Sindtran cobra investigação do TCE sobre contratos do Detran


Duas denúncias de irregularidades em contratos de serviços terceirizados no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) foram formalizadas junto ao Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE-PA) pelo Sindicato dos Trabalhadores de Trânsito do Estado do Pará (Sindtran). A presidente do TCE, conselheira Lourdes Lima, recebeu o presidente sindical Élison Oliveira, em audiência na manhã desta segunda-feira, 09/07, para tratar das denúncias sobre o contrato de R$ 2 milhões para a prestação de serviços de impressão e também a nomeação de gerentes de Circunscrições Regionais de Trânsito (Ciretrans) que não possuem unidades instaladas e em funcionamento no interior do estado.

O sindicalista denunciou que o montante de contratos de terceirização celebrados recentemente pelo Detran soma 370 milhões dentre o orçamento anual de R$ 430 milhões, contratos esses que possibilitam a entrada de funcionários terceirados na autarquia, enquanto o órgão está há dez anos sem concurso público, acumulando o déficit de 800 cargos vagos.

O Contrato 53/2014 celebrado em 13 de novembro de 2015, entre o Detran e a Reprimig Representação e Comércio de Minas Gerais Ltda, possibilitou a compra de 280 impressoras ao valor de R$ 557 mil. "Os equipamentos foram entregues ao longo de dois anos, sendo distribuídos entre as seis unidades da capital e as 48 existentes no interior do estado. Mas, em dezembro do ano passado, o Detran pôs as impressoras de lado e celebrou o contrato de aluguel de impressoras por R$ 2 milhões", contou Élison. 

O Contrato a que ele se refere é o 103/2017, celebrado em 27 de dezembro de 2017, entre o Detran e a Tecnoset Informática Produtos e Serviços Ltda, que se destina a locação de 294 equipamentos de informática com prestação de serviços de reprografia, com validade de 12 meses, ou seja, viabilizando o pagamento mensal no valor exorbitante de R$ 169.050,00.

E sobre o caso dos gerentes de Ciretrans nomeados aos municípios de Marituba, Igarapé-Miri, Novo Repartimento e Rurópolis, Élison explicou que as referidas unidades não possuem sede instalada e nem corpo funcional e, por isso, não prestam atendimento à população. "É como nomear diretor de escola sem haver escola", comparou. No entanto, os gerentes que detém cargo de Direção e Assessoramento Superior (DAS) com salário médio de R$ 3,5 mil, recebem vultosas diárias por viagens realizadas em carros oficiais com combustível custeado pelo estado.

A presidente do TCE-PA disse que vai apurar as denúncias. "O TCE vem recomendando a todos os órgãos e entidades públicas para realizar  concurso público. Já a terceirização, é permitida, mas há limites legais", destacou.

O Sindtran formalizou essas mesmas denúncias com pedidos de apuração junto ao Ministério Público do Estado (MPE-PA), além de outras, que somam 22 representações somente no MPE dando conta de irregularidades no Detran que merecem investigação.