Crédito: Marcelo Seabra / Ag.Pará
Mais cinco ararajubas passam a colorir os céus da capital do Estado a partir desta terça-feira (15). O Projeto de "Reintrodução e Monitoramento das Ararajubas nas Unidades de Conservação da Região Metropolitana de Belém - Belém Mais Linda!", do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), realizou a terceira soltura das aves, concluindo a primeira etapa da iniciativa de conservação e proteção da espécie, considerada em extinção.
As cinco aves, três machos e duas
fêmeas, chegaram ao Parque Estadual do Utinga "Camillo Vianna" em
2019, muito debilitadas, sem penas nas asas e sem condições de voo. Elas são
provenientes de apreensão por órgãos ambientais e doação de zoológico dentro do
Estado do Pará.
A Ararajuba é uma espécie endêmica do
bioma amazônico ameaçada de extinção e considerada "vulnerável",
segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da União Internacional pela
Conservação da Natureza (IUCN), do Ministério de Meio Ambiente e a Resolução Coema
n° 54.
"Elas são lindas, raras e
marcantes. Devem ser apreciadas e protegidas por todos. Já temos uma geração
belenense de ararajubas reproduzidas após as primeiras solturas. Precisamos
conscientizar a população que as aves não podem ser capturadas. Quem captura
para vender tem culpa tanto quanto quem compra as espécies", reforça o
engenheiro Crisomar Lobato, pois que o comércio ilegal de animais é um dos
principais responsáveis pela extinção das espécies.
Uma equipe de biólogos do Ideflor-bio foi responsável por acompanhar o dia a dia das aves que participaram do projeto, que estimula a conservação da biodiversidade. O processo de reintrodução das ararajubas começa bem antes do dia da soltura.
O biólogo da Gerência de Biodiversidade do Instituto, Rubens Aquino explica que há toda uma preparação para esse momento. Inicialmente, as aves precisaram se adaptar às questões climáticas e passaram pelo reconhecimento da nova alimentação, que inclui sementes, açaí, muruci e ajuru.
"No aviário de manutenção, realizamos suplementação alimentar, exames de rotina, treinamento contra os predadores naturais (cobras), enriquecimento ambiental e desenvolvemos o condicionamento físico para a próxima etapa", explica o biólogo Rubens Aquino.
Em um segundo momento, as aves migram para o aviário adaptado ao treinamento de voo para desenvolver a musculatura. Segundo Nívia Pereira, gerente de Biodiversidade do Ideflor-Bio, a metodologia utilizada durante os últimos treinamentos de voo foi a de "soft release", quando uma janela do viveiro fica aberta, para que a ave voe quando se sentir mais à vontade, e retorne se achar necessário.
Após a soltura, a equipe continua com o monitoramento visual dos indivíduos e acredita que eles poderão reproduzir e repovoar os céus de Belém com belos verde e amarelo. "O Ideflor-bio deixa esse legado, de conservação das espécies, sobretudo, das ameaçadas de extinção", ressalta Rubens Aquino. A maioria das Ararajubas soltas se concentram em Ananindeua e no entorno do Parque do Utinga.
ETAPA 2
A segunda etapa do Projeto está prevista para começar no primeiro semestre de 2021, com a chegada do próximo lote de ararajubas. O processo está em fase de contratação com novas parcerias. "Uma das peculiaridades da espécie é que ao formar um grupo, geralmente, somente um casal consegue reproduzir, o que torna o processo de reprodução de indivíduos mais lento. Por isso, o trabalho de reintrodução continua", informa a gerente de Biodiversidade, Nívia Pereira.