Em pleno cenário de
crise, o Brasil atingiu número recorde de desalentados, conforme dados
divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios divulgada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o estudo,
o Brasil já conta com 4,8 milhões de pessoas que abandonaram a busca por
emprego por acreditarem que não vão encontrar vagas disponíveis, referentes ao
segundo trimestre de 2018, os dados mostram também que a recessão atinge as
mulheres com maior intensidade. Dentre os desalentados, 54% são do sexo
feminino.
Apesar das mudanças
culturais, o cenário do mercado de trabalho para as mulheres persiste. Elas
continuam tendo menos oportunidades do que os homens. A situação, muitas vezes,
força a tomada de novas atitudes. “É muito comum que, diante dessas situações,
elas acabem optando por retornar ao lar para cuidar da casa e dos filhos”,
explica Ana Paula Escorsin, psicoterapeuta e docente do curso de Gestão de
Pessoas do Centro Universitário Internacional Uninter.
Além da opção
financeira por corte de gastos, a professora explica que o fator cultural ainda
representa um forte impedimento para a entrada da mulher no mercado de
trabalho. Alguns empregadores desconsideram contratar uma mulher por
considerá-la menos capaz ou disponível do que um homem, principalmente quando
tem filhos. “A empresa tende a pensar logo em faltas e baixa produtividade, mas
não em ampliar sua carteira de benefícios com creche, flexibilidade de horário,
entre outros benefícios para o funcionário”, pontua a professora.
Outra forma de
desmerecimento do trabalho das mulheres é demonstrada pelos salários. Também
segundo dados do IBGE, entre 2012 e 2016 as mulheres ganhavam 75% do salário
dos homens pela mesma função exercida (Estatísticas de Gênero – Indicadores
sociais das mulheres no Brasil).
Para mudar esse
cenário, a professora sugere uma mudança na cultura empresarial brasileira. “É
necessário melhorar a capacitação dos dirigentes para que compreendam que seus
estabelecimentos são constituídos por pessoas e não apenas por máquinas”,
defende.
Mulheres chefiam os
lares
Mesmo com mais
empecilhos na busca por emprego, o contingente de lares em que as mulheres
tomam as principais decisões mais do que dobrou em 14 anos. Passou de 14,1
milhões, em 2001, para 28,9 milhões, em 2015, o que representa alta de 105%,
segundo estudo coordenado pela Escola Nacional de Seguros. Por isso, é
importante a mudança no cenário empregatício.
“Para as mulheres que
estão desempregadas, recomendo que persistam na procura de espaços de trabalho
que valorizem seus currículos e enxerguem seu potencial a partir de suas
experiências e competências”, incentiva Ana Paula. “Mesmo em menor escala,
espaços de trabalho existem”.