Agência Brasil - Rio de Janeiro
Os clientes de planos de saúde
registraram 4.701 queixas relacionadas à pandemia do novo coronavírus na
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), entre o ínicio de março e o dia 15
de junho. O dado faz parte da segunda edição do Boletim Covid-19, divulgado
hoje (22) pela agência reguladora.
Entre as queixas, 36% dizem respeito a
exames e tratamento da doença e 43% reclamavam de outras assistências afetadas
pela pandemia. Outros 21% foram sobre temas não assistenciais, como contratos
ou regulamentos.
As reclamações sobre dificuldades no
tratamento ou exames de covid-19 seguem em trajetória de aumento desde abril.
Na primeira quinzena de junho, foram 452 queixas, contra 352 na segunda
quinzena de maio e 317 nos primeiros 15 dias de maio.
A ANS diz que os dados informam apenas o
número de relatos dos consumidores e não incluem qualquer análise de mérito
sobre possíveis infrações nos serviços oferecidos.
O número total de reclamações recebidas
pela agência em abril e maio de 2020 ficou abaixo dos mesmos meses de 2019.
Segundo a ANS, foram 9.138 queixas em maio deste ano, contra 10.186 no ano
passado.
Em janeiro, fevereiro e março, 2020
superou o número de reclamações do ano passado. A maior diferença foi no
primeiro mês do ano, quando foram registradas 15.102 ocorrências, contra 9.661
no mesmo período do ano passado.
Internações
O boletim da ANS também informa dados
sobre tempo e custo de internação de pacientes por covid-19 na saúde
suplementar. Para esses dados, a agência decidiu usar uma mediana em vez de uma
média simples. Segundo a agência, "a mudança foi feita por ser a mediana
mais adequada quando há dados discrepantes – natural em virtude da grande
heterogeneidade do setor –, evitando que valores destoantes interfiram no
resultado da análise".
O boletim diz que a mediana de dias de
internação na UTI por covid-19 passou de 10,9 dias em abril para 12 dias em
maio, o que elevou o custo por internação de R$ 40.477,00 para R$ 48.150,00
Também contribuiu o encarecimento da diária de internação, que subiu de R$
3.714,00 para R$ 4.013,00.
Nos leitos comuns, a mediana de dias de
internação também subiu, de 5,1 para 5,8 dias. O custo por diária aumentou de R$
1.611,00 para R$ 1.808,00, e o custo total por internação, de R$ 8.133,00 para
10.393,00.
Os dados consideram informações
prestadas por 50 operadoras de planos de saúde que têm hospitais próprios.
Segundo essas operadoras, os leitos para covid-19 registraram 61% de ocupação
em maio, se considerados leitos comuns e de UTI. Em abril, o percentual de
ocupação foi de 45%. Para os demais procedimentos, também houve alta na
ocupação, de 54% em abril para 61% e maio. O percentual continua abaixo de
fevereiro, quando a ocupação de leitos para procedimentos não relacionados à
covid-19 era de 69%. A ocupação geral de leitos nos hospitais dessas 50
operadoras também ficou abaixo dos 76% registrados em maio de 2019.
Inadimplência
A agência reguladora também informou no
boletim que a inadimplência teve alta no mês de maio. Nos planos familiares, o
percentual de clientes que não quitaram o valor contratado subiu de 12% para
15%. Já nos planos coletivos, a média subiu de 6% para 8%. Se considerados os
dois grupos, a inadimplência geral foi de 9% para 11%.
Assim como nas internações, a ANS
utilizou medianas para calcular os percentuais, de modo a reduzir o impacto dos
dados mais discrepantes da média. Os dados de inadimplência incluem 102
operadoras, que reúnem 74% dos beneficiários.