Ideflor-Bio realiza terceira soltura de ararajubas na Região Metropolitana de Belém

Crédito: Marcelo Seabra / Ag.Pará

 

Mais cinco ararajubas passam a colorir os céus da capital do Estado a partir desta terça-feira (15). O Projeto de "Reintrodução e Monitoramento das Ararajubas nas Unidades de Conservação da Região Metropolitana de Belém - Belém Mais Linda!", do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), realizou a terceira soltura das aves, concluindo a primeira etapa da iniciativa de conservação e proteção da espécie, considerada em extinção.

 "Ver as Ararajubas voando saudáveis com brilho nas penas e com qualidade de vida nos traz um sentimento de esperança e reforça a importância das Unidades de Conservação do Estado, dos projetos de pesquisa, da educação ambiental e do desenvolvimento sustentável. Todo o esforço da equipe para reintroduzir as espécies ameaçadas de extinção é extraordinário", ressalta Karla Bengtson, Presidente do Ideflor-bio. 

As cinco aves, três machos e duas fêmeas, chegaram ao Parque Estadual do Utinga "Camillo Vianna" em 2019, muito debilitadas, sem penas nas asas e sem condições de voo. Elas são provenientes de apreensão por órgãos ambientais e doação de zoológico dentro do Estado do Pará.

 O projeto de "Reintrodução e Monitoramento das Ararajubas ..." iniciou em 2017 e ao longo dos anos reintroduziu 20 indivíduos que são continuamente monitorados na Região Metropolitana de Belém (RMB). 

A Ararajuba é uma espécie endêmica do bioma amazônico ameaçada de extinção e considerada "vulnerável", segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), do Ministério de Meio Ambiente e a Resolução Coema n° 54.

 De acordo com Crisomar Lobato, engenheiro florestal e diretor de Gestão da Biodiversidade do Ideflor-Bio, cerca de 80% da espécie natural das aves vive no Pará, o que reforça a importância do trabalho de conservação e proteção da espécie. No Estado do Maranhão e Amazonas também há registros da presença das aves. 

"Elas são lindas, raras e marcantes. Devem ser apreciadas e protegidas por todos. Já temos uma geração belenense de ararajubas reproduzidas após as primeiras solturas. Precisamos conscientizar a população que as aves não podem ser capturadas. Quem captura para vender tem culpa tanto quanto quem compra as espécies", reforça o engenheiro Crisomar Lobato, pois que o comércio ilegal de animais é um dos principais responsáveis pela extinção das espécies.

 TREINAMENTO

Uma equipe de biólogos do Ideflor-bio foi responsável por acompanhar o dia a dia das aves que participaram do projeto, que estimula a conservação da biodiversidade. O processo de reintrodução das ararajubas começa bem antes do dia da soltura. 

O biólogo da Gerência de Biodiversidade do Instituto, Rubens Aquino explica que há toda uma preparação para esse momento. Inicialmente, as aves precisaram se adaptar às questões climáticas e passaram pelo reconhecimento da nova alimentação, que inclui sementes, açaí, muruci e ajuru. 

"No aviário de manutenção, realizamos suplementação alimentar, exames de rotina, treinamento contra os predadores naturais (cobras), enriquecimento ambiental e desenvolvemos o condicionamento físico para a próxima etapa", explica o biólogo Rubens Aquino. 

Em um segundo momento, as aves migram para o aviário adaptado ao treinamento de voo para desenvolver a musculatura. Segundo Nívia Pereira, gerente de Biodiversidade do Ideflor-Bio, a metodologia utilizada durante os últimos treinamentos de voo foi a de "soft release", quando uma janela do viveiro fica aberta, para que a ave voe quando se sentir mais à vontade, e retorne se achar necessário.

 "No total, sete indivíduos ainda viviam no aviário do Parque. Em uma das solturas experimentais, um casal foi liberado. E nesta terça-feira (15) os outros cinco seguiram. É o ponto alto de todo o esforço e dedicação da nossa equipe durante um ano de cuidados", conta a gerente Nívia Pereira. 

Após a soltura, a equipe continua com o monitoramento visual dos indivíduos e acredita que eles poderão reproduzir e repovoar os céus de Belém com belos verde e amarelo. "O Ideflor-bio deixa esse legado, de conservação das espécies, sobretudo, das ameaçadas de extinção", ressalta Rubens Aquino. A maioria das Ararajubas soltas se concentram em Ananindeua e no entorno do Parque do Utinga. 

ETAPA 2

A segunda etapa do Projeto está prevista para começar no primeiro semestre de 2021, com a chegada do próximo lote de ararajubas. O processo está em fase de contratação com novas parcerias. "Uma das peculiaridades da espécie é que ao formar um grupo, geralmente, somente um casal consegue reproduzir, o que torna o processo de reprodução de indivíduos mais lento. Por isso, o trabalho de reintrodução continua", informa a gerente de Biodiversidade, Nívia Pereira.