Prefeitura entrega novo espaço de acolhimento para refugiados e migrantes venezuelanos




A Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), deu início na manhã desta terça-feira, 5, no processo de realocação dos refugiados e migrantes venezuelanos que estão em Belém, para o novo espaço de acolhimento institucional.

A ação faz parte do Plano Municipal de Atendimento ao Migrante e Refugiado do município.

O Processo de realocação está sendo realizado de maneira gradativa e de acordo com os níveis de vulnerabilidades dos grupos. O primeiro grupo com 126 pessoas chegou no final da manhã. E foram encaminhados para o espaço de triagem, no qual passaram por identificação e receberam orientações sobre as regras de gestão, convivência e assinatura de termo de compromisso.

“Hoje é a vinda do primeiro grupo de famílias. Eles estavam em um espaço alugado no bairro da Campina, e foram transferidos para um espaço municipal devido duas pessoas do grupo terem sido diagnosticadas com a Covid-19. Seguindo orientações da equipe do Consultório na Rua, passaram por processo de quarentena e avaliação clínica, e, após avaliação pela equipe de saúde, vieram para cá. Esse é o primeiro momento, a realocação deve durar duas semanas, que é período que os outros grupos virão”, explicou a assistente social do Núcleo de Atendimento ao Migrante e Refugiado, Mylena Santana.

No total serão realocadas no galpão, 489 pessoas. Os grupos estavam anteriormente cada um em um espaço de acolhimento do município, do governo do Estado e em casas alugadas pelas próprias famílias. Com a centralização de todos os grupos em um só local, fica mais fácil de realizar o acompanhamento das condições de saúde, acesso à garantia de direitos, documentações, e garantir um atendimento social qualificado com outros elementos que não tinham anteriormente.

Para a presidente da Funpapa, Adriana Azevedo, a instalação no novo espaço é uma perspectiva de oferecer melhores condições de convivência e de trabalho. “A entrega deste galpão está sendo um momento único, e muito esperado.  O espaço apresenta um modelo amplo e com suas características. Está sendo desafiador por ser um espaço que acolhe mais de 400 pessoas, porém, nos oferece uma série de possibilidades e condições melhores pra equipe e especialmente para as famílias”.

“O nosso desejo é que o espaço de acolhimento do Tapanã sirva de modelo. O resultado deste projeto é graças a união dos nossos parceiros (Acnur e Unicef) e o apoio de outros órgãos como o Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e Defensoria Pública e, claro, as secretarias municipais da saúde, educação, saneamento e segurança”, declarou a gestora.

O venezuelano Orlando Perez, que morava com sua família em uma casa particular estava entusiasmado. “A prefeitura entregou um abrigo novo para minha família. Eles dialogaram comigo, e hoje estamos aqui. A Prefeitura está ajudando os indígenas nesse momento, quando estávamos no (bairro) Campos Sales, pagávamos aluguel e ficávamos na rua trabalhando para conseguir alimento, agora estamos aqui dentro e ficamos mais protegidos, principalmente do vírus que tá matando muita gente”, disse. 

Funcionamento - O galpão vai funcionar de maneira institucionalizada, diferente das casas autogestão. Nas casas autogestão não tinha equipe técnica 24h e nem controle de entrada e saída. No local dará também pra acolher a equipe técnica e os servidores que irão trabalhar no acompanhamento das famílias, assim será garantido o acompanhamento diário das famílias com assistentes sociais, psicólogos, antropólogos, monitores e equipe de copa e cozinha.

Além desses profissionais, serão disponibilizados dez profissionais da educação para desenvolver atividades pedagógicas com as crianças, e avaliação de saúde com os profissionais do Consultório na Rua. A partir dessa estrutura de pessoal, é possível garantir um acompanhamento melhor tanto das condições de saúde, educação, acesso à garantia de direitos, questão de documentação, e um atendimento social qualificado com outros elementos que não tinham anteriormente.

Parceiros - A Prefeitura de Belém está implementando este protejo em parceria Governo Federal e diversas instituições entre elas Federal, Estadual, Municipal e Agências Internacionais  como a Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e Secretaria Municipal de Educação (Semec).

“Essa realocação é um marco para a proteção dos indígenas Warao em Belém, e o resultado de um ano de trabalho conjunto entre ACNUR, poder municipal e estadual, outras agências da ONU e sociedade civil. Uma resposta de abrigamento como esta, seguindo as melhores práticas internacionais, é essencial para garantir a segurança, saúde e dignidade da população abrigada especialmente durante a pandemia do novo Coronovírus”, avalia Janaína Galvão, Chefe do Escritório do ACNUR em Belém.

“Estávamos esperando por este momento. Vamos disponibilizar para o espaço, quatro monitores pra fazerem avaliação nutricional das crianças. Todo mês fazemos avaliação nutricional, acompanhamos quais são as crianças que estão com deficiência, déficit nutricional e anemia. Vamos trabalhar pra recuperar isso, pra que essas crianças tenham peso e estatura ideal. De dois em dois meses vamos trazer kits de higiene pessoal, de bebê, limpeza e kit de alimentação (copo, prato e talher)”, destacou a coordenadora técnica da Agência Adventista Desenvolvimento Recursos Assistenciais (Adra), Valcenir Marques.

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