Biometeorologia Estatística: Pesquisas investigam os efeitos do clima na saúde humana



Área aplicada da Meteorologia que estuda a relação entre as condições atmosféricas e os seres vivos do planeta, a Biometeorologia é o eixo central de pesquisas desenvolvidas por alunos de graduação da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Coordenado pela professora Ana Carla dos Santos Gomes, do curso de Ciências Atmosféricas do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG), o projeto “Biometeorologia Estatística: Análise dos modos da variabilidade sazonal da região do Oeste do Pará e seus efeitos na saúde” tem por objetivo entender como as condições climáticas afetam a saúde humana.

Criado em 2017, o projeto integra o grupo de pesquisa “Ciências Atmosféricas na Amazônia”, cadastrado no CNPq, que estuda as interações da atmosférica na Amazônia, incluindo desde a análise de nuvens e o comportamento da floresta, previsão do tempo, climatologia e questões relacionadas à influência do clima em diversos setores. “O nosso projeto trabalha especificamente com a vertente da biometeorologia humana. Buscamos compreender a relação entre condições climáticas, conforto térmico e a saúde da população”, explica.

“Estamos interessados em entender como é que o comportamento climático afeta as doenças, sejam elas respiratórias, cardiovasculares e infecciosas”, explica Ana Carla dos Santos Gomes. “Algumas de nossas publicações envolvem resultados sobre o impacto do clima sobre doenças como a asma, a hipertensão, o infarto agudo do miocárdio, bronquite, entre outras”.

Para a docente, a questão da saúde envolvendo o clima é tão presente que é possível perceber, por exemplo, que a venda de determinados medicamentos é sazonal. “Isso é um indicativo de que a quantidade de chuvas ou a alteração nos valores da temperatura do ar atingem diferentes áreas e, por isso, é tão importante estudos climáticos clássicos como os ligados à previsão do tempo, como os aplicados relacionados à economia, agricultura, e principalmente à saúde”, explica.

Para a docente, as pesquisas na área contribuem para informar a sociedade e os gestores públicos a respeito dos períodos do ano que terão os maiores índices de ocorrência das doenças investigadas relacionadas ao clima, incentivando assim a prevenção e o planejamento das ações de atendimento dos doentes. “É possível falar para a população sobre os cuidados com a saúde, visando prevenir o aumento dessas doenças”.

O grupo é formado por alunos de graduação do bacharelado interdisciplinar de Ciências da Terra e dos cursos de Ciências Atmosféricas, Geologia e Geofísica. “Como a relação existente entre as condições atmosféricas e as internações não ocorre de forma direta, os alunos envolvidos precisam ter conhecimento de técnicas estatísticas robustas, as que irão permitir ajustar essa associação, uma vez que não é tão simples, numericamente, relacionar clima e saúde”.

O projeto conta com a parceria do Instituto de Saúde Coletiva (Isco), por meio da participação de alunos de graduação dos cursos de Farmácia e do bacharelado interdisciplinar em Saúde Coletiva. “Esses alunos já trazem na bagagem um conhecimento mais detalhado da área de saúde, o que é de extrema importância, pois, além de ser compartilhado junto aos alunos do IEG, enriquece nossas pesquisas”.

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