Para reforçar a
importância do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, lembrado em todo o mundo
neste dia 10 de setembro, o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência
(HMUE) promove uma agenda de ações ao longo da semana para orientar pacientes e
acompanhantes a identificar potenciais sintomas, e colaboradores assistenciais
para o adequado manejo em casos de atentados contra a própria vida, situações
frequentes em unidades de emergência.
A programação do
Setembro Amarelo, como é chamada a campanha de conscientização sobre o tema que
acontece mundialmente ao longo deste mês, inclui rodas de conversa e mostras de
vídeos para acompanhantes e colaboradores.
De acordo com a
coordenadora de Psicossocial, Jucielem Farias, o objetivo é levantar a
discussão sobre o tema, tão estigmatizado. "Aos usuários buscamos
apresentar sinais e comportamentos de pessoas em risco de suicídio e os locais
para pedir auxílio no Sistema Único de Saúde (SUS). Já para os colaboradores
assistenciais, a importância de uma ação preventiva nos momentos seguintes após
a tentativa para que o paciente não volte a se arriscar", afirmou
Jucielem.
Entre os públicos
sensibilizados estava Maria Joana de Sousa, que foi visitar o filho internado
após um acidente. Para ela, é preciso falar sobre saúde mental "Estar
sozinho é pior, mas tem vezes que a pessoa prefere ficar longe dos outros. Quem
está por perto precisa ouvir, dar força, entender o outro e não achar que é
loucura. Eu me cuido", ressaltou.
Para a psicóloga
Natália Marçal, o ambiente hospitalar também exige desafios. "É uma dor que
não é visível, diferente de um machucado que você vai lá e trata. Mas não
significa que as pessoas não estão em sofrimento, também estão adoecidas e
precisam da nossa ajuda", alertou. Ela explicou que o SUS prioriza a
integralidade do paciente, que não é só corpo pois aspectos emocionais precisam
ser considerados - e investigados para evitar a perda da vida.
Números - A Organização
Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório que aponta que uma pessoa se
suicida a cada 40 segundos em todo o mundo e para cada concretização, são
realizadas em média três tentativas. Elas aparecem em ocorrências como quedas
(e fraturas), lesões autoprovocadas por objetos cortantes e armas de fogo,
enforcamento, envenenamento e atropelamentos propositais.
"O atendimento
acolhedor aumenta as chances de prevenção. As causas são multifatoriais e podem
estar relacionados a transtornos psiquiátricos (esquizofrenia, depressão,
dependência química etc) ou a aspectos ambientais como vulnerabilidade social e
desemprego, aliados às características da personalidade - a que planeja ou que
é impulsiva, que vai para o tudo ou nada", continuou Natália.
Para quem atua na área
da saúde o desafio é romper com preconceitos. Há um choque de percepção quando
se tenta proteger vidas diariamente e se depara com pacientes que querem
exatamente acabar com as próprias. "É preciso avaliar na prática. O
paciente às vezes sente tanta dor que ele prefere morrer do que continuar
sentindo aquilo. A equipe assistencial deve estar atenta, para quem tem baixo risco
de suicídio, que tenta uma vez mas não pretende continuar, até o mais alto,
aquele que independente do que se diga, está determinado. Nestes casos, a
vigilância é constante", explicou a psicóloga.