Hino Nacional exalta natureza e descreve a bravura do brasileiro na conquista da liberdade




No primeiro centenário da Independência do Brasil, em 7 de setembro, foi oficializado o Hino Nacional Brasileiro. A letra é de Joaquim Osório Duque Estrada e a música de Francisco Manuel da Silva. Mesmo com texto rebuscado, complexo e que exige esforço para ser entendido, o Hino ainda desperta curiosidade e não deixa de ser motivo de orgulho para os brasileiros. A explicação para essa linguagem vem do professor de português e lexicógrafo da Academia Brasileira de Letras (ABL), Cláudio Mello Sobrinho, que atribui tal forma as influências do romantismo e parnasianismo – movimento que teve origem na França, no século XIX, e fazia oposição ao sentimentalismo exagerado. O estilo literário representou na poesia o espírito positivista e científico da época. Entre as características do parnasianismo, estão o respeito às regras de versific ação, o preciosismo rítmico e rimas raras. De acordo com o professor Cláudio, o autor do Hino revelou na letra os dois estilos.

“O Duque Estrada, ele é um poeta da época do romantismo, e que já tinha algumas influências do parnasiano, o que reflete bem a letra do Hino Nacional, né, que ela é toda invertida, cheias de imagens que remetem não só para o período romântico, de descrição da natureza e ao mesmo tempo uma sintaxe extremamente elaborada que seria bem próxima do que seriam os parnasianos e outros poemas dele estão exatamente dentro dessa mesma linha, não é.”

Para o professor, são muitas as preciosidades que podem ser descobertas na letra do hino nacional. Ele comenta alguns trechos.

Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do novo mundo! (...)

“Então, o Brasil nesse caso é comparado a um florão, o florão é uma imagem que fica principalmente nas arquiteturas de uma flor, de uma pétala, assim, que você estampa na face de um prédio imponente, né. Então, o Brasil seria esse florão para a América toda, ele seria esse símbolo, essa flor enorme.”

Brasil, de amor eterno seja símbolo, O lábaro que ostentas estrelado. E diga o verde-louro desta flâmula (...)

“O lábaro é a bandeira, né, a bandeira do Brasil, no centro dela é azul, que representa o céu, e as estrelas, segundo consta seria o céu do dia da proclamação da república. Então, o lábaro é a bandeira, ou seja, a bandeira do Brasil ostenta o céu estrelado, né. E diga o verde louro dessa flâmula, ou seja, que ele diga que haja paz no futuro e glória no passado. Quer dizer, é um pedido, um desejo de que ele sempre sugira a ideia de uma paz no futuro e de uma glória passada. Essa seria a ideia, a bandeira do Brasil ostenta o céu do Brasil estrelado e a flâmula garante uma ideia de futuro pacífico e uma ideia de glória no passado, um passado do qual as pessoas se vangloriariam, se orgulhariam e um futuro sempre de muita paz.”

O povo brasileiro costuma se emocionar ao ouvir o Hino Nacional, a letra além de remeter as belezas naturais do país, fala também da coragem do brasileiro, conforme comenta também o professor.

“O Hino Nacional, na verdade, ele está muito voltado para uma visão e um elogio da natureza brasileira. Agora, ao mesmo tempo, ele parte da ideia da proclamação, do grito da independência, ele descreve uma bravura em que as pessoas conquistaram a liberdade com braço forte, ou seja, na luta, né. Ee jura que vai lutar até a morte se for necessário para manter essa liberdade, ou seja, essa igualdade de oportunidades que estariam aí presentes na mensagem, não é, basicamente são coisas dessa natureza.”

* Colaboração Ministério da Educação