Magalhães de Sousa, de 43 anos, foi tomada pela emoção. Ela fez questão de abraçar e agradecer aos profissionais que fizeram parte do seu tratamento. Márcia passou por um procedimento chamado de Peritoniectomia Citorredutora com Quimioterapia de Intraperitoneal Hipertérmica (HIPEC – Hyperthermic Intraperitoneal Chemotherapy) no dia 3 de abril deste ano. “É um renascimento. Eu confesso que passei por um milagre, não tem outra palavra para resumir o que aconteceu”, conta, emocionada.

 O drama de Márcia começou em 2017, com uma gestação marcada por muitas dores. À época, a explicação para as dores se dava por conta da gravidez de risco, quando ela estava com 41 anos de idade. Com o passar do tempo, as dores aumentaram, mesmo após o nascimento do filho. No final de 2018, seu quadro piorou bastante. Depois de algumas suspeitas, inclusive problema renal, ela passou por uma cirurgia para retirada do apêndice. No entanto, durante o procedimento, foi verificado que o caso era ainda mais grave. Havia um tumor no local. Após a biópsia, Márcia soube que precisaria de tratamento oncológico.
  
Com o oncologista, iniciou uma investigação profunda do caso. Ela passou por um novo procedimento para limpeza dos restos tumorais e avaliação do local para receber o tratamento adequado. Após essa avaliação, Márcia foi encaminhada ao Hospital Regional de Santarém para ser submetida ao procedimento.



O procedimento consiste em administrar quimioterapia altamente concentrada diretamente no abdômen utilizando um perfusor, que auxilia na elevação da temperatura para 42°. “A cirurgia é uma técnica de altíssima complexidade. Pouquíssimos centros no Brasil realizam essa cirurgia”, afirma o chefe da equipe, cirurgião oncológico Marcos Fortes.
  
Depois de chegar ao fundo do poço, como ela mesmo destaca, e passar 20 dias internadas, Márcia apresentou uma recuperação muito boa. “Quando eu acordei na UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e me vi viva, a primeira coisa que me veio à mente foi agradecer a Deus. Eu tive uma nova chance, é uma oportunidade única de rever meus filhos. O meu medo não era morrer, era de deixá-los desamparados”, diz a paciente, que é mãe de dois meninos: Lucas, de 8 anos, e Lorenzo, de 1 e 6 meses.

 Ao longo desse tempo, Márcia recebeu todo o apoio da família e do marido, Valkir Sousa. “Meus irmãos foram meus anjos, junto com a equipe do hospital e o meu marido. Eles foram minhas fontes de luta e jamais me deixaram desistir”, agradece.


O cirurgião Marcos Fortes comemora os resultados alcançados. “A cirurgia foi um sucesso! A possibilidade de cura é acima de 80%, isso é muito bom para gente”, afirma. O tratamento de Márcia, agora, resume-se a consultas de acompanhamento para monitorar se haverá o retorno do tumor.